[Flávio Bittencourt]
Boletim Quinzenal da Associação RECORTE, Ano I, nº 10
Associação de estudos de Comunicação e Semiótica, cidade Formosa/GO - Primeira quinzena de agosto de 2013.
CINEMA DE QUALIDADE EM BRASÍLIA-DF:
A Embaixada da França tem o prazer de convidá-lo para sua próxima sessão de cinema nesta quarta-feira, 31 de julho às 19hs.
Você pode também conferi-la e compartilha-la no (...) [RESPECTIVO] facebook : https://www.facebook.com/franceaubresil
em edição=== (imagem)
OBRIGADO, EMBAIXADA DA FRANÇA NO BRASIL!
(OS FILMES SÃO EXIBIDOS GRATUITAMENTE,
COM LEGENDAS NO IDIOMA PORTUGUÊS)
PROF. DR. IVO ASSAD IBRI,
QUE SE DEDICA AO PENSAMENTO DO
FILÓSOFO ESTADUNIDENSE CHARLES PEIRCE:
29.7.2013 - F.
BOLETIM DA ASSOCIAÇÃO RECORTE / CIDADE DE FORMOSA / GOIÁS / BRASIL, ANO I, Nº 10 - PERIODICIDADE: QUINZENAL - 1ª quinzena de AGOSTO de 2013, 29.7.2013 - Editor responsável: Cláudio Ramalho / e-mail:
[email protected], endereço: R. 1, Cs. 952, Pq. Laranjeiras, 73.805-610 - Formosa-GO, Brasil - Editor da RECORTE (Revista anual de Teoria da Literatura, Comunicação e Semiótica): Rogel Samuel - Redator: Cláudio Ramalho - Revisor e copidesque: Flávio Bittencourt - Orientador editorial (in memoriam): Reynaldo Jardim - Diretor Honorário da Associação Recorte de Comunicação, Media e Semiótica: Umberto Eco.
Sócios-correspondentes da Associação Recorte:
Varsóvia (Polônia): Jerzy Pelc
Helsínque (Finlândia): Eero Tarasti
Paris (França): Rafael Mário Hime
Perpignan (França) [in memoriam]: Gérard Deledalle
Lafayette, Indiana (EUA): Floyd Merrell
Brasília/início Asa N: Cleber José Coimbra
Brasília/meio Asa N: Adrino Aragão
Brasília/ponta Asa N: Herondes Cezar
Brasília/início Asa S: Athos Cardoso
Brasília/ponta Asa S: Sandro Machado
Brasília (in memoriam): Profª. Regina (SQN 216 [Dona Helena, pseudônimo literário])
Brasília/Condomínios do Lago (SHDB): Sílvio Rocha
Sobradinho/DF: Geraldo Lima
Teresina: Dílson Lages Monteiro
Fortaleza: Jorge Tufic
Recife: Eduardo Henrique Accioly Campos
Manaus: Jair Jaqmont Cantanhede
Boa Vista: Maurício Zouein
Campos dos Goytacases: Frederico Schwerin Secco
Rio de Janeiro/Copacabana: Frank Fragoso Willye
Rio de Janeiro/Urca: Rogel Samuel
Rio de Janeiro/Vila Isabel: Luiz Cesar Saraiva Feijó
Rio de Janeiro/Tijuca: Miguel Carqueija
São Paulo: Norval Baitello Júnior
Agradecimento: Este Boletim não poderia ter sido produzido sem o apoio logístico de Mais Diesel Ltda., uma empresa de venda de autopeças e acessórios para veículos automotivos (Rodovia BR-020, Formosa, estado de Goiás, Brasil). C. Ramalho
REVISTA RECORTE / EDIÇÃO ELETRÔNICA - 2014
O SEU ARTIGO DEVE SER MANDADO,
AOS CUIDADOS DE CLÁUDIO RAMALHO, PARA:
(até 28.2.2014; os nomes dos integrantes
do CONSELHO EDITORIAL da RECORTE / 2014 serão
informados em JAN / 2014 [membros com nomes confirmados:
Luiz Veríssimo, PhD, Flávio Bittencourt, MSc; Athos Cardoso, MSc,
Frank Willye, Bel. em Design; Karol Mello, MSc], editor: Rogel Samuel, PhD,
secretário: Cláudio Ramalho, editor honorário: Gillo Dorfles; Diretor Honorário
da Assoc. RECORTE de Comunic. e Semiótica: Umberto Eco; Diretor Perpétuo:
Décio Pignatari [1927 -2012])
