[Flávio Bittencourt]

Filatelia: a questão das falsificações de selos postais

Renato Amaral Machado escreve sobre Jean de Sperati, o falsificador de selos raros.

 

 

 

 

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

EM 1983, EM MADRI, ESPANHA, HOUVE UMA EXPOSIÇÃO

PARAFILATÉLICA ABSOLUTAMENTE SENSACIONAL,

CUJA ESTRELA PRINCIPAL FOI O FALSIFICADOR JEAN DE SPERATI

 

 

 

 

 

  

 

 

 

 

"JEAN DE SPERATI FOI CHAMADO POR

SUA BIÓGRAFA, LUCETTE BLANC-GIRARDET 

DE O homem que copiava os selos"

(COLUNA "Recontando...")

 

 

 

 

"GÊNIO DO MAL É O PERSONAGEM DR. SILVANA,

MAS ARTISTA-GRÁFICO-GÊNIO-DO-MAL É O FALSIFICADOR

JEAN DE SPERATI, SOBRE CUJA VIDA L. BLANC-GIRARDET

ESCREVEU UM LIVRO, QUE É AVIDAMENTE PROCURADO

POR FILATELISTAS E PESQUISADORES DE HISTÓRIA

POSTAL DO MUNDO INTEIRO"

(COLUNA "Recontando...")

 

 

 

 

BIOGRAFIA DE SPERATI (em francês), POR LUCETTE BLANC-GIRARDET: Jean de Sperati : L'homme qui copiait les timbres

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(http://www.amazon.fr/Jean-Sperati-Lhomme-copiait-timbres/dp/2951969104)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

"(...) Possibly unique Tasmania £1 "Tablet" Sperati.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

The only copy of this forgery I [EU, GLEN STEPHENS] have seen.


As a shameless plug, I'll mention that [EU (GLEN STEPHENS, AUTOR DO ARTIGO) MENCIONAREI QUE] I have in stock the Sperati forgery of the Tasmania £1 1892 green and gold Queen Victoria "Tablet" issue. It is “used” with a genuine circular cancel "Hobart Tasmania APR - 1901", and is the ONLY example of this stamp ever seen by myself or most large dealers I have mentioned it to.

This exact stamp I have in stock is illustrated in the BPA superb book on the Sperati forgeries, and the Harold Bynoff-Smith Forgeries volume. It is believed to have been a “one-off" attempt and Sperati it seems abandoned the idea of making more copies, after this absolute perfectionist decided he could not 100% accurately colour match the “real thing”.

The stamp is back-stamped with the violet BPA horseshoe: "Sperati - Reproduction" and is reference stamp numbered "169" also on reverse. The stamp is also signed/autographed in pencil diagonally on reverse - "Jean Sperati." The appearance and centering is most attractive.

I bought it years ago when Bynoff-Smith dispersed his collection, and had "lost" it for years in my 3 stories of junk here. It only surfaced this week - almost got tossed into a junk box along with some 1980s FDC actually! Some things are better misplaced, especially things in the high end of Australian stamps, as the market is red hot for these now, as recent magazines have outlined.


I had no real idea on how to price it. Gary Watson's Prestige Philately in Melbourne auctioned a normal used £2 Sperati Kangaroo for over $4,000 on 24 January 2004 as mentioned above. Dozens of those exist. The possibly unique Tasmania £1 might well be a $10,000 hammer item the way Prestige Philately is setting records lately, but I almost never auction anything.

I settled on the same price the Sperati £2 Roo just sold for, and for a possibly unique Sperati, think that is a pretty sensible level. I have an extra large scan of this stamp on my website: www.glenstephens.com/sperati.html  for anyone who wants to admire the superb attention to detail of the fine reproduction work this master produced. (...)"

(GLEN STEPHENS,

trecho do artigo - em inglês - intitulado

"Renewed interest in Sperati forgeries",

http://www.glenstephens.com/snapril04.html)

 

 

 

 

"On January 24 in Melbourne, Prestige Philately sold a "used" Sperati forgery of the £2 Kangaroo for over $4,000. (...)"

