Aves retratadas
Por Flávio Bittencourt Em: 08/02/2013, às 13H03
[Flávio Bittencourt]
Aves retratadas
Tucanos, jabutis e galos: no jogo do bicho, só é possível apostar neste último, que corresponde ao grupo 13 / vinte e cinco grupos [dezenas 49, 50, 51 e 52], mas jabuti não é ave, é carta do baralho chamado MICO PRETO!
(http://www.comics101.com/comics101/?mode=project&action=view&project=Comics+101&chapter=12)
"HÁ UMA CARTA DO MICO PRETO QUE É A DO JABUTI; A CARTA QUE COM
ELA CASA É A DA JABOTA; A ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ESCOLHEU O
MARIDO DA JABOTA PARA DENOMINAR O TÍTULO DE UM COBIÇADO
PRÊMIO LITERÁRIO E A FIFA PREFERIU QUE UM TATU-BOLA SIMPÁTICO
FOSSE O MASCOTE DA PROXIMA COPA DO MUNDO. O PROBLEMA NÃO É
A FIFA ESCOLHER CANÁRIO, TUCANO, ESTRELA VERMELHA, MICO, KING KONG,
JABOTA, PACA, TATU (COTIA, NÃO), NEM STALLONE COBRA PARA MASCOTE DA
COPA - É QUEM VÃO SER OS ADVERSÁRIOS DO BRASIL SE A SELEÇÃO DE
SCOLARI PASSAR PARA AS FASES SEGUINTES..."
(C R...)
MOTE PARA FAZER HAICAI
(mandou-me Magda Melo, amiga):
JA TIVE (o baralho do jogo) MICO PRETO, MAS QUANDO JOGUEI, SÓ PERDI.
[*risos*]
haicaiii
pago micos pretos:
compro aqueles baralhos
para perder.
(fb;
obs.: MICO PRETO é um
PRODUTO MATRICIAL: pode-se pensar,
a partir d' "aqueles baralhos" (alternativos, no
plural), navios, uniformes, personagens do sítio do
picapau amarelo, figuras históricas, casais célebres,
cangaceiros [Lampião não seria o Mico, porque haveria a
carta Maria Bonita para se casar com ele...], instrumentos musicais
etc.; agradeço à Magda Melo pela gentileza do mote
fornecido sobre o seu antigo baralho de MICO PRETO)
(http://veja.abril.com.br/blog/sobre-palavras/curiosidades-etimologicas/do-calote-ao-mico-do-domino-ao-baralho/)
CAPITÃO MARVEL E O TIGRE FALANTE:
"One of the most popular “cartoony†elements of the series was introduced in 1947. In “The Talking Tiger,†Captain Marvel readers met Mr. Tawny, a talking tiger who grows tired of the jungle and stows away on a boat to America to see what civilization is like. When he’s met with somewhat less than a friendly impression on the city streets (including a bop on the snoot from a well-meaning but overreacting Captain Marvel), Tawny decides that it’s obviously clothes that make the man, and goes down to the haberdasher’s for a fine set of threads. The newly dapper Mr. Tawny makes Captain Marvel see the error of his ways, so to make amends, Cap gets Tawny a position as lecturer at the city’s museum of natural history. Sure it was goofy, but the stories have a simple, innocent charm that allow you to accept it. It wasn’t even explained just how Mr. Tawny gained the ability to speak until his next appearance in 1948, and he was a series regular after that."
(http://www.comics101.com/comics101/?mode=project&action=view&project=Comics+101&chapter=12)
TIGRE RARO (BRANCO):
COMO SAIRÁO OS FILHOTES DE UM CASAL DE TIGRES COM
PELOS DE CORES DIFERENTES?
"SE EU PROJETASSE UM JOGO DE MICO PRETO COM TIRANOS
FICCIONAIS DAS ESTÓRIAS EM QUADRINHOS, QUEM OCUPARIA
OLÍMPICO LUGAR DE MICO PRETO SERIA O OBSESSIVO E SÁDICO
DOUTOR SILVANA!"
(O resppp C R ...)
"ALGUNS DITADORES COMO A. HITLER E J. STÁLIN, SE FOSSEM VIVOS E
DONOS DE ZOOLÓGICOS, POSSIVELMENTE NÃO GUARDARIAM ALI
TIGRES MESTIÇOS, HAJA VISTA QUE, NO CASO DO PRIMEIRO GENOCIDA
CITADO, O SER TOTÁLITÁRIO-QUE-GOSTAVA-DE-DISCURSAR TINHA
AVERSÃO A MESTIÇOS, COITADO... [coitado desse cidadão que mais
parecia uma espécie de doutor Silvana "verdadeiro"]
(C R...)
