[Flávio Bittencourt]

Bessa Freire escreve sobre Reynaldo Jardim

O estupendo depoimento do Prof. Bessa Freire é nada mais, nada menos, do que um exercício de admiração.

 

 

 

 

 

 

 

  

 

"MM [A ATRIZ MARILYN MONROE] morre antes de viver a solidão de um novo dia"

(TÍTULO DE MATÉRIA DE CAPA DO CADERNO B [SEGUNDO CADERNO

DO JORNAL DO BRASIL, Rio (2.6.1962)], no qual o traço poético

da frase - do verso solitário de um poema jornalístico? - está entrelaçado com a

informação factual recente)

 

 

 

 

 

"50 anos do Manifesto Neocroncreto"

 

Capa de 2009

Capa de 2009

 

 

 

Capa de 1959

Capa de 1959

 

 

 

[O MANIFESTO CITADO NO TÍTULO DA MATÉRIA A SEGUIR

REPRODUZIDA É O MANIFESTO (BRASILEIRO) NEOCONCRETO,

DE 1959].

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(http://www.maisquecoisa.net/?p=186)

 

 

 

"ARTE – ESCULTURA – LYGIA CLARK – 1920 – 1988

 

Lygia Clark foi Pintora e Escultora Brasileira do Grupo Neo Concreto. Estudou com Roberto Burle Marx e Zélia Salgado no Rio de Janeiro, viajando para Paris para estudar com o Pintor Cubista Léger. Expõe pela primeira vez em Paris em 1952 no Institut Endoplastique. De volta ao Rio de Janeiro expõe no Ministéria da Educação e Cultura em 1954, ano em que participa da fundação do Grupo Frente, aplicado no estudo espacial e na concrectude do ritmo como condutor de expressão plástica.

Expõe suas ” Superfícies Moduladas “ entre 1952-57 e ” Planos em Superfície Modulada ” de 1956-58 com características de projeção geométrica no plano além da moldura. Participou em 1954, com a série ” Composições “ da Bienal de Veneza, voltando a expor como convidada numa sala especial em 1968.

Em 1959, participou da Exposição de Arte Neoconcreta com a apresentação do Manifesto Neoconcreto, com as propostas do grupo composto pelo Poéta e Crítico Theon Spanuds, Lygia Pape, Franz Weissmann, Amílcar de Castro, Ferreira Gullar e Reynaldo Jardim. Entre suas séries com suportes diferentes temos ” Casulos “ de 1959 e ” Bichos “ de 1960 – esculturas articuladas em alumínio. No ano seguinte ganha o prêmio da Bienal Internacional de São Paulo com a série ” Bichos “.

( continuamos com LYGIA CLARK na próxima matéria )

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

PROF. BESSA FREIRE: FOI UM DOS JORNALISTAS

DE RECONHECIDA COMPETÊNCIA PRÁTICO-PROFISSIONAL

E TEÓRICA DA EQUIPE DE O SOL, jornal-escola inovador 

fundado por Reynaldo Jardim

(SEM A LEGENDA ACIMA ENGENDRADA,

A FOTO DO ETNO-HISTORIADOR, PROFESSOR

E JORNALISTA AMAZONENSE PODE SER VISTA, NA WEB, EM:

http://www.cartacapital.com.br/carta-fundamental/o-indio-fora-do-foco-da-historia,

onde se pode ler:

" 'O índio na escola era uma nota de pé de página carregada de preconceito', diz Bessa Freire. Foto: Jonas Cunha [REVISTA CARTA CAPITAL]")

 

 

 

 

"QUER FALAR SOBRE ASSUNTOS DE SERVIÇO COM OS SUBORDINADOS HIERÁRQUICOS

DO JORNALISTA REYNALDO JARDIM? VÁ ENTÃO, CARO SENHOR, FALAR PRIMEIRO

COM ELE, PORQUE ELE É O CHEFE, AQUI! "

 

