[Flávio Bittencourt]

As rochas do beijo eterno

Lenda portuguesa sobre uma petrificação na Freguesia de Sortelha.

 

 

 


21.3.2013 -      F.

 

"O BEIJO ETERNO (SORTELHA)

 

 

Uma águia voa sobre uma das mais belas fortalezas de Portugal: Sortelha. Daquele ponto, nas alturas, a águia domina o horizonte, o castelo e povoado.

Mas só à humana vista se depara um curioso conjunto de duas rochas, que se designam como “beijo eterno”.
É em sortelha que se encontra a explicação para esse nome, numa lenda que remonta ao tempo da reconquista cristã.
Conta-se que, certa noite, uma hoste de mouros cercou a fortaleza de Sortelha, para recuperar aquele sítio estratégico. No castelo, encontravam-se o alcaide, que resistia com os seus homens de armas, a mulher do alcaide, que diziam ser feiticeira, bem como uma filha, donzela formosa, que não queria saber nada de feitiços nem de guerras.

O cerco já durava há muito tempo e a jovem passeava o seu tédio entre muralhas. No seu quarto apenas tinha a companhia de um gato. Para se distrair, ia até à varanda, nas muralhas, pois dali via os sitiantes.
Um dia, despertou-lhe a atenção certo cavaleiro. Era ele o jovem comandante das tropas mouras. Fazia-se notar o jovem guerreiro pelo seu porte nobre, altivo e belo.
“Que lindo homem !”, exclamou ela, seguindo-o com os olhos enquanto ele fazia caracolear o cavalo.
Se ela o viu, ele também a viu a ela. A beleza da jovem cristã deixou o chefe mouro prendido na sua contemplação.
“Que Linda Mulher !”, pensou ele, levantando a cabeça para descortinar o rosto feminino no alto das muralhas.
A partir daquele momento, nem um nem o outro deixaram de pensar em encontrar-se, ainda que fosse uma só vez na vida. O chefe mouro conseguiu que alguns dos seus homens conseguissem fazer subir pelas muralhas, em cestos, as mensagens e oferendas que, às ocultas dos guardas do castelo, fazia chegar às mãos da sua amada. E esta, por sua vez, àquela mesma hora do crepúsculo, lá estava para as receber e, por sua vez, remeter para ele objectos que não o fizessem esquecer de quanto o amava.
Tudo decorreu sem incidentes. O certo, porém, é que os dois amantes não o podiam ser apenas à distância; nem podiam estar eternamente separados pela fronteira que dividia os cristãos cercados e os mouros que os cercavam. Por isso, o chefe mouro prometeu a liberdade a um prisioneiro cristão, dando-lhe uma recheada bolsa com moedas de ouro, com as condições que ele impôs:
“Falarás a sós com a donzela e abrir-lhe-ás a porta.”
O soldado assim fez e ela, aproveitando a escuridão, saiu do castelo.
Mas a mãe da jovem, que andava a vigiar o namoro da filha com o guerreiro, apercebeu-se que alguma coisa se passava nessa noite e levantou-se. Confirmou as suas suspeitas. Os amantes estavam junto às muralhas e beijavam-se.
“Malditos ! Eu vos amaldiçoo e vos transformo em pedra !”

Gritou uma algaraviada de feitiços e os dois, conforme estavam abraçados, lábios com lábios, ficaram petrificados. E assim permaneceram, para sempre. Quem os quiser ver, terá de ir a Sortelha e perguntar pelas rochas do Beijo Eterno."

(http://lendas-portuguesas.blogspot.com.br/2013/07/o-beijo-eterno-sortelha.html)

 

 

 

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"Sortelha

 Portugal Sortelha  
—  Freguesia  —
Sortelha aldeia granítica vista interior
Sortelha aldeia granítica vista interior
 
 
40° 19' 53" N 7° 12' 41" O
País  Portugal
Concelho SBG.png Sabugal
 - Tipo Junta de freguesia
Área
 - Total 25,27 km²
População (2011)
 - Total 444
    • Densidade 17,6/km2 
Código postal 6320
Orago Nossa Senhora das Neves
Correio electrónico [email protected]
Sítio http://www.sortelha.juntafreguesia.com/

Sortelha é uma freguesia portuguesa do concelho do Sabugal, com 25,27 km² de área e 444 habitantes (2011). Densidade: 17,6 hab/km².

Foi vila e sede de concelho entre 1288 e 1855. Era constituída pelas freguesias de Águas Belas, Urgueira, Bendada, Casteleiro, Malcata, Moita, Pena Lobo, Santo Estêvão, Sortelha e Valverdinho. Tinha, em 1801, 4 096 habitantes em 237 km². Após as reformas administrativas do início do liberalismo foram-lhe anexadas as freguesias de Lomba e Pousafoles do Bispo. Tinha, em 1849, 6 022 habitantes em 261 km².

É hoje uma das aldeias históricas de Portugal.

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