(http://www.ninha.bio.br/biologia/tigre.html)
(http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL650499-5602,00.html)
"O jogo do bicho é uma bolsa ilegal de apostas em números que representam animais. Foi inventado em 1892 pelo barão João Batista Viana Drummond, fundador e proprietário do jardim zoológico do Rio de Janeiro, em Vila Isabel, no Rio e Janeiro, no Brasil[1].
A fase de intensa especulação financeira e jogatina na bolsa de valores nos primeiros anos da república brasileira imprimiu grave crise ao comércio. Para estimular as vendas, os comerciantes instituíram sorteios de brindes. Assim é que, querendo aumentar a frequência popular ao zoológico, o barão decidiu estipular um prêmio em dinheiro ao portador do bilhete de entrada que tivesse a figura do animal do dia, o qual era escolhido entre os 25 animais do zoológico e passava o dia inteiro encoberto com um pano. O pano somente era retirado no final do dia, revelando o animal do dia. Posteriormente, os animais foram associados a séries numéricas da loteria e o jogo passou a ser praticado largamente fora do zoológico, a ponto de transformar a capital da república (de 1889 a 1960) na "capital do jogo do bicho".
[http://pt.wikipedia.org/wiki/Jogo_do_bicho]
"LEGALIZAR O CONSUMO DE DIAMBA? SOU CONTRA!
LEGALIZAR AS BANCAS DO JOGO DO BICHO?
SOU A FAVOR; Afinal, não se trata da velha e querida ZEBRINHA DA LOTECA,
mas são 25 animais votantes: 25 x 1 (é preciso analisar a quantidade de
eleitores da festa no céu). E QUE PARTE DO IMPOSTO DESSA
ZOOLOTERIA se destinasseeeee SOC. PROT. DOS ANMIMAISSSSSS
=== em edição ===
(C R...)
Grandes tiranos da história viram jogo de cartas na Alemanha
Produto vendido a 9,90 euros segue as regras do jogo de mico preto.
Além de fotos, traz informações sobre cada um dos personagens.
(http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL650499-5602,00.html)
Galo
49--50--51--52
OBRA DO SAUDOSO POETA E POLÍTICO
AUGUSTO FREDERICO SCHIMDT,
CITADA POR HELIO FERNANDES,
NUMA TELEVISIONADA ENTREVISTA:
(http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-441259680-o-galo-branco-paginas-memorias-augusto-frederico-schmidt-_JM)
" 'A Privataria Tucana' está entre os finalistas do Prêmio Jabuti
Publicado em 22 de setembro de 2012 às 5:53 pm
Do blog da Geração Editorial
O livro-reportagem mais polêmico e vendido do ano, A Privataria Tucana, do jornalista Amaury Ribeiro Junior, está entre os finalistas do Prêmio Jabuti, na categoria Reportagem. Esse é o prêmio mais prestigiado da literatura brasileira.
Para Geração Editorial, com 20 anos de polêmicas e honrando o seu slogan, uma editora de verdade, este livro-reportagem ou livro-denúncia tem uma satisfação especial: a obra trouxe – com provas robustas e documentos inéditos – à tona para a sociedade brasileira mais um caso emblemático de corrupção e lavagem de dinheiro público que lesou milhares brasileiros, na chamada Era das Privatizações. Os desvios aconteceram durante o governo Fernando Henrique Cardoso, por intermédio de seu ministro do Planejamento, ex-governador de São Paulo, José Serra.
A Geração Editorial acreditou no excepcional trabalho jornalístico do premiado jornalista Amaury Ribeiro Junior, vencedor das maiores honrarias da imprensa brasileira, como por exemplo, três prêmios Esso e quatro prêmios Vladimir Herzog.
O furacão A Privataria Tucana vendeu no dia do seu lançamento; nada menos que 15 mil exemplares, sucesso inquestionável de aceitação. Em dois meses foram mais de 100 mil cópias e permaneceu por mais de quatro meses em diversas listas de livros mais vendidos do país.
“Estar entre os finalistas do Prêmio Jabuti é ver que meu trabalho de mais de 10 anos investigando dezenas de pessoas valeu a pena. O Brasil está em um momento que é necessário investigar, escrever e publicar obras sérias que sirvam para tirar as máscaras de pessoas que usurparam e ainda usurpam o nosso país. A corrupção é um mal, mas com coragem e trabalho sério é possível mostrar quem são os corruptos e corruptores”, conta Amaury.