(FRASE QUE DEVERIA TER SIDO DITA A CERTO

MAGNATA DA IMPRENSA, CERTA VEZ,

FICCIONALIZADA COMO RESPEITO

A REYNALDO JARDIM, NO ÂMBITO DA

COLUNA "Recontando estórias do domínio público")

 

 

 

 

 

"REYNALDO JARDIM FOI, COMO TODOS SABEM, UM MESTRE DOS MESTRES DE JORNALISMO. "

(IDEM)

 

 

 

 

 

                        AGRADECENDO PENHORADO AO PROF. BESSA FREIRE - DA UERJ E DA UNI-RIO -

                        PELA DIVULGAÇÃO DE EXTRAORDINÁRIAS ESTÓRIAS DA HISTÓRIA DO

                        DR. REYNALDO JARDIM (1926 - 2011), AO FOTÓGRAFO JONAS CUNHA,

                        PELA EXCELENTE FOTO DE JOSÉ DE RIBAMAR BESSA FREIRE,

                        EM MEMÓRIA DAS ARTISTAS NORMA JEAN BAKER

                        (NOME ARTÍSTICO: MARILYN MONROE, 1926 - 1962), ATRIZ, E

                        LYGIA CLARK (1920 - 1988), ESCULTORA, E

                        HOMENAGEANDO OS TRABALHADORES QUE CIVILIZADAMENTE E SEM VIOLÊNCIA

                        ENFRENTAM PATRÕES ARROGANTES E MAL-EDUCADOS, QUANDO ESTES

                        ESTÃO completamente errados!

 

 

 

 

 

6.2.2011 - O deselegante MOGUL (TUBARÃO DA MÍDIA) que era o proprietário do Jornal do Brasil (Rio de Janeiro, quando esta cidade já não mais era a capital do Brasil, em 1964) queria passar por cima da autoridade de Reynaldo Jardim, reunindo a equipe deste último diretamente, sem falar primeiro com ele - Reynaldo Jardim pediu demissão na mesma hora [*], perdendo uma série de direitos líquidos e certos, porque aquele grande homem do jornalismo brasileiro tinha mais de dez anos de Casa (ou seja, já tinha adquirido estabilidade no emprego, de acordo com legislação trabalhista vigente, na época). Essa não foi contada pelo professor e jornalista José de Ribamar Bessa Freire, porque é uma estória que está devidamente relatada pelo próprio R. Jardim na entrevista que adiante está transcrita, logo depois da MAGNÍFICA CRÔNICA DE BESSA FREIRE SOBRE SEU PROFESSOR - na prática - DE JORNALISMO, REYNALDO JARDIM. (Se Reynaldo Jardim foi mestre de um professor como Bessa Freire, ele foi PROFESSOR DOS PROFESSORES, é claro!)   F. A. L. Bittencourt ([email protected])

LEIA, POR FAVOR, SOBRE REYNALDO JARDIM, NESTA MESMA COLUNA:

http://www.portalentretextos.com.br/colunas/recontando-estorias-do-dominio-publico/obituario-reynaldo-jardim-aos-84-anos-em-brasilia,236,5525.html;

http://www.portalentretextos.com.br/colunas/recontando-estorias-do-dominio-publico/geracoes-de-jornalistas-se-encontram-no-funeral-de-reynaldo-jardim,236,5528.html e

http://www.portalentretextos.com.br/colunas/recontando-estorias-do-dominio-publico/obrigado-rey,236,5559.html.

 

[*] - PROXIMAMENTE, aqui: artigo de Ulysses Bittencourt (1916 - 1993), publicado no jornal A CRÍTICA, sobre o introdutor do Modernismo no amazonas, o jornalista, editor e escritor Clóvis Barbosa (1904 - 1989, anos de nascimento e falecimento levantados em http://www.sumauma.net/amazonian/literatura/biom/bio_violeta.html), QUE PERDEU TRÊS EMPREGOS NO MESMO DIA, EM MANAUS, apenas porque era íntegro! (*risos* - Com todo o respeito que a gloriosa memória do Dr. Clóvis Barbosa nos inspira.)