Posted on July 14, 2013 by priborges
Interdiscipline et arts du spectacle vivant
Sous la direction d’André Helbo, Catherine Bouko et Élodie Verlinden
Le concept d’interdiscipline, mobilisé habituellement dans les sciences de la communication, trouve dans le champ du spectacle vivant un nouvel écho. Les recherches en arts du spectacle connaissent actuellement une mutation sans précédent, sous l’impulsion d’un dialogue qui convoque des modèles de décloisonnement. Une ouverture par ailleurs à la mesure des objets étudiés : formes hybrides, genres métissés, arts pluridisciplinaires. Quels sont les acteurs, les modalités, les conditions, les limites de la rencontre ? L’anthropologie, la sociologie, la génétique du spectacle, la neurobiologie, la sémiologie croisent leurs regards dans des contextes tantôt prometteurs tantôt polémiques. Une approche intégrée et propédeutique se dégage de ce livre : elle ouvre la voie à une sémiotique interstitielle.
Le présent volume est issu d’un colloque organisé à l’Académie royale de Belgique. Les auteurs enseignent tous trois à l’Université libre de Bruxelles. André Helbo est sémioticien et auteur de nombreux livres sur les arts du spectacle. Le champ de recherches de Catherine Bouko concerne l’intermédialité. Celui d’ Elodie Verlinden l’épistémologie du spectacle vivant.
Consultez notre catalogue et commandez en ligne:
[email protected] – www.honorechampion.com
Bulletin de commande – PDF
À adresser à la Librairie Honoré Champion – 3 rue Corneille F-75006 Paris
[email protected] – http://www.honorechampion.com
Tél. : 01 46 34 02 29
Centennial Congress
Posted on June 30, 2013 by priborges
2nd Call for Papers, Short Contributions and Posters
The Charles S. Peirce 2014 International Centennial Congress
The Charles S. Peirce Society and the Peirce Foundation invite the submission of new papers, short contributions, and posters for the Charles S. Peirce International Centennial Congress, to be held at the University of Massachusetts Lowell (July 16-19, 2014).
The theme of the Congress is Invigorating Philosophy for the 21st Century. The aim of this conference is to advance scholarship on all aspects of Peirce’s philosophy and biography, and on the influence and contemporary relevance of his thought. Interdisciplinary submissions, and contributions from researchers in disciplines other than philosophy, are welcome.
Confirmed plenary speakers include: Douglas Anderson, Vincent Colapietro, Susan Haack, Christopher Hookway, Nathan Houser, Ivo Ibri, Cheryl Misak, Nicholas Rescher, Claudine Tiercelin, and Fernando Zalamea.
Deadline for paper, short contribution, and poster submissions: September 1, 2013.
"Ivo Assad Ibri
1. Perspectivas teóricas
Concentra-se no estudo da Semiótica e do Pragmatismo de Charles S. Peirce como bases teóricas para a epistemologia da comunicação, a saber, entendendo-se o fenômeno da comunicação como um intercâmbio de signos cuja significação manifesta-se na conduta humana. A conduta ou o modo como se dispõe a agir é expressão existencial do pensamento e esta relação pragmática entre os mundos externo e interno é fundamentalmente semiótico-comunicativa.
