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[Maria do Rosário Pedreira]

Desde os anos 1980 que se publicam estudos sobre as diferenças produzidas no cérebro humano entre as leituras feitas em papel e num ecrã. Li há dias um artigo publicado na Scientific American que, reconhecendo a popularidade cada vez maior dos tablets e e-readers, aponta claras vantagens para a leitura em papel, nomeadamente de livros e textos mais longos. Depois de centenas de experiências «laboratoriais», conclui-se que as pessoas dão francamente mais atenção à tinta do que aos pixels e retêm melhor a informação no papel, tendo claras dificuldades em localizar passagens num dispositivo que só mostra uma página de cada vez. Parece que a relação com o todo é, afinal, da máxima importância e que não perder de vista a capa e a contracapa, saber o que já se leu e o que ainda falta, ter duas páginas permanentemente debaixo de olho e oito cantos à vista, poder folhear com facilidade para trás e para diante, contribuem para um mapeamento do texto muito mais rigoroso e uma aprendizagem mais eficaz. Também se conclui que o toque, o cheiro, o tamanho, a forma, o peso, tudo isso é valorizado pelo leitor que, no ecrã, tende a considerar a página digital intangível e efémera… Hum… Está visto que vamos ainda ter papel por muitos anos.