 

 

 

 

BESSA FREIRE ESCREVE SOBRE REYNALDO JARDIM (hoje, domingo, 6.2.2011):

 

"LÁ SE FOI NOSSO JARDIM
José Ribamar Bessa Freire
06/02/2011 - Diário do Amazonas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poeta e jornalista Reynaldo Jardim (1926-2011)

Lá se foi nosso Jardim, levando pra outra galáxia um pouco da poesia e do sonho que nos acalentou. Poeta e jornalista, 84 anos, Reynaldo Jardim decolou na madrugada da terça-feira do Hospital do Coração, em Brasília. No dia anterior, pediu à sua mulher Elaina Daher:

 

- “Não quero choro nem vela, só samba”.

No velório, no Teatro Nacional, parentes e amigos se despediram, tristes, mas cantando. Houve só “choro de flauta, violão e cavaquinho”. Se dependesse do Reynaldo, a mulata da fita amarela, do samba de Noel Rosa, sapatearia sobre seu caixão, desmoralizando a morte. É a cara dele.

A notícia circulou nos principais jornais do país. O Globo, com chamadinha discreta, remeteu o leitor para o Obituário. A Folha de S. Paulo, estranhamente, deu no Caderno Poder, além da homenagem de Jânio de Freitas em sua coluna. O Estadão, sisudo e pedante, informou que “Silveira escreveu livros de poesia”, que “Silveira criou o Caderno B do Jornal do Brasil”. O “jornalismo investigativo” descobriu que o poeta carregava, além de flores, um sobrenome que nunca usou.

Esperamos as colunas dos amigos de Reynaldo, Zuenir Ventura e Ruy Castro, no sábado, mas eles abordaram outros temas. Zuenir escreveu sobre seu cálculo renal, e Ruy Castro sobre a morte da atriz Maria Schneider do filme “O último tango em Paris”.   

Os critérios usados pela mídia para hierarquizar a notícia não são os mesmos que cada um usa quando faz seu próprio jornal, íntimo e pessoal. Quem conviveu com Reynaldo Jardim, mesmo por pouco tempo, abriu dentro do peito uma foto dele sorridente com manchete em oito colunas, anunciando sua partida em letras garrafais. Ela nos afetou mais que o “sacrifício” do Sarney, a vitória do Flamengo, o apagão no Nordeste, a morte de Maria Schneider ou a crise do Egito. E não apenas por razões afetivas, mas pelo lugar dele na poesia, no jornalismo e na cultura brasileira.

Rey, o jornalista

Jardim, o multimídia, tocou vários instrumentos: jornal, revista, rádio e TV. Liderou a reforma gráfica do Jornal do Brasil e ali criou o Caderno B e o Suplemento Dominical que se tornou um ninho de poetas e escritores e um modelo para outros jornais. Bolou o sistema “música e informação” da Rádio JB, atuou em outras rádios e marcou toda a radiofonia brasileira, como destaca Jânio de Freitas. Dirigiu o telejornalismo da TV Globo, recém-inaugurada, obtendo o primeiro lugar na audiência ao colocar câmeras no telhado e no terraço da emissora para transmitir as cenas da enchente de 1966.

Ele dirigiu Senhor e Panorama, foi redator das revistas O Cruzeiro, Manchete e Bundas e fez romaria por todo Brasil, do Oiapoque ao Chuí, revolucionando a roupagem de velhos jornalões. Reformou três jornais no Paraná, dois em Brasília, o Diário da Manhã, de Goiás, O Liberal no Pará e tantos outros.

Por onde passava, deixava as redações contaminadas com sua alegria e seu jeito de tratar a notícia. Foi assim n'A Crítica, de Manaus, onde tomou banho de igarapé, pescou, namorou, modernizou a linguagem e a diagramação, fez poesia e amigos, arejou pessoas e deixou saudades. Umberto Calderaro, responsável por sua contratação, nunca esqueceu a revolução em seu jornal, conforme me confidenciou várias vezes, depois que soube das aventuras que compartilhei - que privilégio! - com Reynaldo Jardim.

