Era só o que faltava:
Enquanto operários das obras da usina hidrelétrica de Jirau são torturados e presos pelo simples fato de fazerem greve;
Enquanto ativistas tem prisão decretada por defenderem os índios da destruição causada pelas obras da usina de Belo Monte;
Enquanto camponeses são presos em Rondônia pelos simples fato de lutarem por um pedaço de terra;
Enquanto os trabalhadores, aposentados e todo povo brasileiro, padecem com o violento arrocho salarial, a falta de atendimento e sucateamento dos hospitais públicos, o caos na educação, nos serviços de transporte, falta de saneamento básico, falta de transporte decente, roubalheira descarada dos políticos, alianças espúrias, etc. e etc.,
A CUT, pelega e governista, através de seu futuro presidente, Vagner Freitas, tem o descaramento de dizer “que irá às ruas para defender os réus do mensalão”, ou seja, defender um bando de corruptos.
Mas a atitude pelega da CUT – braço sindical do PT – não é de hoje. Vem desde os idos de sua criação, em 1983. No início, a CUT procurava aparentar combatividade para atrair incautos, mas agora, impulsionada pela ideologia eclética do liberalismo radical pequeno-burguês do Partido dos Trabalhadores – PT e pelos rendosos cargos no aparato do governo e do parlamento chegou ao seu completo apodrecimento como parte do gerenciamento de turno do velho Estado.
Vagner Freitas, próximo presidente pelegão da Cut, foi enviado à Rondônia, em 2011, para auxiliar seus colegas patronais do Sitccero a acabar com a greve de Jirau
Quando estourou a revolta dos operários de Jirau, em março de 2011, a primeira medida do governo FMI-Dilma foi mandar a tropa da dita “Força Nacional” e disponibilizar efetivos da polícia federal, Abin, e outros aparatos repressivos para garantir a “segurança” e retomar a normalidade na região, ou seja, a exploração e o trabalho escravo dos operários. Em nenhum momento foi aventada pelo governo a ação do Ministério do Trabalho contra os abusos e desmandos da Camargo Corrêa e suas sub-empreiteiras.
O sr. Vagner Freitas, que será “ungido” próximo presidente nacional da CUT, pelas bênçãos do pelegão-mor Luiz Inácio, foi enviado em março de 2011, pela central (à mando do governo) a Porto Velho para articular o fim da greve e a retomada da obra de Jirau. Em reunião com sindicalistas locais, ele defendeu posição do governo e das construtoras.
O então secretário nacional de administração e finanças da Cut se reuniu com seus pares, em um luxuoso hotel de Porto Velho, enquanto centenas de trabalhadores das obras da usina de Jirau, após a repressão policial à greve e incêndio do canteiro de obras, ainda estavam amontoados em alojamentos precários na cidade. Conforme relato de jornalistas presentes, a conversa do dirigente da CUT e sindicalistas locais do Sitccero parecia diálogo de empresários e representantes do Planalto. Em 30 minutos de conversa, Freitas não citou a situação dos trabalhadores e defendeu a posição do governo federal e das construtoras.
O pelego Vagner ainda teve o descaramento de defender a volta dos operários ao trabalho. “Tem de voltar a trabalhar. Eu sou brasileiro, quero ver essa usina funcionando”, disse. Em seguida, usou um discurso típico do governo: “O Brasil precisa de energia limpa. A obra da usina precisa voltar a funcionar, porque a sociedade está sendo prejudicada.”
Neste ano de 2012, a postura da CUT também foi de conciliação com a patronal e de taxar os operários grevistas de “vândalos, bandidos e incendiários”. Instigados pelo office-boy das empreiteiras, ministro Gilberto Carvalho que ordenou ao presidente da CUT, Arthur Henrique, enviar sindicalistas da central a Rondônia no intuito de acabar com a greve. Este foi o caso do presidente da Conticom-Cut, Claudio da Silva Gomes, que tentou acabar com a greve em assembleias realizadas no canteiro de obras, foi apedrejado pelos trabalhadores junto com os pelegos do Sticcero e por fim chegou a entregar operários para a polícia.
CUT e Lula: teu passado te condena!
Em 1979, com Paulo Maluf, então à frente do executivo do governo de São Paulo, reprimia com violência todo o movimento popular e eram constantes as prisões de grevistas e lutadores populares. No seio do movimento operário havia a presença de diversos partidos e organizações revolucionárias, que se opunham ao regime militar e tinham maior expressão entre os operários no movimento de oposição sindical metalúrgica de São Paulo. Mesmo entre essas organizações clandestinas, haviam oportunistas que já advogavam a conciliação de classes hoje abraçada pela CUT, Força Sindical e suas congêneres menores.
No mesmo ano de 1979, Luiz Inácio, à frente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema, e seu grupo, que posteriormente, com o concurso dos intelectuais do CEBRAP, da esquerda trotskista, da igreja e dos ex-guerrilheiros arrependidos deram origem ao PT e a CUT, desde então já manifestavam abertamente sua faceta conciliadora e pró-patronal.
E ninguém melhor que o próprio Luiz Inácio para provar que ao contrário de “traição” ou “mudança de posição” após assumir o poder no velho Estado, essa sempre foi a sua posição, conforme expresso, entre outros, no documentário ABC das Greves, dirigido por Léon Hirszman, onde estão registrados vários momentos onde Lula manipula as assembleias dos metalúrgicos de São Bernardo, chantageia as massas e vende a greve para a classe patronal.
Agora, intimamente entrelaçado com Paulo Maluf, Luiz Inácio demonstra mais o vez o leito histórico e invariável posição de pelego. Desde seu nascimento, a CUT tem o selo do oportunismo eleitoreiro. Na busca de criar uma identidade através da qual pudesse desenvolver seus ideólogos, já articulados no projeto Partido dos Trabalhadores (PT), adotaram um discurso ultra-radical, antipeleguista e antigetulista, no qual as greves de São Bernardo do Campo entravam como a inauguração de um sindicalismo “novinho em folha”. Pouco a pouco, passo a passo, esse discurso e sua prática foram transitando do radicalismo liberal para a colaboração de classes como doutrina, e o malufismo e mensalão como prática política a ser seguida e defendida!"