A Privataria Tucana foi lançado em mais de 10 capitais, entre elas estão São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Belém, Porto Alegre, Curitiba, entre outras. Os eventos ficaram conhecidos como a “Caravana da Privataria Tucana”, e em todos os lugares compareceram centenas ou milhares de pessoas.
“Os lançamentos mostraram que fiz uma obra séria e relevante para a população em geral. Em diversas situações fiquei emocionado com os depoimentos das vítimas da Era das Privatizações. São pessoas que perderam o emprego em estatais de um dia para outro, viram as suas vidas se arruinarem e muitas cometeram suicídio ou ficaram depressiva e até hoje não conseguiram se reerguer. A sequela deixada é muita maior do que imaginam. Por isso, espero que a CPI da Privataria siga em frente e mostre a real face desses usurpadores de dinheiro público”, complementa Amaury.
O Prêmio Jabuti é promovido pela CBL (Câmara Brasileira do Livro) e está na 54ª edição. Os três vencedores de cada categoria serão revelados no dia 18 de outubro. Na premiação, em 28 de novembro, serão conhecidos os dois melhores livros publicados em 2011 em Ficção e Não Ficção, cada um ganhará R$ 35 mil.
Concorrem com A Privataria Tucana os seguintes títulos:
Entenda o livro A Privataria Tucana:
(http://www.spressosp.com.br/2012/09/privataria-tucana-esta-entre-os-finalistas-do-premio-jabuti/)
dataaaa ==em edição
aqui:
imagens galos, tucanos e jabutis [na naturaza, soltos]
===em edição===
entrevista Youtube q cita HHH, aqui
UM GALO BRANCO
(http://pt.dreamstime.com/fotografia-de-stock-royalty-free-retrato-do-galo-branco-image2953727)
"(...) E o Galo Branco? Pois é, um dia sem que ninguém possa imaginar o que aconteceu, ovíparo se suicidou. O quem sabe foi suicidado. Ninguém realmente pode garantir a veracidade dos fatos. O certo é que despencou do apartamento de Augusto Frederico Schimdt e foi se esborrachar na calçada da Avenida Atlântica. (...)"
( === em edição === adiante tttrrrsss na íntegra)
WWWWWWW
Amaury Ribeiro Jr,
autor de "A privataria tucana (cccid anooo edittt)":
(http://www.spressosp.com.br/2012/09/privataria-tucana-esta-entre-os-finalistas-do-premio-jabuti/)
(http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-457623365-monitor-tv-led-usb-lg-27-tv-digital-integrado-hdmi-full-pip-_JM)
VEJAAA
Do calote ao mico, do dominó ao baralho
A palavra “calote” sobrevoa o mundo como uma ave de mau agouro. A sombra que projeta no noticiário econômico dos últimos dias tem impressionante alcance geográfico: fala-se em calote na Europa, nos Estados Unidos e até no Brasil, onde a inadimplência do consumidor no primeiro semestre foi a maior em nove anos, segundo a empresa de análise de crédito Serasa Experian.
Mas que palavra é essa, calote?
Seu primeiro registro em português data de 1771, de acordo com o Houaiss, e não se tem muita certeza sobre sua origem. Há, porém, uma tese que concentra as fichas da maioria dos estudiosos: a de que teria vindo do francês culotte – não o calção, mas um termo do jogo de dominó.
Nas palavras do etimologista Antônio Geraldo da Cunha, culotte era o nome que se dava às “pedras com que cada parceiro fica na mão, por não poder colocá-las”. Por analogia, teria passado a designar também os títulos que sobram na mão do credor e que ele já não conseguirá receber. Ainda hoje, um dos sentidos de culotte em francês é o de “dívida vultosa contraída no jogo ou nos negócios”.
Se trocarmos o dominó pelas cartas, encontraremos em nossa língua um similar perfeito no mico-preto – ou simplesmente mico. Inicialmente marca registrada (Mico Preto) de um jogo de cartas infantil no qual o perdedor é quem termina com a carta do macaquinho, o mico acabou virando substantivo comum e até verbo: micar.
