A Pantera - 14
Por Obras integrais Em: 26/11/2018, às 16H45
Por Rogel Samuel
Mas logo voltamos para o Rio, peguei dinheiro e de lá para Manaus, onde comprei uma pequena lancha e partimos para o alto Rio Negro até aquele lago onde morei e onde conheci Jara.
A pantera esperando, na margem.
Ao ver-nos, pulou e desapareceu na floresta.
A casa em ruínas. Por isso, resolvemos morar na lancha que, apesar de apertada, nos oferecia melhor conforto e proteção.
Ali havia duas camas, pequena cozinha, um banheiro e janelas teladas.
À noite se ouviam estranhos ruídos, cânticos da floresta, a Mãe da Lua, o urutau, canto sinistro como a morte; o uivo do rasga-mortalha, a suinara.
Um dia, em pleno dia, ouvimos um longínquo berro, que Jara disse: - Matintaperera...
Mesmo não acreditando, aquilo me deu arrepio e eu logo me armei com uma espingarda.
Jara riu e disse:
- Não se preocupe, está passando pelo outro lado do rio...
Eu não gostei.
Apreensivo.
Agora aquela mata me parecia estranha, inóspita.
Vieram alguns guerreiros, dias depois, a procura de Jara, que tratou com eles não sei o quê e depois os mandou retornar.
Nem me olharam.
Os animais noturnos nos ameaçavam. Eu não conseguia dormir. Jara não falava, companhia silenciosa.
Assim voltamos para o Rio de Janeiro, juntos...