Cunha e Silva Filho



                              Quem diria nesses tempos de furor da Natureza-Mãe, como se não bastassem os prejuízos materiais e de vida ceifadas devido ao excesso das chuvas torrenciais no Brasil e no mundo, agora vem a notícia mais recente, desta vez de uma distante ilha da Terra que aloja um país sinônimo de frio, a Islândia. Um vulcão de lá, entre as geleiras e o calor intenso vindo das profundezas do seu interior, de repente irrompe de sua cratera, a céu aberto, lavas e cinzas ascendendo estas a quilômetros de altitude de tal sorte a causarem transtornos, escurecendo e, o que é pior, poluindo os céus.

                             Suas cinzas se espelham pelo ar e vão contaminando o espaço. Sua erupção se deu na quarta-feira desta semana provocando colapso do tráfego  aéreo em toda a Europa e com efeitos secundários em outras continentes. O vulcão se esconde sob a geleira Eyjfjallajokull (que nome difícil!). 
                           Não está descartada a hipótese de que o mesmo vulcão possa desencadear a erupção de outro vulcão na mesma ilha e situado bem perto daquela geleira Só nos resta rezarmos para que tal fato não ocorra. Só esse vulcão foi suficiente para trazer inúmeros problemas à vida das pessoas que, em todo o mundo, precisam do avião para suas diversas necessidades: turismo, negócios, estudos, férias, tratamento de saúde em outros países etc.
                          Lá vem a erupção atropelando todos os planos, atrasando viagens, cancelando viagens, dando prejuízos financeiros tanto a alguns passageiros quanto às companhias aéreas. Como esse movimento se conta em milhões de seres humanos, os problemas se multiplicam e põem a nu as fragilidades a que estão sujeitos os indivíduos em todo o mundo.

                         Somos, pois, reféns da intempéries, dos humores da natureza e pouco podemos contra ela. O mais que podemos fazer é, como afirmou um funcionário da aviação, ouvido pelo rádio, é ter boa dose de paciência. Sobretudo porque, se os aeroplanos teimassem em decolar, as suas turbinas seriam presas fáceis dos componentes das cinzas que poderiam danificá-las e pôr em risco a vida dos passageiros e da tripulação. Mesmo assim, aviões ousaram voar protegendo as aberturas da turbinas.
                       As cinzas do vulcão nas alturas do espaço, vistas na TV, me lembraram cogumelos gigantescos parecidos com aqueles que se seguem a uma explosão de bomba atômica. Deus nos livre! 
                       De acordo com os especialistas em vulcão, essa erupção que está ocorrendo pode ainda se manter por dias, o que redundaria em mais sérios problemas para o transporte aéreo mundial, com enormes prejuízos para as empresas desse ramo de atividade. E mais: segundo o geólogo brasileiro, Sérgio Brandolise Citroni, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) caso a nuvem baixe, a saúde das pessoas pode sofrer danos causados pela sílica, ou seja, “parte sólida da poeira vulcânica”. Se ela se unir à umidade do ar, surgem pequenos grãos que, inalados, provocam uma doença, a silicose. Em sua manifestação extrema, reduz a capacidade pulmonar e, por sua vez,, diminui a oxigenação do sangue, salienta o  geólogo. Além desses efeitos negativas, as cinzas de nuvens também podem prejudicar a agricultura, a água da Islândia, com reflexos na alimentação e, em nível global de poluição, pode ainda piorar o efeito estufa.
                    Um repórter definiu muito bem o caos instalado pelo colapso aéreo: de repente, a Europa se vê privada do seu mais importante meio de transporte – o aéreo– e como que se transporta ao passado antes da invenção do avião. Os passageiros, diante desse descalabro. voltam-se para o uso dos trens, de navios e mesmo do veículos motorizados. Passageiros aos milhares, milhares de voos cancelados. Aeroportos lotados de passageiros desesperados, frustrados, preocupados, doidos para voltarem a seus destinos.
                  Reflexão final: somos, nos dias que correm, frágeis seres a todo instante dependentes dos acidentes da natureza. Nada podemos, portanto, contra os imperativos dessas múltiplas forças colossais. Fazem parte da criação do Universo, cuja origem ainda constitui  um enigma para os sábios senhores da Terra.