EM QUE PAÍS ESTAMOS?

    Miguel Carqueija

    Quando eu era criança lia muito as histórias em quadrinhos do Popeye. O famoso marinheiro do espinafre tinha um amigo parasita, o Dudu, que vivia comendo hamburgueses. Em dada época, porém, que me passou despercebida — pois a série teve os seus sumiços — o Dudu passou a consumir “hambúrguers”. Seja qual for a data exata ela é simbólica, representando a capitulação do Brasil aos estrangeirismos norte-americanos. A dominação cultural representa coisas mais pesadas, nos planos econômico e político.
      É estranho que não se levante uma reação forte aos estrangeirismos. Palavras há que só deveriam ser utilizadas, em textos impressos, destacadas pos aspas, negrito ou itálico, para caracterizar que não são do nosso idioma. Vejam alguns casos: “marketing” (mercadologia), “mouse” (ratinho, por que não?), “self-service” (auto-serviço), “site” (sítio, melhor dizer página), “e-mail” (caixa postal eletrônica, correio eletrônico), “shopping-center” (centro comercial) e assim por diante. Publiquei certa vez uma carta na “Tribuna da Imprensa”, outra em “O Globo”, reclamando da omissão da Academia Brasileira de Letras em relação à defesa do nosso idioma. Não soube de nenhuma providência da ABL. Mas não seria dever desta entidade proteger a língua do país? E o nosso patriotismo, ainda existe? Por que o cidadão brasileiro aceita tão passivamente o uso de palavras alienígenas?