Não ousaria afirmar, categoricamente, porque não vi em nenhum lugar seus nomes nem li ou ouvi a respeito, mas, possivelmente, certos críticos, detratores contumazes, maria-vai-com-as-outras, tenham sido vítimas de síncope, tão logo souberam que o escritor Paulo Coelho foi o maior vendedor mundial de livros em 2003 com Onze Minutos, superando estrelas do brilho de J.R. Tolkien, J.K. Rowling, Taylor Caldwell, Stephen King, Sidney Sheldon, só para ficar nos best-sellers internacionais.

Certamente, reacende a já crônica urticária nos adeptos da suposta única literatura tupiniquim de qualidade, a feita por Graciliano Ramos, Machado de Assis, Guimarães Rosa, Rubens Fonseca, Carlos Drummond e, num patamar inferior, Raquel de Queirós, João Cabral de Melo Neto, José de Alencar, sempre que  tomam conhecimento de  que, em quase uma centena de países, pessoas lêem e, não raro, adotam como livro de cabeceira um do mago de o Alquimista e Brida. Malucos vão ficar, se já não estão, pois souberam que a nova e recordista obra do maior vendedor brasileiro de livros, intitulada O Zahir, sairá em lançamento mundial, a partir do Irã, com uma tiragem inicial de oito milhões de exemplares, dos quais, só no Brasil, serão trezentos e vinte mil, coisa nunca vista antes por aqui.

Enquanto os que discutem a literatura de Paulo Coelho  vão remoendo sua ira e mágoa ou tecendo teia de venenosa inveja, o escritor vai espalhando, globalizadamente, sua obra, arrebanhando novos leitores e, com isso levando e elevando, querendo eles ou não, o nome do Brasil.

Ele não sabe escrever, dizem certos leitores que, provavelmente, só se aventuram em ler aquilo que seus amigos intelectuais ou pseudo-intelectuais aconselham e que se resume, quase sempre nos mesmos quatro ou cinco autores nacionais e outro tanto de estrangeiros, todos do passado, sagrados; como se entre os mais novos não houvesse beletristas tão bons quanto aqueles. Há quem detrate Paulo Coelho sem nunca ter lido, integralmente, sequer um de seus livros campeões em venda e em aceitação crítica internacional; por outro lado, parte dessa turma se vangloria de ter lido e gostado de o Apanhador no Campo de Centeio (J.D. Salinger), Budapeste (Chico Buarque), Orgulho e Preconceito (Jane Austen), dentre outros, livros insossos, superficiais e cansativos; ocorre, ainda, de uns terem contra o escritor ojeriza graciosa, por conta de comentários desairosos feitos por “amigos” a respeito do autor. Se alguém tachasse de hipócritas pessoas que se encaixam nesses perfis não estaria sendo injusto nem leviano.

Como negar que Paulo Coelho não é um grande escritor nacional, se ele é bom o bastante para dezenas de milhões de pessoas que, ao redor do mundo, dedicam preciosas horas de seu tempo à leitura de sua vasta obra? Quem dera quantitativo semelhante de brasileiros pudesse um dia vir a lê-lo.

Monteiro Lobato (para certos idiotas, também um autor mediano, senão medíocre) afirmava, convictamente, que “livro que deixa uma palavra já deixou alguma coisa” e, mais: “um país se faz com homens e livros”; Rui Barbosa, por sua vez, dizia que se deve  ter sempre   “livros a mancheias”.

Parabéns a todos que lêem, inclusive, Paulo Coelho, a despeito dos que dele não gostam. Sucesso perene, Mago! Que bom que você é brasileiro!


                                                                              Antônio Francisco Sousa – Auditor Fiscal e escritor piauiense