===
LINKS RECOMENDADOS:
Flávio René Kothe:
http://www.estadao.com.br/arquivo/arteelazer/2001/not20010203p3286.htm
Rui Barbosa:
http://books.google.com.br/books/about/Swift.html?id=-PUdAQAAIAAJ&redir_esc=y
Nunes Pereira:
Haroldo de Campos:
José Eustasio Rivera:
ESTADÃO, PRIMEIRO DOS CINCO LINKS ACIMA CITADOS,
resenha:
CADERNO2 - Variedades:
"Sábado, 3 de Fevereiro de 2001, 16:24
Crítico questiona literatura brasileira
Flávio René Kothe, professor de literatura da Universidade de Brasília, lançou recentemente O Cânone Imperial, em que analisa a tradição de nossa literatura
A pretexto de ensinar literatura, as escolas brasileiras martelam ideologia. A opinião é do professor de Teoria Literária Flávio René Kothe, da Universidade de Brasília (UnB), que lançou recentemente O Cânone Imperial (UnB, 608 páginas, 48 reais). O trabalho pode ser encarado como um segundo volume de uma obra que procura analisar tudo o que os estudantes têm de aprender no segundo grau. O primeiro volume seria, assim, O Cânone Colonial (UnB, 416 páginas, 39 reais). Ainda em 2001, deve ser publicado O Cânone Republicano, em dois tomos, completando a análise da tradição literária brasileira.
Kothe é implacável com os autores brasileiros e, especialmente, com o modo que eles são ensinados nas escolas. A leitura dele não perdoa nem Machado de Assis, considerado o ponto mais elevado da produção literária nacional. Embora ache que Assis é um escritor talentoso, recusa-se a incluí-lo no mesmo patamar de Dostoievski, Flaubert, Tolstoi e Goethe. No máximo, o põe no degrau de um Eça de Queirós.
O mais grave, no entanto, para Kothe, é a completa ausência de autores "do primeiro time" no segundo grau, o que deixaria os estudantes brasileiros sem parâmetros para ler, avaliar e produzir textos literários de qualidade. "É como se um professor de piano ensinasse somente a produção brasileira, deixando Chopin de lado", exemplifica, por telefone, de Brasília. A retirada dos escritores estrangeiros do ensino é uma herança dos militares, uma decisão que não foi revista com o fim do regime. "É inclusive um tiro no pé, um fechamento inadequado a um período de globalização, em que o mercado pede mão-de-obra criativa."
Como alternativa, ele afirma que a saída não é, simplesmente, substituir um cânone nacional por outro mundial: o ideal, diz, é combinar leituras universais com leituras locais, evitando uma sobrevalorização dos escritores nacionais. Além disso, ele propõe: que o curso secundário introduza a questão da qualidade, deixando de tratar todos os que figuram no cânone como grandes autores; uma revisão geral dos livros didáticos e o fim do "livro do professor", que traz todas as respostas prontas; e, o que parece óbvio, mas talvez não seja, estimular o espírito crítico do aluno, atualmente, visto como um depósito de informações no mínimo discutíveis. "A história da literatura brasileira é escrita como se o cânone fosse puro abrigo do talento, e como se todo talento fizesse parte desse panteão acadêmico", escreve no primeiro capítulo.
"Eu parti da concepção de que havia uma diferença básica entre o que é o todo da produção e circulação literária do Brasil e o que é ensinado nas escolas", afirma Kothe. Ele lembra que toda a literatura dos imigrantes - alemães, especialmente - produzida no Brasil está fora do universo literário das escolas, bem como uma série de autores que fica de fora por não reforçar a ideologia dominante. Contrariando Antonio Candido, acredita que não temos de amar, necessariamente a literatura brasileira porque ela "não é de primeira água" e também porque ela "não é uma expressão de todos os brasileiros", ao contrário do que o discurso teórico defende.
A definição do cânone literário brasileiro - aqueles autores que "representam" a história da poesia e da prosa do País - começa com o romantismo. Essa lista, emendada a partir de então, de José Veríssimo e Sílvio Romero a Candido e Roberto Schwarz, priorizaria, para Kothe, obras que reforçam a ideologia do Estado brasileiro, invertendo a lógica dos movimentos literários que os escritores importaram da Europa. No romantismo alemão, há um fosso entre o ideal e o real; o romantismo brasileiro, por sua vez, faz de conta que o ideal é a própria terra, o País e a Nação que está inventando. Kothe conclui, então, a equação: "Se o real é o ideal, nada deve ser modificado."
A literatura brasileira ensinada na escola, portanto, nascida da história da literatura que o romantismo cria, legitima a colonização portuguesa e o Estado brasileiro nascido em 1822. A escolha do homem ideal como sendo o índio nasce discriminando negros e mulatos: "A literatura nas escolas serve para ensinar racismo", diz ele. O mesmo se verificaria em Canaã, de Graça Aranha, mas, nesse caso, é o mulato o valorizado contra os imigrantes alemães (modelo que Mário de Andrade repetiria em Amar, Verbo Intransitivo e Macunaíma, no último caso, substituindo o preconceito contra o alemão pelo contra o italiano).
