As mãos que viram Barras nascer
Em: 17/01/2007, às 05H43
“Cumprimos com o nosso dever de cidadão, sem pregarmos a discórdia, sem fomentarmos o ódio e, muito menos, sem agredirmos moralmente nossos adversários”
José do Rego Lages
Os ares da paisagem geográfica, humana e social de Barras escureceram no dia 13 de dezembro de 2006. A tristeza se fez notar em cada casa, em cada rua, e nos rostos, e nos corpos e, sobretudo, nos corações nascidos pelas mãos do médico José do Rego Lages. Humanitário, inquieto, apaixonado pela terra-berço, transformou a vida no exercício diário de servir, movido por senso de justiça e pelo respeito ao próximo, os quais se revelavam de imediato na expressão de suas palavras e de seus gestos.
A escuridão da cidade, agora, vai-se dissipando pouco a pouco na memória das ações e dos exemplos de Doutor José Lages. Dissipa-se no muito que deixa de material e imaterial na epiderme das ruas, na epiderme das gentes – no sonho – e também nos esforços - para uma cidade progressista, sem as mazelas que afligem a condição humana, quer sejam físicas, quer sejam morais. A escuridão da cidade dissipa-se nas lições de amor à família, ao trabalho e, principalmente, à sociedade.
Descendente dos primeiros ocupantes da região de Barras, os grupos familiares Carvalho de Almeida, Castelo Branco, Pires Ferreira, Borges Leal, Rodrigues Lages, Gomes Rebelo e Rego, ele surgiu para o mundo em 1920, na fazenda Esperança. De família numerosa, filho do casamento de Alfredo Pires Lages e Rosa Rebello do Rego, casou-se, em 1950, com a prima Zenaide Lages Rebello; segundo as palavras de José Lages, “Zenaide tornou-se a companheira de todas as horas, compreensiva às dificuldades, aceitando-as sem reclamações, confortando-me quando as tormentas pareciam vencer-me, criando um ambiente propício às calmarias que se sucediam aos momentos sombrios de nossas vidas”(discurso de ingresso na Academia de Letras do Vale do Longá) . Do matrimônio, vieram os filhos José Newton, Paulo, Lúcia, Duse e oito netos.
José do Rego Lages foi o médico, um dos pioneiros, de Barras e adjacências, por décadas, desde 1949. Foi também forte liderança política. Não deu a essas duas paixões, a medicina e a política, conotação financeira – tanto como médico quanto como político, os interesses coletivos estiveram de longe à frente dos particulares; porque em primeira instância projetava o amor a Barras e ao seu povo. Tanto é verdade que jamais permitiu que as preferências partidárias interferissem no exercício profissional. Afinal, em José do Rego Lages se somavam o coração e a consciência. Por isso, grandes foram as energias empreendidas para que a cidade dispusesse de uma casa de saúde, o Hospital Leônidas Melo, e de inúmeros serviços de natureza sócio-cultural.
Barras do Marataoã será eternamente iluminada pelo labor e pela abnegação deste guardião da integridade e do bem-estar social. Para mim, que tive por inúmeras vezes a oportunidade de desfrutar de sua agradável presença e experiência, seu maior legado, superior às muitas conquistas para sua aldeia, é a honradez do caráter. Jamais utilizou os veículos de radiodifusão para agredir moralmente adversários, muito embora essa seja prática corriqueira por essas pragas; resistiu firmemente às tentações da baixa política, a fim essencialmente de que a justiça e a cidadania preponderassem .
Lembro-me com clareza de um de seus ensinamentos em frutífera manhã de diálogo: “Quando quero tomar alguma decisão, primeiro me coloco no lugar do outro”. Foi essa uma das luzes que mais se irradiou pelos céus de Barras por todo o século XX – disposta a compreender e a servir.
Foram essas as mãos que viram Barras nascer.
José do Rego Lages
Os ares da paisagem geográfica, humana e social de Barras escureceram no dia 13 de dezembro de 2006. A tristeza se fez notar em cada casa, em cada rua, e nos rostos, e nos corpos e, sobretudo, nos corações nascidos pelas mãos do médico José do Rego Lages. Humanitário, inquieto, apaixonado pela terra-berço, transformou a vida no exercício diário de servir, movido por senso de justiça e pelo respeito ao próximo, os quais se revelavam de imediato na expressão de suas palavras e de seus gestos.
A escuridão da cidade, agora, vai-se dissipando pouco a pouco na memória das ações e dos exemplos de Doutor José Lages. Dissipa-se no muito que deixa de material e imaterial na epiderme das ruas, na epiderme das gentes – no sonho – e também nos esforços - para uma cidade progressista, sem as mazelas que afligem a condição humana, quer sejam físicas, quer sejam morais. A escuridão da cidade dissipa-se nas lições de amor à família, ao trabalho e, principalmente, à sociedade.
Descendente dos primeiros ocupantes da região de Barras, os grupos familiares Carvalho de Almeida, Castelo Branco, Pires Ferreira, Borges Leal, Rodrigues Lages, Gomes Rebelo e Rego, ele surgiu para o mundo em 1920, na fazenda Esperança. De família numerosa, filho do casamento de Alfredo Pires Lages e Rosa Rebello do Rego, casou-se, em 1950, com a prima Zenaide Lages Rebello; segundo as palavras de José Lages, “Zenaide tornou-se a companheira de todas as horas, compreensiva às dificuldades, aceitando-as sem reclamações, confortando-me quando as tormentas pareciam vencer-me, criando um ambiente propício às calmarias que se sucediam aos momentos sombrios de nossas vidas”(discurso de ingresso na Academia de Letras do Vale do Longá) . Do matrimônio, vieram os filhos José Newton, Paulo, Lúcia, Duse e oito netos.
José do Rego Lages foi o médico, um dos pioneiros, de Barras e adjacências, por décadas, desde 1949. Foi também forte liderança política. Não deu a essas duas paixões, a medicina e a política, conotação financeira – tanto como médico quanto como político, os interesses coletivos estiveram de longe à frente dos particulares; porque em primeira instância projetava o amor a Barras e ao seu povo. Tanto é verdade que jamais permitiu que as preferências partidárias interferissem no exercício profissional. Afinal, em José do Rego Lages se somavam o coração e a consciência. Por isso, grandes foram as energias empreendidas para que a cidade dispusesse de uma casa de saúde, o Hospital Leônidas Melo, e de inúmeros serviços de natureza sócio-cultural.
Barras do Marataoã será eternamente iluminada pelo labor e pela abnegação deste guardião da integridade e do bem-estar social. Para mim, que tive por inúmeras vezes a oportunidade de desfrutar de sua agradável presença e experiência, seu maior legado, superior às muitas conquistas para sua aldeia, é a honradez do caráter. Jamais utilizou os veículos de radiodifusão para agredir moralmente adversários, muito embora essa seja prática corriqueira por essas pragas; resistiu firmemente às tentações da baixa política, a fim essencialmente de que a justiça e a cidadania preponderassem .
Lembro-me com clareza de um de seus ensinamentos em frutífera manhã de diálogo: “Quando quero tomar alguma decisão, primeiro me coloco no lugar do outro”. Foi essa uma das luzes que mais se irradiou pelos céus de Barras por todo o século XX – disposta a compreender e a servir.
Foram essas as mãos que viram Barras nascer.