1.1. Autores
Trabalho basicamente centrado na obra de Peirce, seus comentaristas, e suas raízes na história do pensamento ocidental, a exemplo do idealismo e romantismo alemães.
2. Temáticas
Epistemologia da comunicação;
Heurística em geral: fundamentos comunicativos da criação e invenção;
3. Objetos de estudo
As Ciências como sistemas comunicativos – o intercâmbio de signos entre objeto e pensamento. O fenômeno da descoberta como inteligir comunicativo.
As Artes como sistemas comunicativos – o intercâmbio de signos no universo do possível. O fenômeno da invenção visto pela sua ontologia. É a arte semioticamente cognitiva?",
http://www4.pucsp.br/cos/docentes/ivo_assad.html]
INFORMAÇÕES SOBRE O VI CONGRESSO:
"ConLaCol, que será realizado na UnU Formosa, recebe inscrições [A CHAMADA PARA APRESENTAÇÃO DE PAPERS JÁ SE ENCERRARAM, COMO A SEGUIR SE PODE CONSTATAR]
Já estão abertas as inscrições para participação e envio de trabalhos para o VI Congresso Latino-Americano de Compreensão Leitora (ConLaCol), que ocorrerá entre os dias 4 e 6 de setembro na Unidade Universitária da UEG de Formosa. O tema desta edição é “Ler Para Produzir mais Cultura – O Cerrado Vive em Mim”. Segundo a organização, o evento tem por objetivo realizar a difusão da cultura latino-americana, o compartilhamento de saberes, a promoção da leitura e da literatura.
As inscrições para participação de ouvintes no ConLaCol vão até 31 de julho, já para os interessados em expor trabalho no Congresso, as inscrições vão até 1º de agosto. Para ambos os casos, os interessados devem encaminhar e-mail para o endereço eletrônico [email protected].
O participante deverá enviar em sua ficha de inscrição dados como o nome completo, CPF, e-mail, instituição a que está vinculado, e para quem deseja apresentar trabalho, a modalidade do projeto a ser apresentado (pôster, comunicação em simpósio e/ou ouvinte).
O Congresso é destinado a quem atua com a cultura, leitura, literatura, produção de textos e a compreensão leitora nas mais distintas áreas do conhecimento. É esperada a participação de professores, pesquisadores, bibliotecários, dinamizadores e estudantes de várias disciplinas e modalidades de ensino de Formosa, Goiás, do Brasil e países estrangeiros.
Dúvidas ou mais informações sobre as regras para apresentação e o encaminhamento do trabalhos ou resumos podem ser encaminhadas para os endereços eletrônicos [email protected], [email protected] e, ainda, através do telefone do Comitê Organizador: (61) 9909 1111.
Notícia publicada em 13/05/2013"
(http://www.cgri.ueg.br/noticia/14027)
OUTROS DADOS SOBRE O MESMO EVENTO CIENTÍFICO-UNIVERSITÁRIO:
VI Congresso Latino-Americano de Compressão Leitora acontecerá em Formosa/GO, de 4 a 6 de setembro
De 4 a 6 de setembro acontece o VI Congresso Latino-Americano de Compressão Leitora em Formosa/GO. As inscrições e orientações para inscrições podem ser feitas pelo e-mail:
[email protected] de 15/04/2013 a 31/07/2013.
Para envio de resumos as datas são:
15/04/2013 a 30/06/2013
Valores:Estudantes (sem apresentação de trabalho): R$30,00
Estudantes (com apresentação de pôsteres): R$40,00
Professores, Especialistas, Dinamizadores, Pesquisadores (sem apresentação): R$60,00
Professores, Especialistas, Dinamizadores, Pesquisadores (com apresentação): R$80,00
Mestres, Doutores e Pós-Doutores: R$100,00
Participantes estrangeiros: USD 100,00
No credenciamento, dia 04/09/2013/ às 09h, o candidato inscrito e com taxa de inscrição paga receberá:
1- Ecobag,
2- Camiseta do VI ConLaCol,
3- Pasta com papéis e caneta,
4- Programação, resumos das Conferências e palestras dos simpósios,
5- Crachá de identificação.