A primeira delas foi no jornal-escola O Sol, um diário do Rio de Janeiro, que começou, em 1967, como suplemento do Jornal dos Sports, um projeto gráfico inovador elaborado por Reynaldo e Ana Arruda Callado. Revoltou-se contra a embalagem da notícia, sempre a mesma fórmula em todos os jornais: lead, sub-lead... Ele nos fez redescobrir o prazer do texto, da ousadia, da inovação.

Lá, n’O SOL, um dia, quando a redação, dividida, discutia acaloradamente sobre a melhor manchete, sem chegar a um acordo, Reynaldo chamou o porteiro que decidiu o que era melhor para o leitor. Essa é uma lição de jornalismo que poucos cursos são capazes de dar. Depois disso, me parece evidente que o porteiro, como leitor, é que deve ser o árbitro.

Quando O SOL entrou em ocaso, dezembro de 1967, Reynaldo, Ana Callado e seus 50 repórteres criaram uma cooperativa jornalística que editou durante alguns meses o semanário Poder Jovem, vendido nas ruas por nós mesmos. Um dia, fui flagrado por meu primo Sebastião Mendonça, na Praça Mauá: - Você é jornalista ou jornaleiro?  – me perguntou ele, surpreso. É que, com Reynaldo, os limites dessas coisas ficavam difusos, a gente fazia tudo e qualquer coisa, até televisão, se fosse preciso. 

Foi preciso. A TV Continental, com Fernando Barbosa Lima, convidou Reynaldo, em 1968, para o Jornal de Vanguarda e ele levou pra lá a minha juventude e inexperiência. Era a época das grandes passeatas estudantis. Saí para cobrir uma delas. O centro do Rio era uma praça de guerra com a adesão dos offices boys que jogavam pedras na polícia. Do alto de um edifício na Rua México, alguém atirou uma máquina de escrever que caiu sobre o ombro de um policial, obrigando-o a soltar um manifestante preso. Podia ter acertado o jovem, que teve sorte e se escafedeu.

- Deus é estudante – eu disse, depois de relatar o fato. Reynaldo ouviu atentamente. No Jornal de Vanguarda, ele fazia um poema por dia, comentando em versos o acontecimento mais importante. Nessa noite, cada estrofe do poema que ele escreveu terminava com o verso: “Como disse Riba, Deus é estudante”. Reynaldo Jardim, o Pitangui dos jornais, foi uma usina de versos.

O poeta

Quando O Sol estava nas bancas de revista, Reynaldo assistiu a um show da Maria Bethânia, entrou em transe e escreveu de uma só golfada Maria Bethânia, Guerreira, Guerrilha, onde nos contava que “o fogo do sonho / não é fogo de palha / tem o corte seco / da seca navalha / no capim mimoso / o fogo se espalha”. Foram dez livros de poesia, o último Sangradas Escrituras, com todos seus poemas em mais de 800 páginas, foi lançado há um ano. Vale a pena uma pequena amostra.

No poema Pórtico dos Fundos, ele define sua relação com a poesia, com a arte e com a vida: “Afinal de contas / nem gosto tanto assim de poesia. / Gosto mais de música. Só música / sem palavras nem aplausos. / De pintura. Só pintura / Sem teoria ou mensagem / De cinema. Só cinema/ sem mesa redonda / nem voto popular./ E da vida / sem título / sem vínculo /sem legendas”.  

“Se eu quiser falar com Deus – canta Reynaldo em Sangradas Escriturastenho que abaixar a crista, tenho que seguir à risca o que o Gil nos ensinou. Tenho que aguardar na lista minha vez, minha audiência, uma vaca de paciência, ruminando meus pecados. Quando chegar minha vez, tenho que soltar o grito. Pois daqui ao infinito, Deus não vai me escutar. Ele está ficando surdo, já não enxerga direito. Contragosto e contrafeito com o mundo que criou. Antes de falar com Deus, eu arrumo um pistolão. Pode ser Antônio ou João, qualquer santo de prestígio. Tenho que levar presentes, minha alma, meu delírio, a luz acesa de um círio, que ele está na escuridão”.

