Academia Piauiense de Letras retoma ciclo de lançamentos
Em: 18/05/2022, às 09H13
A Academia Piauiense de Letras, presidida pelo jornalista Zózimo Tavares, retomou no início de maio o ciclo de lançamento de livros da Coleção Centenário, suspenso no princípio da pandemia de Covid-19. A retomada dos lançamentos presenciais deu-se com a obra Mario Fautino Revisitado: Textos Críticos e Antologia Comentada, do professor e acadêmico Carlos Evandro Martins Eulálio, colaborador de Entretextos. A apresentação coube a acadêmica Fides Angélica Veloso Omati. O selo, criado para celebrar os 100 anos da entidade, em 2017, publicou 150 livros vitais do pensamento cultural do Piauí, especialmente na gestão do advogado, empresário e professor da UFPI Nelson Nery Costa, que presidiu a entidade por 4 anos. Cerca de 30 obras que aguardavam lançamento serão publicizadas ao longo do ano pela entidade.
Leia o discurso de agradecimento do acadêmico Carlos Evandro Eulálio, na solenidade que oficialmente lançou Mário Faustino Revisitado: Textos Críticos e Antologia Comentada.
Bom dia a todos. Eu quero cumprimentar os integrantes da mesa, na pessoa do Senhor Presidente da Academia Piauiense de Letras, jornalista Zózimo Tavares a quem parabenizo pela iniciativa de retomar os lançamentos dos livros editados por esta Casa, interrompidos com a Pandemia. Cumprimento os demais acadêmicos, amigos, colegas de magistério, familiares, sobrinhos e primos aqui presentes.
Expresso meus agradecimentos ao Dr. Nelson Neri, que nos proporcionou a oportunidade de lançar esta obra pela Coleção Centenário da Academia Piauiense de Letras. Aliás este livro foi idealizado a partir do desafio que me foi feito de público pelo dr. Nelson, quando aqui assistia a um dos primeiros lançamentos dessa monumental iniciativa.
Ao prof. Dilson Lages, companheiro de magistério de longa data, meus agradecimentos pelo prefácio do livro. O professor Dilson, no seu prefácio, não só faz a intermediação do livro com o leitor, como também realiza um extraordinário e minucioso exercício de crítica literária.
Sou também profundamente grato ao Prof. M. Paulo Nunes, de saudosa memória, que me concedeu a honra de publicar nesta edição o seu primoroso ensaio “Uma Exegese de Mário Faustino”.
Agradeço ao professor Cineas Santos, que primeiro nos acolheu em sua Editora Corisco, para divulgação da obra de Mário Faustino, através da Coleção “A literatura Piauiense em Curso”, volume 2.
Saúdo de modo especial à Dra. Fides Angélica, ocupante da cadeira nº 40 nesta Academia, cujo patrono é, por sinal, o poeta Mário Faustino.
À Professora Fides, a minha gratidão pelas generosas palavras dirigidas a meu respeito e, em especial, as que atestam os nossos laços de amizade. Agradeço-lhe a brilhante apresentação do nosso livro. Sua exposição foi sem dúvida resultado de acurada leitura e de inequívoco conhecimento sobre o poeta e crítico literário Mário Faustino.
Do seu discurso de posse, nesta Academia, professora Fides, destaco um trecho que entendo ser a mais autêntica e verdadeira definição do fazer poético de Mário Faustino. Ei-lo:
“Mário Faustino foi fiel ao seu projeto de docência, que se constituiu profissão de fé na vocação do poeta e da poesia, para criar mitos e, através destes, influir no meio social. Aliás, para ele, a poesia encena múltiplas valências: ensinar, comover e deleitar”.
Se me perguntam hoje o porquê de me tornar leitor e estudioso da obra do escritor Mário Faustino, eu diria que o aspecto didático-pedagógico de sua poesia a que se referiu a acadêmica Fides, constituiu fator determinante.
As práticas pedagógicas de Mário Faustino não se limitaram apenas à sala de aula da Escola de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas, no Curso especial de Planejamento, na década de 1950, quando ali lecionou Sociologia, Filosofia Política, inglês e francês. Sua atividade como educador estende-se a outras instâncias da vida social, como as redações dos jornais tanto de Belém quanto do Rio de Janeiro, onde desenvolveu o seu projeto pedagógico como poeta e crítico literário.
Esse caráter instrumental e didático da atividade poética e crítica de Mário Faustino eu procurei enfatizá-lo como tema da minha dissertação de mestrado “A Educação pela poesia: O projeto pedagógico de Mário Faustino para poetas e críticos brasileiros”, para cuja execução foram-me indispensáveis o estímulo, a contribuição e os ensinamentos de meus saudosos professores da PUC de São Paulo, Décio Pignatari, Haroldo de Campos e Boris Schnaiderman.
Posteriormente, conheci o professor e Filósofo Benedito Nunes, companheiro de geração de Mário Faustino, herdeiro de seu acervo bibliográfico. À época de elaboração do meu trabalho, da longínqua Belém do Pará, o professor Benedito Nunes, com extraordinária disponibilidade, manteve comigo diálogos, através de cartas e telefonemas, que me auxiliaram com valiosas informações sobre fontes de pesquisa para que eu desenvolvesse a minha dissertação, orientada pela professora Dra. Catarina de Sena Siqueira Mendes da Costa, a quem rendo também minhas homenagens.
Devo acrescentar que tive ainda o privilégio de, na manhã do dia 18 de junho de 1999, ser arguido pelo professor Benedito Nunes, que esteve em Teresina a convite da Universidade Federal do Piauí, para participar da banca examinadora da referida dissertação.
Encerro minhas palavras registrando com satisfação a presença de minha mulher, Rita de Cássia, dos meus filhos Marcelo e Arabela Elisa, nora e genro Iara e Zeus e dos meus netos Marcelo Victor, Débora e Alice aos quais dediquei esta obra e com os quais compartilho as alegrias deste momento. Muito obrigado a todos.
Teresina, 7 de maio de 2022
Ouça análise de Carlos Evandro Martins Eulálio sobre Mário Faustino para a série de podcastas O Essencial da Literatura Piauiense do Portal Entretextos.