Haverá as seguintes modalidades de apresentação de trabalho:
1- Pôsteres (para estudantes de nível médio e graduandos);
2- Oficinas;
3- Comunicação em Simpósio (para pesquisadores, professores graduados ou não, especialistas, mestres, doutores e pós-doutores).
Para a Comunicação em Simpósio, cada participante poderá apresentar, no máximo, dois trabalhos. Os trabalhos podem ser apresentados em coautoria.
O pagamento da inscrição deverá ser feito via depósito na conta: Agência 0377-8
Conta Corrente 43390-X
Após o depósito, o participante deverá enviar para o e-mail do VI ConLaCoL cópia do comprovante da inscrição.
Em caso de transferência bancária não é necessário enviar a cópia de comprovante de inscrição.
O Comitê Organizador será isento da taxa de inscrição, mas deverá fazer sua inscrição, bem como remeter seu trabalho escrito para o endereço: [email protected]
As inscrições serão realizadas somente pelo e-mail do VI ConLaCoL - VI Congresso Latino-Americano de Compreensão Leitora - Jaime Cerrón Palomino: [email protected]
Da mesma forma, os resumos dos trabalhos a serem apresentados deverão ser remetidos ao VI ConLaCoL por este endereço eletrônico.
Os resumos de trabalho enviados serão avaliados e receberão o aviso de aceite até 20 (vinte) dias após remessa ao [email protected].
A data máxima para retorno do aceite, pelo Comitê Organizador, será 01/08/2013.
Participantes estrangeiros poderão efetuar o pagamento das inscrições no dia do evento. Entretanto, os prazos para inscrição, o envio de resumos e do artigo devem ser obedecidos.
A participação no evento, apresentação de trabalho e recebimento de certificado estão condicionados ao pagamento da respectiva taxa de inscrição.
Eventuais dúvidas poderão ser esclarecidas através do e-mail: [email protected] [email protected] e, ainda, através do telefone do Comitê Organizador:
0 55 61 9909 1111.
http://culturamidiaeducacao.blogspot.com.br/2013/04/vi-congresso-latino-americano-de.html
ESTADÃO, FEV. / 2001,
resenha sobre livro do
Prof. Dr. Flávio Kothe:
CADERNO2 - Variedades:
"Sábado, 3 de Fevereiro de 2001, 16:24
Crítico questiona literatura brasileira
Flávio René Kothe, professor de literatura da Universidade de Brasília, lançou recentemente O Cânone Imperial, em que analisa a tradição de nossa literatura
A pretexto de ensinar literatura, as escolas brasileiras martelam ideologia. A opinião é do professor de Teoria Literária Flávio René Kothe, da Universidade de Brasília (UnB), que lançou recentemente O Cânone Imperial (UnB, 608 páginas, 48 reais). O trabalho pode ser encarado como um segundo volume de uma obra que procura analisar tudo o que os estudantes têm de aprender no segundo grau. O primeiro volume seria, assim, O Cânone Colonial (UnB, 416 páginas, 39 reais). Ainda em 2001, deve ser publicado O Cânone Republicano, em dois tomos, completando a análise da tradição literária brasileira.
Kothe é implacável com os autores brasileiros e, especialmente, com o modo que eles são ensinados nas escolas. A leitura dele não perdoa nem Machado de Assis, considerado o ponto mais elevado da produção literária nacional. Embora ache que Assis é um escritor talentoso, recusa-se a incluí-lo no mesmo patamar de Dostoievski, Flaubert, Tolstoi e Goethe. No máximo, o põe no degrau de um Eça de Queirós.