(GLEN STEPHENS, idem [DUAS PRIMEIRAS LINHAS DO TEXTO])
 

 

 

 

"SE JEAN DE SPERATI VENDIA SELOS USADOS (obliterados, carimbados,

"efetivamente circulados em correspondência que um Correio nacional

terá levado ao destinatário"), O FAMOSO FALSIFICADOR DE

PEÇAS FILATÉLICAS RARAS TAMBÉM CRIAVA CARIMBOS QUE

(antes) não existiram! (*risos*)"

(COLUNA "Recontando estórias do domínio público")

 

 

 

 

"SE VOCÊ USAR EM SEUS ÓCULOS, caro filatelista, UMA LENTE DE AUMENTO

QUE FICA PRESA AO ARO, evite aparecer com isso em clubes filatélicos OU VOCÊ

SERÁ IMEDIATAMENTE APELIDADO DE Jean de Sperati"

(IDEM)

 

 

 

 

 

                       OBRIGADO, RENATO AMARAL MACHADO!

 

 

 

17.6.2011 - Em matéria de falsificar selos raros, JEAN DE SPERATI era O CARA - Mas aqui ninguém vai fazer o culto à personalidade de bandido! (*rs*)  (Essa fábula verídica é amoral, uma vez que, no fim de sua vida, em vez de ir em cana [SER CONDENADO À PENA DE PRISÃO], o antiartista Sperati - que era um espécie de mestre do mal - passou a usufruir, sossegadamente, uma não-merecida aposentadoria.)  F. A. L. Bittencourt ([email protected])

   

 

RENATO AMARAL MACHADO,

DO CLUBE FILATÉLICO DO BRASIL (RIO, BRASIL),

ESCREVEU:

 

C. F. B. / ARTIGOS - História Postal Mundial

 

"JEAN SPERATI, O FALSIFICADOR
por Renato Amaral Machado.

 

O grande ator francês, Sacha Guitry realizou, há cerca de 50 anos, uma saborosa comédia, narrando o que seria a vida aventuresca de um jogador fadado à falcatrua. Os fatos se sucediam de maneira tal, que a todo momento se via ele diante de uma oportunidade imperdível para aplicar um de seu golpes, de profissional inescrupuloso. A própria vida, ele a devia a uma feia traquinada: ainda menino surripiara alguns níqueis dos pais; como castigo, foi privado de comer cogumelos ao jantar; as plantas eram venenosas e toda a família morre, escapando, apenas, ele que, graças à punição pelo furto das moedas, restou incólume.

Este romance dum trapaceiro, muito lembra a história de Sperati. Como bem observou Oscar Wilde: a vida imita a arte. Também ele parece ter sido conduzido, desde o berço, para a senda do crime.

Ao contrário do que muitos pensam, não se chamava Jean e nem era francês, embora a França tenha sido sua morada de eleição e palco de suas famosas falsificações. Seu nome era Giovanni. Italiano, filho de uma família na qual a honrabilidade não era a regra. Quando seu irmão mais velho foi condenado pela justiça de seu país por negociar selos falsificados, talvez já de autoria do habilidoso Giovanni, emigrou para Paris, onde instalaria seu laboratório.

Outro irmão era dono de "atelier" de fotografia, e um primo, cuja atividade consistia em moer papel servido para fornecer matéria-prima à indústria, constituiam o resto da família. Ele mesmo, em menino, era colecionador de selos e estudioso de química. Completa-se, assim, a conjuntura das circunstâncias que levariam Sperati às rotas mais audazes da falsificação.

Desde a mais tenra idade viveu ele cercado de fatos e pessoas marcadamente favoráveis à burla. Filatelista, químico amador, dotado de pendores artísticos, habilidoso artesão, um irmão fotógrafo e outro comerciante de selos para coleção, além de um primo conhecedor do fabrico de papel, está completo o cenário para a "confecção doméstica de raridades filatélicas". Ao transferir-se para Paris, traduziu seu prenome e acrescentou-lhe um "de" para se dar ares de nobreza, revelando não ser indene à vaidade. Ao contrário, sempre se revelou "senhor de si", amante da auto-promoção e orgulhoso de sua técnica que preferia qualificar de arte, tanto assim que denominou de "Filatelia de Arte", os álbuns de alguns de seus falsos, quando os vendeu para levantar fundos destinados ao pagamento de multa imposta em processo a que, por suas atividades dolosas, respondeu por iniciativa da Câmara Sindical dos Negociantes de Selos Postais. Segundo Sperati, essas coletâneas de "sua arte" destinar-se-iam aos peritos para que eles ali "estudassem e aprendessem, sem mais se enganarem". Era a ironia do falsário cujo alvo foi sempre o "expert" em filatelia cuja desmoralização parece ter sido, sempre, o objetivo se não maior, o mais ostensivo do habilíssimo falsificador.

