Apreciador contumaz
Por Chagas Botelho Em: 10/01/2024, às 22H08
[Chagas Botelho]
Fui e sou apreciador contumaz de capas de discos. Desde que me entendo por gente. Na adolescência, sem grana no bolso, muitas vezes ia para as lojas (Disco-fitas — Honolulu e Caiçara), não para comprar, mas para apreciar as artes dos long-plays. Eu ainda guardo alguns designs no âmago da memória.
Uma de minhas prediletas era a do álbum “MCMLXXXIV” (assim mesmo, estilizado em algarismos romanos) da banda de hard rock, a mais importante de todos os tempos, Van Halen. Eu passava valiosos minutos admirando, me deliciando daquela imagem singularmente construída, como se estivesse diante de um Monet.
Perscrutava cada detalhe com zelo. Do anjinho de asas fumando um cigarro, os dois maços contendo aquilo que o Ministério da Saúde abomina ao fundo meio azulado da capa. E ainda tudo que pudesse ser visto e apreciado pelo olhar microscópico. Tal apreciação desses simulacros musicais funcionava como terapia. Eu babava com as dobras, com os cortes, com as minúcias.
Pois bem, semana passada, em troca de mensagens via Whatsapp, eu e o Nathan Sousa, o poeta de São Gonçalo-PI para o mundo, falávamos do gosto em comum que temos pelas capas de discos antigos. Também exaltamos os incríveis comerciais dos cigarros Hollywood, da década de 1980. Chegamos à conclusão de que, naquela época, esses itens de escuta e de vício eram assaz atrativos.
Tanto é verdade, que no caso dos discos, seus proprietários faziam questão de exibi-los. Porém, emprestá-los para alguém aí era outra história. O fato, meus amados, roqueiros ou não, fumadores ou não, é que hoje cedinho “stalkeando” pelas redes sociais, olha que coincidência, me deparei com a capa do disco do Van Halen. Aquela mesma que no passado me fez babar. É lógico que delirei com a postagem.
Outra coisa, ontem, 9 de janeiro, o “MCMLXXXIV”, sexto álbum de estúdio da banda, liderada por David Lee Roth (vocal) e Van Halen (guitarra e teclado) , completou quarenta anos de existência. E, já? Sim, sim. Detalhe, hein? O disco continua muito atual, os riffs continuam delirantes e a capa, bem, a capa segue mais linda do que nunca.