O mais grave, no entanto, para Kothe, é a completa ausência de autores "do primeiro time" no segundo grau, o que deixaria os estudantes brasileiros sem parâmetros para ler, avaliar e produzir textos literários de qualidade. "É como se um professor de piano ensinasse somente a produção brasileira, deixando Chopin de lado", exemplifica, por telefone, de Brasília. A retirada dos escritores estrangeiros do ensino é uma herança dos militares, uma decisão que não foi revista com o fim do regime. "É inclusive um tiro no pé, um fechamento inadequado a um período de globalização, em que o mercado pede mão-de-obra criativa."
Como alternativa, ele afirma que a saída não é, simplesmente, substituir um cânone nacional por outro mundial: o ideal, diz, é combinar leituras universais com leituras locais, evitando uma sobrevalorização dos escritores nacionais. Além disso, ele propõe: que o curso secundário introduza a questão da qualidade, deixando de tratar todos os que figuram no cânone como grandes autores; uma revisão geral dos livros didáticos e o fim do "livro do professor", que traz todas as respostas prontas; e, o que parece óbvio, mas talvez não seja, estimular o espírito crítico do aluno, atualmente, visto como um depósito de informações no mínimo discutíveis. "A história da literatura brasileira é escrita como se o cânone fosse puro abrigo do talento, e como se todo talento fizesse parte desse panteão acadêmico", escreve no primeiro capítulo.
"Eu parti da concepção de que havia uma diferença básica entre o que é o todo da produção e circulação literária do Brasil e o que é ensinado nas escolas", afirma Kothe. Ele lembra que toda a literatura dos imigrantes - alemães, especialmente - produzida no Brasil está fora do universo literário das escolas, bem como uma série de autores que fica de fora por não reforçar a ideologia dominante. Contrariando Antonio Candido, acredita que não temos de amar, necessariamente a literatura brasileira porque ela "não é de primeira água" e também porque ela "não é uma expressão de todos os brasileiros", ao contrário do que o discurso teórico defende.
A definição do cânone literário brasileiro - aqueles autores que "representam" a história da poesia e da prosa do País - começa com o romantismo. Essa lista, emendada a partir de então, de José Veríssimo e Sílvio Romero a Candido e Roberto Schwarz, priorizaria, para Kothe, obras que reforçam a ideologia do Estado brasileiro, invertendo a lógica dos movimentos literários que os escritores importaram da Europa. No romantismo alemão, há um fosso entre o ideal e o real; o romantismo brasileiro, por sua vez, faz de conta que o ideal é a própria terra, o País e a Nação que está inventando. Kothe conclui, então, a equação: "Se o real é o ideal, nada deve ser modificado."
A literatura brasileira ensinada na escola, portanto, nascida da história da literatura que o romantismo cria, legitima a colonização portuguesa e o Estado brasileiro nascido em 1822. A escolha do homem ideal como sendo o índio nasce discriminando negros e mulatos: "A literatura nas escolas serve para ensinar racismo", diz ele. O mesmo se verificaria em Canaã, de Graça Aranha, mas, nesse caso, é o mulato o valorizado contra os imigrantes alemães (modelo que Mário de Andrade repetiria em Amar, Verbo Intransitivo e Macunaíma, no último caso, substituindo o preconceito contra o alemão pelo contra o italiano).
Uma das questões abordadas por Kothe é essa escolha do índio como "fundador" da nacionalidade brasileira, mito que encontra em José de Alencar (O Guarani e Iracema) e Gonçalves Dias (com o poema I-Juca Pirama), seus principais representantes. Para Kothe, além do problema da questão racial, as escolhas românticas mostram o mecanismo de inclusão e de exclusão do cânone.
Na Europa, havia três modos de pensar os índios: como a encarnação do bem (o bom selvagem), como encarnação do mal e como instrumento da sátira.
"O cânone brasileiro, sistematicamente, exclui o índio satírico, representado pelo poema O Elixir do Pajé, de Bernardo Guimarães", afirma. A obra, que usa a mesma estrutura poética de I-Juca Pirama, tem conotação sexual explícita: o pajé em questão vê-se impotente e pede uma ajuda a Tupã, mas exagera na dose do remédio.