Desafiante, quase insolente, o poeta prossegue: “Se eu quiser, mas eu não quero, que esse Deus é prepotente. Ele é onipresente, só não está onde estou. Se quiser falar comigo, não atendo o celular. Não deixo a mesa do bar, que esse chope está demais. Eu só vou falar com Deus, quando ele matar a fome dessa criança sem nome, que não para de chorar. Quando ele descer do céu e vir que cada menino, sem presente, sem destino, precisa de um beijo seu”.

Foi Reynaldo Jardim que me encaminhou para trabalhar em O PAIZ, ressuscitado em 1968 pelas mãos de Joel Silveira, Newton Rodrigues e Félix de Athayde. Foi ele também que no ano seguinte me levou como repórter especial para o CORREIO DA MANHÃ, cujo chefe de redação era Franklin de Oliveira. Depois de oito anos de exílio, só voltei a vê-lo, em 2006, no lançamento do documentário Caminhando contra o vento, de Tetê Moraes e Marta Alencar, que conta a trajetória do jornal O SOL. Foi ai que ele me perguntou:

 - O que você acha de fazermos O SOL outra vez?

O entusiasmo de Jardim é contagiante. Topei na hora, mesmo sabendo que era brincadeira. Mas com Jardim, o legal é que tudo é brincadeira, incluindo as coisas mais sérias. Estimulado pelo fogo do seu sonho, que no capim mimoso se espalha, a gente faz qualquer coisa. Serei até jornaleiro, outra vez. Agora, que ele partiu, na contramão lhe digo: Não descansa em paz, meu amigo. O descanso é para os mortais. A tua poesia continua agitando e incendiando o mundo". (JOSÉ DE RIBAMAR BESSA FREIRE,

http://www.taquiprati.com.br/cronica.php?ident=902)

 

  

 

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[Blog FALANDO DO B,

sendo que FACHA signfica

FACULDADE HÉLIO ALONSO,

uma insituição particular de Ensino Superior

localizada no Rio de Janeiro-RJ, Brasil]

 

"Sobre nós


O blog “Falando do [SEGUNDO CADERNO DO JORNAL DO BRASILB” tem como objetivo resgatar a história de um grande sucesso do Jornal do Brasil, o Caderno B. Os alunos da FACHA (Méier [BAIRRO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO]) desejam mostrar o início desse suplemento, a sua fase áurea, os grandes escritores e jornalistas que trabalharam no caderno e o quanto ele foi importante, visto que inaugurou uma área cultural até então inexplorada pelo jornalismo brasileiro. Os cadernos culturais se transformaram em objeto de desejo da maioria dos jornais depois de sua criação. O Caderno B foi o pioneiro e até hoje nós podemos curtir esse trabalho diariamente no JB".
 
 
 
 
 
"Domingo, 21 de junho de 2009

Entrevista com Reynaldo Jardim, criador do Caderno B

 

Reynaldo Jardim foi o criador do Caderno B e participou da reforma do JB nos anos 50. Aos 82 anos, diz estar cada vez mais jovem e pede para não ser chamado de senhor. Com simpatia, se disponibilizou a responder perguntas para o Falando do B.
 

1- Como foi seu ingresso no JB? Quais cargos ocupou até chegar no momento
da criação do Caderno B?

Pela porta do Rádio Jornal do Brasil, onde dirigi e criei o Sistema “música e informação”.


2- No que exatamente consistiu a Reforma do JB, ocorrida nos anos 50?
A reforma do JB começou justamente nesse suplemento. Era um caderno de vanguarda inserido num mar de anúncios classificados. Com o sucesso do SDJB, a Condessa Pereira Carneiro resolveu dar uma cara e um conteúdo novo ao jornal. Chamou uma equipe de jornalistas, a maioria vinda do Diário Carioca. A cabeça da reforma do JB foi o Janio de Freitas. Você precisa falar com ele.


