BREVE PERFIL DO ESCRITOR E AMIGO ROGEL SAMUEL (REPUBLICADO, MODIFICADO E REVISADO(
Por Cunha e Silva Filho Em: 23/08/2024, às 20H19
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BREVE PERFIL DO ESCRITOR E AMIGO ROGEL SAMUEL (REPUBLICADO, MODIFICADO E REVISADO)
CUNHA E SILVA FILHO
Sinto muito saber sobre o falecimento, hoje (2/07/2023) do eminente mestre e Doutor em Letras pela UFRJ, professor respeitado. e estimado pelos seus alunos e pelo seus orientandos. Um dos melhores exemplos deste caso foi o seu relacionamento intelectual e de forte amizade com a saudosa ficcionista, crítica e ensaísta e professora de teoria literária Neuza Machado, que, por sinal. foi minha colega quando lecionamos, no Curso de Letras, na Universidade Castelo Branco (UCB).Neuza foi também ex-colaboradora ilustre do site Entretextos.
Ela mesma me contou muitos momentos de prazer e alegria que tiveram juntos num Encontro de Escritores em Paris no tempo em que fazia mestrado tendo Rogel como seu orientador, sendo ele, depois, igualmente orientador dela no doutorado, ambos os cursos realizados na UFRJ. Neuza já o havia tido como professor na graduação da Faculdade de Letras da UFRJ, quando, por um tempo, se localizava na Avenida Chile, Centro do Rio de Janeiro.
Rogel Samuel( não explicar, porém sempre troquei os dois nomes desse prolífico escritor. Rogel lecionou na UFRJ tanto na graduação quanto na pós-graduação. Quando estava quase concluindo o meu Doutorado, ele deu à minha turma um período de uma disciplina chamada “Pesquisa Tese Doutorado. Era um disciplina que lecionada por mais de um professor.
Era um docente sério, um pouco distante. Porém, nunca lhe falei que tínhamos, muitos anos antes, conversado no restaurante da Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil (hoje UFRJ), que ficava ao lado da entrada da Casa d’Italia, na qual funcionavam alguns cursos não só de Letras mas de outras áreas. Culto, versado em línguas, sobretudo francês (seu pai era francês), teórico literário, superprodutivo em várias gêneros ( poesia, ensaio, crítica literária, crônica, romance, tradução e o que mais possa. Todavia, na ficção, que eu saiba, só deixou dois romances, O amante das amazonas e o Teatro Amazonas (2012).É curiosos notar quem em muitos casos, professores de literatura, com raras exceções, só na maturidade, publicam um obra de ficção. E ficam só numa obra, boa, média ou de má qualidade. Essa é uma questão de história literária que envolve a teoria literária, o ato criativo.
Rogel profundamente mergulhado na literatura e nas incansáveis leituras que fazia ao longo da vida. Nunca passava um dia sem escrever um texto ainda que fosse breve. Exemplo ímpar de um scholar inteiramente sintonizado com tudo que dizia respeito aos estudos literários. Não fui um amigo bem próximo dele, mas nos dávamos bem e acredito que gostava de mim, pois, por diversas vezes, me confessara que era leitor meu. Sempre que possível, o citei em estudos meus, no país e no exterior. Tinha uma educação esmerada e, ainda que notasse que tínhamos ideias político-ideológicas divergentes, não deixava que a ideologia se sobrepusesse à dimensão intelectual.
Conheci-o bem jovem no restaurante dos estudantes da Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil (depois, chamada UFRJ) no ano de 1966. Por coincidência do destino, uma vez sentou-se na mesma mesa em que eu estava. Era o ano de 1966; Conversamos sobre literatura e sobre professores. Ele admirava o professor Alceu Amoroso Lima, que lecionou Literatura Brasileira, disciplina da qual era o então Titular o polígrafo e grande pensador católico, um dos maiores críticos e conhecedores do Modernismo brasileiro, mais conhecido pelo famoso pseudônimo de Tristão de Athayde.
No site Entretexto as crônicas, poemas, traduções, artigos, artigos teóricos, políticos, crônicas eram em número incomensurável. Tinha o dom da síntese e isso é sentido claramente no seu livro mais conhecido, Novo manual de teoria literária publicado pela Vozes que teve várias edições. Obra didática para o curso superior fundamental para os iniciantes aos cursos de Letras. Seu romance O amante das Amazonas (Belo Horionte: Editora Itatiaia, 2005)) teve boa repercussão crítica e foi traduzido para o espanhol e o inglês.
Ficção inusitada, me lembra uma ourivesaria, uma multiplicidade de quadros humanos e um painel alucinante do que seja a Amazônia, suas histórias, suas lutas, seus mistérios, sua paisagem típica, suas lendas, mitos, seus personagens lendários, seu traço barroco. Para mim, é obra rara no seu gênero e um dia será mais compreendida pela crítica.
Deixo aqui consignada a minha admiração por este grande estudioso, produtivo a não mais poder e amante incansável do fenômeno literário compreendido este no seu mais alto valor e seriedade por este escritor que dignifica a literatura brasileira em todos os seus aspectos mais significativos e altaneiros. Seu passamento me deixa mais triste e abre um vazio nos estudos literários entre nós. Consigno aqui também os meus sentimentos mais profundos de pesar aos familiares e amigos do ilustre escritor Rogel Samuel.