A inversão do modelo europeu como meio de sustentar a colonização portuguesa e o Estado criado com o Império, fundado no escravismo, não seria uma característica exclusiva dos românticos. "Não à toa, o marxismo proletário de Émile Zola está ausente da obra de Aluísio Azevedo, o satanismo de Charles Baudelaire desaparece na poesia de Olavo Bilac e o espírito crítico de Flaubert desaparece nos textos de Machado."
Nos capítulos dedicados a Machado de Assis, Kothe defende que suas posições reacionárias determinaram a configuração de sua obra e ajudam a canonizar seus últimos romances. "É tal o temor reverencial que a penúltima tentativa de redimir Machado é dizer que ele não adota posição nenhuma, mas apenas desmonta, com a sua ironia, toda e qualquer posição política ou filosófica. Ora, ele apenas disfarça melhor que outros", escreve Kothe.
Nesse disfarçar, Assis teria mantido a figura da mulher sem voz em Dom Casmurro. Bentinho, o narrador, jamais lhe dá voz, ao contrário do que ocorre em Madame Bovary, de Flaubert. Se Dostoievski e Alencar usam a figura da prostituta que se redime por amor, Assis constrói personagens femininas a partir de senhoras respeitáveis que se revelam oportunistas, desleais e não-confiáveis. Capitu, bem como Escobar, representariam o perigo das classes ascendentes contra a oligarquia (Bentinho). A crítica, contudo, não estaria direcionada à elite escravista, mas justamente a esses novos atores sociais.
Mas não são inúmeras as leituras que apontam Capitu como a real protagonista de Dom Casmurro e que ensinam a desconfiar, sobretudo, do narrador? Para Kothe, essa é uma leitura enviesada, que procura salvar Machado de Assis da própria obra. Algo semelhante ocorreria com a figura do negro. Para Kothe, é uma voz que Machado de Assis sempre busca calar. Um dos exemplos que usa é o de um diálogo entre Bentinho e um negro, chamado Tomás. O narrador chama-o, faz duas perguntas, servilmente respondidas pelo escravo, logo dispensado com um "Vá-se embora". "Se ele fosse alemão, seria considerado racista; por ser mulato, fisicamente, é considerado realista. Ele procurou negar e renegar a sua origem, identificando-se com a elite branca. Nesse sentido, o ´realista´ é um ´racista´, ainda que não por ideologemas diretos e claros; por isso - e não apesar disso - entra no cânone", escreve Kothe.
A premissa de Kothe é verdadeira: há um temor reverencial diante das obras clássicas, o que vai contra a liberdade que a leitura exige para que permita uma compreensão melhor do mundo. Concordar com todas as conclusões dele é menos importante do que perceber que o livro cumpre o que promete - expõe as contradições e fraquezas dos autores tidos como grandes e da recepção com que foram agraciados. Obriga a quem quiser defender os clássicos brasileiros a responder aos argumentos dele.
Se Kothe não é tão rigoroso com os autores do grande cânone mundial como é com os brasileiros - ele defende-se, dizendo que a obra de Shakespeare supera suas fraquezas ideológicas e afirmando que orienta alunos de pós-graduação que estudam os clássicos a lê-los também de um modo implacável -, essa limitação não precisa ser aceita pelo leitor. O caminho de uma leitura crítica permanente está aberto."
(http://www.estadao.com.br/arquivo/arteelazer/2001/not20010203p3286.htm)
Semiótica - Peirce, Sausurre, Jakobson,
Bakhtin e Lotman,
Youtube:
Trabalho apresentado na pós em Comunicação, Publicidade e Negócios - IV, CESUMAR, 2008.
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O CISC, DE SAO PAULO-SP,
INDICA A SEGUINTE LEITURA:
(A Sociedade do Espetáculo - Guy Debord)