3- Como foi o processo de criação do Caderno B, tanto na parte gráfica quanto na de conteúdo?
Antes de criar o Caderno B inventei o Suplemento Dominical do Jornal do Jornal do Brasil que começou sendo um programa de crítica, comentários e assuntos culturais. O programa se transformou em caderno cultural, onde colaboraram: Antônio Houaiss, Ferreira Gullar, Mário Pedrosa, Mario Faustino, o Nogueira, o Rouanet e um punhado de jovens muito bem informados.


4- De que forma foi traçada a linha editorial do B?
O JB era editado em dois cadernos. O segundo era apenas o prosseguimento do primeiro e nele saiam os classificados. Eu achei que esses anúncios deveriam sair em caderno separado. O caderno A, atualidade; o C, classificados; o do meio, o B, assuntos culturais. O B, batizado pelo Jânio, era editado por mim. Como eu só sei editar desenhando as páginas.

Não houve um planejamento a priori. As coisas foram tomando forma aos poucos, à proporção que ia formando a equipe. Havia páginas com editorias fixas. Por exemplo, o Sérgio Cabral escrevia uma página chamada “Música naquela base”. O Noronha copidescava “Onde o Rio é mais carioca” com matéria produzida pelo Amaury e a Vera. O Newton Carlos, “O céu também é nosso”.


5- O prestígio do Caderno era em função da qualidade das matérias ou dos colunistas?
Da inovação, do bom jornalismo, da dedicação de todo mundo.


6- De que forma os colunistas eram escolhidos?
Pelo talento e bom texto. Pela honestidade profissional.


7- Como era trabalhar com pessoas famosas como Clarice Lispector, Marina Colasanti e Drummond?
Eu criei e editei o B durante cerca de seis anos. Depois vieram outros editores. No meu tempo eu não trabalhava com pessoas famosas, trabalhava com jovens competentes que depois se tornaram famosos.


8- Por qual motivo o senhor se demitiu do JB em 1964?
Quando eu me demiti, era o editor do B, diretor da Rádio JB, fazia o Caderno de Domingo e uma revistinha para crianças.

Um dia eu cheguei na rádio e a equipe de programação da música não estava lá. Me informaram que o Dr. Brito havia convocado o pessoal para orientá-los. Entrei na sala de reunião e lá estava o meu pessoal recebendo instruções. Fiquei furioso com a quebra de hierarquia. Só porque ele era o dono da empresa pensava que podia passar por cima. Eu me sentia o dono da rádio. Sai da sala e bati a minha carta de demissão. Naquele tempo com mais de 10 anos de serviço, a não ser por justa causa, ninguém podia ser demitido. Sem uma alta indenização. Abri mão de tudo.


9- Em termos de ambiente, colegas e linha editorial, em qual veículo o senhor gostou mais de trabalhar?
Eu não trabalho onde não gosto. No JB era ótimo. No Correio da Manhã, melhor ainda. No Sol foi o trabalho mais gratificante.


10- O caderno de hoje pode ser considerado tão bom quanto o Caderno B dos anos 60 e 70?
O próprio Jornal do Brasil piorou muito, O B de hoje não é nada. O JB perdeu a dignidade formal e de conteúdo. Mas tem gente boa lá. 
 
 
Por Daniela Frauches e Jéssica Lima".
 
 
 
 
 
 
 
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BLOG HOJE NA HISTÓRIA (AGO. / 2008):
 

"1962 - A paz de Marilyn Monroe

Primeira página do Caderno B do Jornal do Brasil: Terça-feira, 7 de agosto de 1962
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
"Era um domingo bonito demais para se morrer. Mas acordou com a dor e o luto de todo o mundo. A dor e o luto de também perder Marilyn Monroe. Marilyn morreu com a madrugada, e levará para o túmulo a beleza do corpo e a tristeza da alma. Hoje o mundo chora a morte da mulher bonita e a impossibilidade de a mulher triste sobreviver ao martírio de sua tristeza". Jornal do Brasil
 
(http://www.jblog.com.br/hojenahistoria.php?itemid=9500)