Uma das questões abordadas por Kothe é essa escolha do índio como "fundador" da nacionalidade brasileira, mito que encontra em José de Alencar (O Guarani e Iracema) e Gonçalves Dias (com o poema I-Juca Pirama), seus principais representantes. Para Kothe, além do problema da questão racial, as escolhas românticas mostram o mecanismo de inclusão e de exclusão do cânone.
Na Europa, havia três modos de pensar os índios: como a encarnação do bem (o bom selvagem), como encarnação do mal e como instrumento da sátira.
"O cânone brasileiro, sistematicamente, exclui o índio satírico, representado pelo poema O Elixir do Pajé, de Bernardo Guimarães", afirma. A obra, que usa a mesma estrutura poética de I-Juca Pirama, tem conotação sexual explícita: o pajé em questão vê-se impotente e pede uma ajuda a Tupã, mas exagera na dose do remédio.
A inversão do modelo europeu como meio de sustentar a colonização portuguesa e o Estado criado com o Império, fundado no escravismo, não seria uma característica exclusiva dos românticos. "Não à toa, o marxismo proletário de Émile Zola está ausente da obra de Aluísio Azevedo, o satanismo de Charles Baudelaire desaparece na poesia de Olavo Bilac e o espírito crítico de Flaubert desaparece nos textos de Machado."
Nos capítulos dedicados a Machado de Assis, Kothe defende que suas posições reacionárias determinaram a configuração de sua obra e ajudam a canonizar seus últimos romances. "É tal o temor reverencial que a penúltima tentativa de redimir Machado é dizer que ele não adota posição nenhuma, mas apenas desmonta, com a sua ironia, toda e qualquer posição política ou filosófica. Ora, ele apenas disfarça melhor que outros", escreve Kothe.
Nesse disfarçar, Assis teria mantido a figura da mulher sem voz em Dom Casmurro. Bentinho, o narrador, jamais lhe dá voz, ao contrário do que ocorre em Madame Bovary, de Flaubert. Se Dostoievski e Alencar usam a figura da prostituta que se redime por amor, Assis constrói personagens femininas a partir de senhoras respeitáveis que se revelam oportunistas, desleais e não-confiáveis. Capitu, bem como Escobar, representariam o perigo das classes ascendentes contra a oligarquia (Bentinho). A crítica, contudo, não estaria direcionada à elite escravista, mas justamente a esses novos atores sociais.
Mas não são inúmeras as leituras que apontam Capitu como a real protagonista de Dom Casmurro e que ensinam a desconfiar, sobretudo, do narrador? Para Kothe, essa é uma leitura enviesada, que procura salvar Machado de Assis da própria obra. Algo semelhante ocorreria com a figura do negro. Para Kothe, é uma voz que Machado de Assis sempre busca calar. Um dos exemplos que usa é o de um diálogo entre Bentinho e um negro, chamado Tomás. O narrador chama-o, faz duas perguntas, servilmente respondidas pelo escravo, logo dispensado com um "Vá-se embora". "Se ele fosse alemão, seria considerado racista; por ser mulato, fisicamente, é considerado realista. Ele procurou negar e renegar a sua origem, identificando-se com a elite branca. Nesse sentido, o ´realista´ é um ´racista´, ainda que não por ideologemas diretos e claros; por isso - e não apesar disso - entra no cânone", escreve Kothe.
A premissa de Kothe é verdadeira: há um temor reverencial diante das obras clássicas, o que vai contra a liberdade que a leitura exige para que permita uma compreensão melhor do mundo. Concordar com todas as conclusões dele é menos importante do que perceber que o livro cumpre o que promete - expõe as contradições e fraquezas dos autores tidos como grandes e da recepção com que foram agraciados. Obriga a quem quiser defender os clássicos brasileiros a responder aos argumentos dele.
Se Kothe não é tão rigoroso com os autores do grande cânone mundial como é com os brasileiros - ele defende-se, dizendo que a obra de Shakespeare supera suas fraquezas ideológicas e afirmando que orienta alunos de pós-graduação que estudam os clássicos a lê-los também de um modo implacável -, essa limitação não precisa ser aceita pelo leitor. O caminho de uma leitura crítica permanente está aberto."