Cunha e Silva Filho


                Por vezes, penso com os meus botões, caro leitor, por que a população de São Paulo reelegeu o governador.. Considere o fato de que ao governador cabe a função de conduzir a Polícia Militar e, desta forma, ser o principal responsável pela segurança do cidadão, reprimir desordens e exigir o cumprimento das necessárias e obrigatórias determinações do que se afigure melhor para diminuir o alto nível de crimes acontecidos diariamente não só na capital mas também em todo o estado. Não posso na realidade atinar com uma argumento plausível de o povo paulista ter reagido assim na eleição de um novo mandato para o governador.
                Nem é preciso afirmar que São Paulo não é o único estado da Federação a exibir índices tão elevados de homicídios, mas indubitavelmente se coloca como o primeiro no rank dos mais violentos  estados  brasileiros. Causa estranheza que, à medida em que os crimes aumentam, não vejo nenhum passo efetivo do governo buscando soluções para esta situação aterrorizadora.
               Não entendo as razões pelas quais o governador não esteja a par do que está ocorrendo nas ruas da capital de São Paulo e de seus bairros vizinhos, incluindo as favelas espalhadas nos locais mais distantes, onde populações pobres ou miseráveis a custo sobrevivem.
              Não é possível que as autoridades de segurança não estejam acompanhando as repetidas notícias de crimes cruéis perpetrados por marginais que parecem se arvorar em detentores do estado e se portarem acima da lei e das autoridades. Basta ver os programas de televisão que diariamente dão testemunho das atrocidades cometidas por monstros que parecem ter o domínio do espaço público da cidade de São Paulo.                Dessa maneira, tem-se a impressão de que existe uma estágio de anarquia no que concerne à aplicação das leis do estado.Bandidos são como animais selvagens soltos, à espreita de suas presas, ou seja, os habitantes da mais importante cidade da América Latina.É um vexame para a mais importante autoridade do governo que, ao que parece, dá exemplo de incompetência em atacar o problema e realizar as mudanças radicais nas escolhas daqueles que especificamente se incumbem da segurança da população.
            Reconheço que a culpa desta situação insuportável e sem precedentes da criminalidade não é somente do governo, mas a responsabilidade cabe também ao governo federal que deveria, juntamente com a polícia do estado, equacionar planos de segurança para São Paulo e outras regiões do país.
           Combater crimes no Brasil é algo que está profundamente relacionado ao Código Penal do país e, por conseguinte, tudo depende das modificações radicais que se deveriam fazer de imediato na legislação. Se novas leis não forem feitas, aprovadas e postas em vigor em curto prazo pelo poder legislativo federal, o Brasil se deparará com um situação incontrolável de manter a ordem. Essa é a razão pela qual se torna factível  e necessária ao país implantar a prisão perpétua reservada aos crimes mais hediondos e penas bem rigorosas para outros crimes cruéis.
          A violência está tão enraizada em nossa sociedade que esta não mais confia nas instituições públicas. Este vazio na esfera da máquina do Estado Brasileiro corre o risco de perder o respeito das autoridades e o controle da segurança em âmbito nacional; em tal caso, os desdobramentos são imprevisíveis.
         Sendo assim, cumpre ao governo federal e a todos os estados brasileiros, numa ação conjunta com o imprescindível apoio das Forças Armadas, se necessário, formular um extenso plano nacional de combate à escalada da violência. Para consegui-lo, seria preciso primeiro tomar algumas medidas de caráter urgente : redução da maioridade penal de crimes juvenis reconhecidamente abomináveis em decorrência da frequência de casos desse tipo de criminosos. Em segundo lugar, seria inadiável rever as penalidades para os seguintes crimes: assaltos seguidos de morte, violência doméstica contra as mulheres, crianças e idosos, estupros e estupros seguidos de morte, sequestros, assaltos a bancos, crimes de trânsito, onde criminosos ateiam fogo em carros com motoristas dentro dos veículos, ou em ônibus com passageiros. Tais crimes, de acordo com o caráter de hediondez, teriam aplicação de penas duríssimas até chegar à prisão perpétua.
       Além disso, um outro tipo de crime que desmoraliza as autoridades é aquele no qual traficantes de drogas obrigam o comércio de uma bairro da cidade a fechar as portas sempre que um policial, durante um confronto de tiroteio com marginais, mata um bandido de uma quadrilha, especialmente numa favela ou perto dela.
       Em outras palavras, será vergonhoso para as autoridades constituídas e democráticas não tomarem nenhuma atitude para pôr termo a estes atos de insurgência da parte de criminosos perigosos e desafiadores. Conforme se pode constatar facilmente, as ações de marginais são tão desafiadoras e prepotentes que a desordem social impõe que medidas rígidas sejam tomadas  pelas altas autoridades do governo federal a fim de reduzir os crimes que já estão pondo em perigo a segurança nacional e prejudicando a imagem do Brasil no exterior.
    Um último comentário gostaria de acrescentar: se as autoridades brasileiras não considerarem, na área de segurança pública, o “estado de impunidade” (tanto para criminosos de colarinho branco como para assassinos) o mais sério problema atualmente, nada se conseguirá como solução O que é pior, ele tenderá a se agravar pelo país inteiro.