Falei no post anterior sobre leituras “tortas” e não me contive em continuar com mais um exemplar dessa época de ouro. Vasculhei os livros que tenho para abandonar e encontrei um ótimo. Eu e o Governador.
A escritora chama-se Adelaide Carraro. Não que o livro seja ruim, uma história é sempre uma história e eu já disse aqui que gosto muito disso, mas há quem não goste, não leia, e até faça o sinal da cruz ao ouvir o nome da autora. Na época era um livro ‘proibido’, primeiro por ter relatos quase pornográficos e segundo porque foi escrito na primeira pessoa, como um diário da jovem que, ex-tuberculosa, apenas queria um emprego público para si e melhores condições para outros ex-tuberculosos e se envolveu num turbilhão de sexo, drogas and rock and roll político.
O Governador de quem se trata o livro, apesar de nunca ter sido nomeado pela autora, era o Janio Quadros. Quando o livro foi publicado o Janio não era mais nem Presidente, já tinha renunciado, e mesmo assim foi um livro ‘bomba’.
Em 1977 Adelaide Carraro já era uma escritora super publicada, tinha 23 livros escritos em apenas 12 anos de carreira, uma média de dois por ano, amargava cinco processos pelos mais diversos motivos, foi presa dezoito vezes e já tinha vendido dois milhões de exemplares dos seus livros e ainda escreveria outros tantos. Junto com Cassandra Rios, outro fenômeno de vendas nos anos 60/70, só seriam batidas muitos anos depois pelo Paulo Coelho, cujos livros, longe dos relatos pornográficos do mundinho político, falavam de magos e bruxas.
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Salvador Shopping - Garagem 2
Data: 28/08/2011