[Whashigton Ramos]

               Quem imaginaria que uma parte do centro de Teresina um dia se encontraria tão degradada? Algumas praças, como a Pedro II e a São Benedito, são usadas como moradia por pessoas que vivem nas ruas. Tornaram-se depósito de lixo e de sujeiras.

               Será que as autoridades municipais e estaduais conseguirão reverter a atual  situação em que se encontra o centro de Teresina? Será que estão preparadas para que sejam chamadas de fascistas e nazistas se forem retirar os moradores de rua de nossas praças? Porque são esses dois qualificativos que emergem quando se tenta tirar das ruas esses moradores.

               A elite e a classe média deram as costas ao centro e vivem na Zona Leste. Não sou elitista nem bajulo ninguém dessas duas classes sociais, mas pergunto: será que é possível revitalizar o centro sem a participação desses dois segmentos sociais? Eu faço minha parte, indo mais ao centro do que aos shoppings da Zona Leste.

               Em conversa com um amigo na Cafeteria Imperial, que fica perto da praça Pedro II, ele, que também é defensor da revitalização do centro, me pergunta pelos intelectuais, que não frequentam mais a região central de Teresina nem se batem por sua valorização. Essa praça tem tudo para se constituir no centro histórico desta capital. Nela se localizam o Theatro 4 de Setembro, prédio centenário; o desativado Cine Rex (dizem que o governo estadual vai aproveitá-lo para uma escola de cinema, o que é uma excelente medida); o antigo quartel da Polícia Militar, hoje Central de Artesanato; e a casa na esquina da rua Davi Caldas, onde Getúlio Vargas se hospedou quando esteve em Teresina. Ela é um lindo sobrado, um belo projeto arquitetônico e deve ser preservada. Já me disseram que ela pertence ao senador Ciro Nogueira. Se é verdade, por que ele não a torna um centro cultural? Ele tem condições financeiras e políticas para isso. Nessa casa, é possível funcionar um museu de fotografia, ou uma escola de dança, ou uma galeria de artes plásticas, ou uma escola de escrita criativa... São várias as opções artísticas. Falta iniciativa.

               Agora, não se pode ter um centro histórico como um lugar agradável e capaz até de atrair turistas, com moradores de rua sujando de fezes e urina uma praça. “A praça é do povo”, já dizia o poeta. Mas ser do povo, isto é, de todos, não dá o direito a alguns para torná-la imunda. Cabe às autoridades estaduais e municipais, sem violência, tirar das praças os moradores de rua. Assim podemos ter uma parte importante do centro de Teresina sem o desprezo a que ele está relegado.