Essa preocupação obsessiva de desacreditar os peritos adviria - segundo se diz - de trauma causado ao jovem colecionador que fora Sperati, ao haver aplicado parcela substancial de suas escassas economias na compra de um raro selo, com garantia de autenticidade de acatado "expert", o qual viria a se comprovar falso, causando ao jovem Sperati prejuízo e descrença no conhecimento dos que pontificavam conhecimentos inexistentes na matéria tão crítica da manipulação e fabrico de "raridades".

Essa versão, se não criada pelo próprio, certamente, foi por ele agasalhada e cultivada. Servia-lhe, a preceito, como justificativa para as práticas criminosas a que se dava e das quais vivia ao que parece, até com largueza. Emprestava-lhe imagem simpática de Robin Hood filatélico, ou talvez mais identificado com aquele Frei Tuck que, uma vez vítima do bando de salteadores, deixa-se seduzir pelos líricos ideais destes, a eles adere, fazendo-se um dos mais ativos e extremados dos seus.

Em Paris, Sperati, por cerca de 20 anos, exerceu, sem ser importunado, sua prolífera atividade de falsário, imitando selos raros de quase todos os países, não só da Europa, como da América e África. Por serem litografados e, pois, fáceis de imitar, os das primeiras emissões do Uruguai foram quase todos falsificados. Do Brasil foram muito poucos os selos produzidos por Sperati. A ele atribuídos, até hoje, vimos, apenas dois "olhos de boi", um 60 réis (cópia razoável) e um 90 rs (inconvincente), podendo, entretanto, ter havido mais selos das duas primeiras emissões imperiais por ele lançados ao mercado. De outros, nunca ouvimos falar. Segundo a British Philatelic Association, apenas, doís selos do Brasil, foram alvo da "arte" do falsificador: o 60 e o 90 réis "olhos de boi". O certo é que devem ter sido os únicos encontrados em seu acervo quando a B.P.A. o adquiriu. O primeiro foi imitado tanto novo como usado e o segundo, somente, usado. O processo usado foi a fotolitografia pelo que, embora o desenho se apresente razoável, a impressão não convence, uma vez que os originais são gravados e, portanto, têm o relevo típico do método, enquanto a imitação feita em litografia se apresenta lisa. O papel usado é duro e branco ou pardacento e a goma aplicada no 60 réis é amarelada.

No 60 réis os carimbos imitados foram: "PELOTAS", (P. Aires 1162), VITORIA (P.Aires l183), MACEIÓ (P.A.1344) e Correio Geral da Corte (P.Aires 1608) todos tanto em preto, como em vermelho. As datas dos carimbos C.G.C. são 30/8, 4/9 e 14/9 de 1844 e 6/3 e 28/7 de 1845.

Todos os exemplares do 90 réis apresentam o mesmo carimbo, Correio Geral da Corte (incompleto), datado de 2 de abril de 1844, sempre aposto na mesma posição (canto inferior esquerdo), levando a concluir que foi uma só a falsificação feita.

A impressão do 60 réis é melhor do que a do 90 que apresenta aspecto de chapa gasta. As falhas no sombreado dos algarismos são os indícios mais evidentes para denunciar as falsificações. Estas parecem ser as únicas investidas de Sperati sobre filatelia brasileira, embora haja quem lhe atribua, também, haver tentado falsificar os altos valores inclinados. Os falsos destes últimos que temos visto, parecem-nos atribuíveis a Fournier e não a Sperati. Da América do Sul, parece terem sido poucos os selos por ele imitados, o que talvez se deva ao reduzido interesse desses países no colecionismo de então. Ao que dizem os conhecedores de sua obra nefasta, somente alguns clássicos da Argentina (Buenos Ayres) e da Bolívia também foram falsificados.

