A. Tito Filho, segundo Cineas Santos

A paixão de A. Tito pelos livros era algo incomum; lendo, escrevendo,prefaciando, comentando e, principalmente, distribuindo prodigamente livros a mancheias, consumiu boa parte de sua vida útil. Ninguém visitava a Academia Piauiense de Letras sem receber dele livros de presente, mesmo que fosse uma daquelas brochurazinhas ordinárias que se vendem no quilo nas praças de qualquer cidade. 

Sem o menor preconceito lia tudo: do cordel à filosofia. [...] A paixão de A. Tito pela APL estava bem próxima da devoção. A ela dedicou o melhor de sua existência; conferiu-lhe a credibilidade e o dinamismo de que as academias tanto carecem. Ali recebia a todos indistintamente [...]. É certo que, uma que outra vez, estilava nas barbas do freguês o seu humor corrosivo. Presenciei um fato que me parece digno de registro: procurado por um poeta que lhe cobrava prefácio para  um ‘novo’ livro de poemas, nem se dignou a ler os originais. Entregou-os ao poeta com a recomendação: ‘Pode usar aquele prefácio que escrevi há vinte anos: sua poesia não mudou.’
 
SANTOS, Cineas. Sob o signo da paixão. Cadernos de Teresina, Teresina, ano 6, n. 12, p. 48,  ago. de 1992.
 
Leia sobre a história da Academia Piauiense de Letras em artigo de Iara Conceição Guerra de Miranda Moura