BREVE COMENTÁRIO SOBRE UM GRANDE POETA.
Por Cunha e Silva Filho Em: 17/04/2024, às 22H38
BREVE COMENTÁRIO SOBRE UM GRANDE POETA
Cunha e Silva Filho
Vou me referir aqui a um poeta já com obra praticamente acabada e de alta qualidade literária, Francisco Miguel de Moura, de um autor piauiense que há muito já saiu da "província das Letras," do ambiente um tanto ainda beletrista, dado a expressões léxicas como "sodalício," ou seja, de um bardo que não mais tinha espaço literário para ficar restrito à visibilidade local, mas, por mérito, a expandir sua voz lírica para regiões mais culturalmentae desenvolvidas, equivalentes ao chamado eixo Rio-São Paulo. Mas deixemos de fazer observações gerais sobre esse escritor que tem já um nome respeitado, reitero, fora dos limites do Piauí, para falarmos apenas do poema em exame ainda que de forma sintética, em "vol d'oiseau".
Um observador atento à leitura poética faz uma primeira leitura ou duas, ou mesmo três, que o leva a ter uma ideia mais madura do que lê embevecido pelo poder encantória do lirismo exposto tanto à superfície textual quanto à profundidade textual, lembrando aqui das duas estruturas de Noam Chomski. É óbvio que a leitura de um poema escrito por alguém muito familiarizado com o "fabbro" poético não pode deixar escapar de deslindar alguma coisa extraída da riqueza formal-estética do poema. Do título, já por si só, como elemento indicial e catafórico do conjunto dos versos de que o poema se forma, posso assinalar alguns comentários preliminares.
Estou lidando com tema e forma poética, com realidade da mímesis aliada à factualidade de um "narração com naador poético" versando sobre dois termos fundamentais ao entendimento melhor do poema: "flor" e "livro.", Ambos metaforizados do título até ao conjunto do poema e sua elaboração finalizada como criação literária. Os dois termos ou lexemas se situam no âmito de seres inanimados, um como criação da Naturez;, o outro como produção cultural material. Os dois lexemas logo interjetam, em nossa sensiblidade, um realidade criada pela animização dos elementos definidos como uma flor e como um livro. "A flor" sinaliza, em resumo, para a realidade que tem o seu tanto oriundo do universo da memória.
Podia-se logo pensar na mullher e, por extensão, no amor e quanto ao lexema "livro," por extensão do sentido já metaforizado, poder-se-ia invocá-lo como uma persona, quer dizerm o poema desempenhando o papel de produtor de realidades só válidas quando são lidas. Acresce assinalar que o poema trabalha também com o recurso do traço metapoético, bem visível se lido com maior atenção. Depreende-se também um jogo do amor . Basta afirmar que, logo no princípio do poema, "... uma flor me viu...", sinaliza um diálogo entre dois seres, ou mas claramente, duas "personae" que trocam ações, falas e sentimentos. Penentramas, agora, no plano do humano que se vai revelando a nosso olhos atentos de leitor ou codificador de mensagens com objetivos bem definidos. Repare-se que, no poema, estão presentes lexemas como "página," "livro," o ato de leitura.
Os versos da estrofe final apontam novamene para o que me propus a delindar da leitura desse poema feito de saudade e do sentimento amoroso e, "last but not least", da importância da poesia como fator deflagrador da narrativa lírica, que me lembra, por sinal, uma dimenão de fábula num poema de um autor francês que já traduizi. Fico por aqui, porquanto apenas desejei atentar para alguns recursos da linguagem, do sentido e da forma desse poema bem mentado.Abraços.