Em compensação, poucos foram os países da Europa a não serem alvo de sua hábil e duradoura ação fraudulenta. Quase cem países tiveram selos imitados. Obviamente, a França foi um dos mais atingidos. Outrossim, a Suíça, os antigos estados alemães e italianos. Mas Sperati não se limitou à falsificação dos selos. Buscando dar realismo e convencimento ao seu produto, ele falsificou ou adulterou, também, e com bastante verossimilhança, carimbos, marcas postais e quantos complementos poderiam contribuir para emprestar credibilidade a sua manufatura, ou "trabalho artístico", como preferia ele qualificá-la. A verdade é que havendo, ao longo de quase 50 anos de atividade criminosa, produzindo muitos milhares de selos falsos (mais de cem mil, segundo fontes autorizadas), suas falsificações, até hoje circulam no mercado e têm aceitação, alcançando, em alguns casos, preços não desprezíveis, como ocorre com 1 franco vermelhão (7 do Catálogo Yvert), cuja cotação excede aos US$ 500, sobretudo quando assinados pelo próprio Sperati. O "tête-bèche" do 20 centimes, efígie de Napoleão, de 1853 (#14 do catálogo Yvert), é bem disputado nos leilões, parecendo serem bem poucas as peças falsificadas desse clássico da filatelia. Cremos que se contarão pelos dedos os exemplares, ainda, em trânsito no mercado.

Depois de sua longa e proveitosa estada na capital, mudou-se para o aprazível Aix-les-Bains, onde prosseguiria, pelo menos por outros vinte anos, na sua atividade fraudulenta, até que um rico acordo feito com a British Philatelic Association o faz aposentar-se, entregando todo seu estoque e material usado nas falsificações àquela entidade contra o pagamento de uma soma expressiva, mas não revelada, de dinheiro. A impunidade de que desfrutou Sperati, durante mais de 40 anos na trilha do crime se deveu ao fato de a lei francesa não sancionar a falsificação de selos para coleção. Só a falsificação de moeda ou de valores correntes era crime definido no código. Houvesse ele tentado a falsificação de selos novos, com valor de franquia, lesando o Correio, seria passível de pena, mas ao imitar selos já usados e desmonetizados, não estava incidindo em crime algum e é universal princípio de direito não haver crime sem lei anterior que o defina. Também, a lei italiana não contemplava a falsificação de peças filatélicas e, por isso, o irmão de Sperati que havia sido, inicialmente, condenado pela prática, terminaria absolvido em grau de recurso por: "ausência de delito".

O conhecimento desse fato deu-lhe a tranqüilidade de manter-se impune e levou Sperati a admitir ser o autor das imitações por ele chamadas "peças de arte", sendo de recordar, a propósito, um episódio que se tornaria famoso e que atingiu as raias do ridículo: durante a guerra, com a queda da França, a filatelia, praticamente, desapareceu; Sperati vendo estreitar-se o seu mercado, parece ter querido conquistar novos e voltou seus olhos para Portugal, então refúgio de reis destronados e milionários receosos. Uma remessa de selos por ele feita a um negociante de Lisboa foi apreendida pela alfândega francesa. Enquanto o destinatário nada soube, o remetente afirmava serem as peças imitações, sem maior valor. A perplexidade tomou conta das autoridades aduaneiras que, sem saber o que fazer, resolveram fazê-los periciar. O tribunal nomeia um de seus peritos mais acatados para a tarefa e aí vem o pitoresco do episódio: de um lado, Sperati diz: são imitações, fui eu quem as fez, de outro lado, o "expert" proclama: sã o selos verdadeiros... "vaudeville" ou teatro do absurdo? Um segundo perito é designado e este, mais competente ou mais prudente, dá razão a Sperati e o assunto morre sem maiores conseqüências, não sem deixar para o falsário um saldo positivo, pois além de ter ele sabido capitalizar bem o episódio para sua promoção pessoal, ainda, pode regozijar- se com o descrédito do primeiro "técnico", cujo laudo terminara desmoralizado.

Entretanto, a impunidade não duraria para sempre. Numa decisão inteligente, o sindicato dos negociantes franceses, decidiu processar Sperati não por falsificar selos, mas por estelionato, uma vez que suas imitações induziam os colecionadores em erro, causando-lhes prejuízos, enquanto o falsificador se locupletava à custa daqueles enganados por suas manipulações fraudulentas. Este processo não teria final feliz para Sperati, pois terminaria condenado ao pagamento de pesada multa e a uma pena de prisão que, parece, não chegaria a cumprir. Foi para pagar essa multa que idealizou vender selos por ele fabricados, em álbuns que, ironicamente, denominou "Philatélie d'Art", oferecendo-os aos peritos para que estes não mais errassem. Segundo uns, esse processo teria arruinado Sperati, mas segundo outros teria servido, mais para aumentar o seu faturamento com a comercialização dos excedentes de seu estoque.

