Fernando Pessoa: "Sonnet" IV
Por Cunha e Silva Filho Em: 08/10/2009, às 17H37
Cunha e Silva Filho
Prezado leitor, volto aos sonetos ingleses de Fernando Pessoa, com a tradução bilíngue do “Sonnet “ IV
I COULD NOT THINK of thee as pieced rot,
Yet such thou wert, for thou hadst beeen long dead;
Yet thou liv’dst entire in my seeing thought
And what thou wert in my had never fled.
Nay, I had fixed the moments of thy beauty --
Thy ebbing simile, thy kiss’s readiness,
And memory had taught my heart the duty
To know thee ever at that deathlessness,
But when I came where thou wert laid, and saw
The natural flowers igonoring theee sans blame,
And the encroaching grass, with casual flaw,
Framing the stone to age where was thy name,
I knew not how to feel, nor what to be
Towards thy fate’s material secrecy.
SONETO IV
IMPOSSÍVEL PENSAR em ti como algo sem mais vida,
Não obstante, assim me parecias morta há tanto tempo;
Viva, contudo, estás eternamente no meu pensamento
Do qual jamais se apartará.
Nunca me saíram da retina os instantes da tua beleza –
Teu sorriso declinante, teus beijos disponíveis sempre
E tua lembrança ao coração me ensinaram o dever
De reconhecer-te até na imortalidade.
Quando, porém, ao teu jazigo cheguei, vi que
As flores naturais, sem culpa, não te reconheciam
E, com acidental imperfeição, a invasora relva
Dá forma eterna ao teu túmulo, no qual teu nome vejo,
Não saberia dizer dos meus sentimentos, nem
sobre o real segredo do teu destino.