Crimes hediondos no Brasil
Por Cunha e Silva Filho Em: 14/05/2009, às 18H55
Não é possível que as leis do país não sejam, a curto prazo, substancialmente alteradas, no que tange aos crimes de alta selvageria. Digo a curto prazo em virtude da avassaladora onda de crimes de vários tipos, em especial contra nossas crianças e nossos adolescentes, numa frequência de tal magnitude que não se pode senão poder contar com uma pronta e urgentíssima resposta das nossas autoridades à altura do estado de risco que a sociedade brasileira está correndo e ao mesmo tempo está exigindo de seus governantes e dela própria.
Cumpre, assim, que o Estado brasileiro dê satisfação ao povo, aos pais, às famílias, diante de tanta maldade recentemente ocorrida em três lugares do território nacional: em Goiânia, com o crime de esquartejamento de uma adolescente inglesa praticado por um tal de Mohamed Ali, um usuário de drogas, namorado ou “amigo” dela, celerado frio que não esboçou nenhum arrependimento pela vileza da ação horripilante; em Uberlândia, contra uma menina, também crime de esquartejamento e, segundo a imprensa, com implicações relacionadas a práticas de magia negra; em, Natal, dois crimes horrendos, um de estrangulamento de uma estudante adolescente. Outro, um abominável crime contra uma menininha, Mailsa, que foi também esquartejada, tendo as partes de seu frágil corpinho sido espalhadas num terreno baldio tomado pelo matagal. Às vezes, penso, leitor, que estou lendo aquelas antigas revistas americanas especializadas em reportagens de crimes hediondos, leituras que nos causavam verdadeiro horror pelos relatos dos requintes de crueldade com os crimes eram praticados. É a vez de perguntar-se: estamos superando o cinema que exibe crimes imaginários pavorosos ou o cinema está copiando a realidade do terror?
Cada um desses homicídios macabros tem causas específica. O primeiro está vinculado ao consumo de drogas; o segundo, ao fanatismo de psicopatas seguidores de seitas diabólicas, adeptos vampirescos do sangue humano; o terceiro, motivado por rejeição de fundo sentimental, ou meramente por caráter deformado, o que torna esse delito estúpido, cometido por motivos fúteis, ou seja, o homicida ceifou a vida de uma jovem saudável e cheia de esperanças sem nenhuma razão plausível, apenas impulsionado pela perversidade e sordidez.
O quarto, de acordo com depoimentos da família da Mailsa, foi barbaramente perpetrado por um psicopata com um histórico policial de onze mandados de prisão. O que nos surpreende é que esse monstro, usando falsa identidade, não pôde ser mantido preso, por falta de provas. Como por falta de provas se a família da vítima tem certeza de que foi ele mesmo o assassino da pequena Mailsa? Ora, o maníaco sexual frequentava(?) uma igreja e já havia dado sinais de que procurava aliciar meninas, segundo depôs uma tia dela à imprensa.
Pergunto-me, agora: o que fazer diante dessas monstruosidades surgidas das profundezas do inferno que só vêm ao nosso planeta para implantar o terror e dilacerar os corações desses pais perplexos e impotentes diante dos fatos?
Diviso, por enquanto, duas sugestões a fim de que de mediato possamos resgatar, por antecipação, outras vítimas inocentes dessas bestas em forma de gente, desses “Jacks estripadores” da velha Londres em tempos passados.
A primeira, seria que, de forma urgente, fosse modificada a lei de nosso Código Penal que trata particularmente de crimes tipificados nesses níveis de crueldades, nos seguintes termos: que o criminoso seja condenado à prisão perpétua, sem que exista nenhuma razão casuística que enseje progressão da pena.
A segunda, que os governos federal, estadual e municipal, através do apoio da sociedade civil e dos órgãos ou entidades próprios, deem início a um combate efetivo e sem trégua ao tráfico de drogas e penalize com rigor os usuários de droga – esse mal, esse vício tão entranhado atualmente no seio de famílias aparentemente constituídas ou de famílias não formalmente organizadas.
A escola, as igrejas nas suas várias denominações, os órgãos de assistência social, psicólogos, psiquiatras, professores, sociólogos, antropólogos, aliados aos pais de famílias, devem agregar forças a fim de conseguir, com vistas a equacionamentos de soluções concretas e viáveis, uma unidade de pauta de diretrizes, sem coloração política, a qual, num esforço gigantesco, desse início à execução plena dessas diretrizes ou planos de ações. Acredito que essa iniciativa deve assumir um cunho de verdadeira campanha cívico-social a ser implementada nessa direção e em âmbito nacional.
Se não tomarmos essas providências agora, com o apoio geral da sociedade e dos poderes públicos – urge repetir - , comprometidos fundamente com a solução desses execráveis crimes contra a família brasileira, não haverá tempo mais para enfrentarmos o caos já instaurado em nosso país. Salvemos, por conseguinte, nossas crianças, nossos adolescentes e nossa mocidade. Que uma cadeia de clamor e de justiça se forme entre nós na defesa do nosso presente e de nosso futuro.