Se o falsário saiu com as finanças combalidas, como querem alguns, essa crise não duraria muito, pois pouco tempo depois, celebraria ele o acordo pelo qual transferiu seu acervo à BPA, em troca dum montante que lhe permitiria viver em abastança seus últimos anos. Vê-se que, ao contrário da assertiva popularizada, o crime, às vezes, compensa e, no caso de nosso Sperati, até muito, pois permitiu-lhe longa vida bem tranqüila, se não próspera, ensejando-lhe, ainda, notoriedade que não o desagradava e o prazer de ver desacreditados os peritos, alvo de seus desprezo e ironia, terminando seus tormentosos dias no desfrute da aposentadoria obtida com "o produto de seu trabalho" desonesto - é certo - porém, competente...

Sperati era, antes de tudo, um perfeccionista e revelava-se eterno insatisfeito com sua obra, o que o levava a fazer falsificações diversas e sucessivas do mesmo selo buscando sempre melhorar sua produção. É possível que nem só a busca da perfeição o tenha motivado a produzir novos "clichés" para determinados especimens. A repetição, também, pode ter sido estratégia do falsificador para que suas peças não fossem rigorosamente iguais, causando desconfianças. Só do selo de 1 franco, efígie de Napoleão lll (18 do catálogo Yvert) teriam sido 15 as falsificações. E não se limitava ele a falsificar os raros, também os selos baratos foram imitados, seja para o fim de mais facilmente, enganar os incautos, induzindo-os a aceitar como autênticas suas peças, ao compará-las com exemplares comuns da mesma emissão, seja como exercício para aprimoramento de seu trabalho. É certo que um dos métodos de que se valeu para produzir suas reproduções - como as chamava - foi aproveitar o papel dos selos comuns e das margens da folhas para imprimir os valores raros da mesma emissão. Segundo se supõe, conseguia ele descolorir os exemplares baratos e aproveitar o papel para imprimir os caros. Assim, pelo menos o papel das suas falsificações era, rigorosamente, o mesmo que fora usado no original. "Si non è vero, e molto trovabili".

Para concluir, um registo é de ser feito: por muito tenha sido o mal provocado à filatelia por Sperati, nem só prejuízos e transtornos causaram suas falsificações. Como dizem os franceses: "quelque chose de malheur est bon". Força será convir tenha ele tido uma contribuição positiva para o colecionismo de selos postais. Sem dúvida sua ação criminosa, chamou à atenção do mundo para a filatelia e a dos filatelistas para a necessidade de estudar os selos com mais profundidade. Sua inegável habilidade de falsário posta a serviço de seu propósito sempre perseguido de desmistificar os peritos incompetentes produziram sensível melhoria no nível das peritagens, marginalizando muitos daqueles que se auto-proclamavam conhecedores da autenticidade de peças filatélicas, sem terem aquele lastro mínimo de conhecimento que lhes permitisse chegar a conclusões idóneas, amparadas em argumentos de peso. Houve um certo saneamento dos "experts" nascidos da "qualificação" apregoada "pro domo sua" e alimentada na escola do elogio mútuo, onde são trocados louvores imerecidos, como meros cumprimentos de uma cortesia tão insincera quanto interesseira."


(http://www.clubefilatelicodobrasil.com.br/artigos/hpostal/sperati.htm

 

 

 

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UM EXCELENTE FALSO trailer DE FILME IMAGINÁRIO

(Mandrake, the magician), APRESENTADO POR UM

SENHOR ARGENTINO - que é honesto, uma vez que

apresentou o produto cutural (belíssimo) como peça

propriamente imaginário-ficcional (a expressão é nossa,

não é do apresentador), DE HOMENAGEM! - ESTÁ

EM CLIP DO YOUTUBE QUE INDICAMOS EM

RECENTE MATÉRIA DESTA COLUNA SOBRE

UM PERSONAGEM DE ROMANCE CLÁSSICO 

DO ESCRITOR ROGEL SAMUEL: 

http://www.portalentretextos.com.br/colunas/recontando-estorias-do-dominio-publico/o-caboclo-paxiuba-personagem-assustador-de-rogel-samuel,236,6339.html

 

 

ESSE MATERIAL WEBJORNALÍSTICO

SOBRE ARTE CINEMATOGRÁFICA E

LITERÁRIA MERECEU A SEGUINTE

APRECIAÇÃO DO AUTOR (elogiosa,

felizmente) CITADO: 

http://www.portalentretextos.com.br/colunas/cronica-de-sempre/o-paxiuba,189,6341.html