COVID-19
Por Jose Ribamar Garcia Em: 03/01/2022, às 20H28
[José Ribamar Garcia]
“A pandemia da Covid-19 entra para a história como um episódio que abalou o planeta.” Disse o brilhante jornalista e escritor Zózimo Tavares, presidente da Academia Piauiense de Letras, ao cotejá-la, em termos, com a Gripe Espanhola. E concluiu que “de janeiro de 1918 a dezembro de 1920, ela infectou aproximadamente 500 milhões de pessoas”.
A Gripe Espanhola chegou ao Brasil por etapas. Nos meses de março, agosto de 1918 e janeiro de 1919, espalhando-se por todo seu território. Segundo cálculos, realizados na cidade do Rio de Janeiro, então capital da Republica, foram contabilizados cerca de 35 mil mortes. É verdade que, na época, os recursos e conhecimentos científicos sobre o vírus – uma mutação do vírus da influenza - eram escassos. O cientista Carlos Chagas, Diretor Geral da Saúde Pública (equivalente a Ministro da Saúde), não mediu esforços e implantou dezenas de hospitais de campanha pelo País afora. Ele havia substituído o também competente médico sanitarista Carlos Pinto Seidl, que renunciara ao cargo.
Eis que, agora, um século depois surgiu a Covid-19. Dizem que o vírus entrou no Brasil no início do mês de fevereiro de 2020. Porém, só divulgado no mês seguinte para não atrapalhar o carnaval. Boato? Pode ser e não ser. Tudo é possível neste teatro macabro de “fakes news” que grassa no País. A começar, infelizmente, por boa (ou má) parte da grande mídia – televisiva e escrita –, que omite, deturpa, forja fatos e propaga um terrorismo sensacionalista, em busca de vantagens escusas, numa negação do verdadeiro jornalismo.
É claro que a ciência evoluiu em proporção geométrica. E por que esta pandemia se arrasta para o segundo ano? Não obstante aos esforços de abnegados médicos e enfermeiras, trabalhando em condições precárias, salvando milhares de vidas. Arrasta-se devido à politicagem, que não houvera na Gripe Espanhola. E que contaminou até os famigerados Butantan (SP) e Fiocruz (RJ). Cadê seus cientistas que não descobriram uma vacina contra esse vírus? Dessa politicagem nem a agência reguladora Anvisa escapou. E o Supremo Tribunal Federal, guardião da Constituição Federal, acabou envolvendo-se ao determinar, numa decisão que extrapola sua competência, que o Presidente da República entregasse aos governadores dos estados bilhões de reais. Dinheiro para compra de respiradores, suprimento dos hospitais existentes e instalações de hospitais de campanha. Foi como se pusesse o galinheiro aos cuidados do gambá. Fizeram uma festança com o dinheiro para a saúde do povo. Ao Estado do Rio de Janeiro coube a cota de alguns bilhões, inclusive para instalação de seis hospitais na capital e outro na cidade de São Gonçalo, que não saíram do papel. Fato que o governador pagou com o próprio mandato. Lamentavelmente, impunes ficaram seus outros colegas que tambem desviaram o dinheiro para uso pessoal e patrocínio de suas campanhas eleitorais às eleições municipais de novembro de 2020. A esses meliantes devem ser creditada a prorrogação do vírus e a mortandade de milhares de pessoas infectadas.
Por outro lado, a inércia da maioria do funcionalismo público. Aproveitou a quarentena, para ficar em casa - ou no sítio - durante todo esse período. Claro, sem qualquer preocupação financeira, porque seu salário estava garantido no final do mês. Até a Justiça do Trabalho do Estado do Rio de Janeiro foi nesse embalo e fechou suas portas ao público. Uma medida desnecessária, irracional e abusiva, que contrariou e contraria a própria natureza dessa Justiça especializada. Ressalte-se, no entanto, exceção a um pequeno número de magistrado que insistiu em continuar trabalhando, dando andamento aos processos sob sua jurisdição. Diga-se, uma minoria que dignifica a Justiça e tem conscientização do seu dever.