A carta de 1854 do Cacique Seattle ao Presidente dos Estados Unidos da América
Por Flávio Bittencourt Em: 31/01/2010, às 07H10
A carta de 1854 do Cacique Seattle ao Presidente dos Estados Unidos da América
A equipe de Floresta Brasil apresentou-nos duas versões, traduzidas, do famoso pronunciamento.
TOTEM INDÍGENA NO CANADÁ, AMÉRICA DO NORTE
"The Totem Pole
This is a symbol of Canada predominately found in Vancouver’s Stanley Park. The location was selected, as it originally was a habitation site for Native Canadians. Totem Poles tell a story for the person who carved them; their family, their tribe and the spirits they were trying to appease. The Totem Poles in Stanley Park are a tribute to the Natives and their families that used to inhabit the area".
(http://bcandnorth.blogspot.com/2007_10_01_archive.html)
O CACIQUE SEATTLE (Blake Island, Estado de Washington, EUA, c. 1786 -
Reserva Indígena Suquamish, Est. de Washington, 7 de junho de 1866) FOI
UM DESTACADO LÍDER DOS DUWAMISH E DOS SUQUAMISH E ESCREVEU
A UM PRESIDENTE AMERICANO, O SR. PEIRCE, QUE ERA TIDO COMO
ALCOÓLATRA E DESASTRADO [ESTE ÚLTIMO É CONHECIDO COMO "O
PRESIDENTE QUE RECEBEU A CARTA DO ELDER SEATTLE"]
(Sem a legenda acima redigida, o retrato do elder suquamish está, na Web, em:
http://livnamadeinamerica.wordpress.com/2009/03/02/letter-to-president-pierce/)
"Statue of Chief Seattle:
Tilikum Place, downtown Seattle"
(http://www.chiefseattle.com/History/chiefseattle/chief_tilikum.htm)
CACIQUE SEATTLE: EM HOMENAGEM A ELE A CIDADE
DE SEATTLE (NOROESTE DOS EUA) FOI ASSIM DENOMINADA
(http://www.danielnpaul.com/ChiefSeattle-SalishNation.html)
IMAGEM APROXIMADA DE AJURICABA
(A legenda "IMAGEM APROXIMADA..." é desta Coluna, já a expressão "O
GUERREIRO AJURICABA" estava no original:
http://jmartinsrocha.blogspot.com/2008/07/ndio-guerrei-ajuricaba-da-tribo-de.html)
SEPÉ TIARAJU: fotomontagem com um índio guarani da atualidade representando o General Sepé,
reconhecido em certos municípios do Rio Grande do Sul como Santo (São Sepé)
(SEM A LEGENDA ACIMA REDIGIDA, A FOTOMONTAGEM ESTÁ, NA WEB, EM: http://www.gentedanossaterra.com.br/sepe_tiaraju.html)
FOTO DE CENA COM DOIS WANAUANI (DA ATUALIDADE), DA COLÔMBIA, E UM ATOR
INGLÊS, O SR. JEREMY IRONS (nasc. 1948), INTERPRETANDO, RESPECTIVAMENTE,
GUERREIROS GUARANI DO SÉC XVIII E UM PADRE JESUÍTA, NO MULTIPREMIADO FILME
A MISSÃO (INGLATERRA, 1986, dirigido por Roland Joffé), QUE RECEBEU, POR EX.,
A PALMA DE OURO NO FESTIVAL DE CANNES, O OSCAR DE MELHOR FOTOGRAFIA (CHRIS
MENGES) ETC.: genocídio exposto com clareza admirável
(SÓ A FOTO DE CENA, sem a legenda acima lida: http://videos2kids.com/oboe/)
Aos comandantes guerreiros indígenas que, no espaço
geográfico da América do Sul hoje denominado Brasil,
como Ajuricaba, Sepé Tiaraju e Nicolau Neenguiru -
e centenas de milhares de outros soldados autóctones -
tombaram lutando contra o invasor europeu genocida,
ao Cacique Seattle, cujo povo habitava um território
da América do Norte que, na atualidade, se chama
Washington D. C. (EUA)
e à memória do amigo Miguel Cruz e Silva, em
cujo livro Guerra de conquista da Amazônia (*) fui
apresentado à carta do citado sábio duwamish, o
contador de lendas de seu povo, cujo nome, no livro de
Cruz e Silva, ali aparece (aportuguesadamente, mas
de forma pertinente) como Cacique Seato (**)
(*) - "Author/Creator: Silva, Miguel Cruz e. Published: 1989"
(**) - De acordo com o verbete 'Chief Seattle' (Cacique Seattle), da Wikipédia, Seattle, Sealth, Seathle, Seathl ou See-ahth são anglicizações de Si'ahl [ou Ts'ial-la-kum (cf. informação contida em texto contido em: http://www.philaprintshop.com/ecurtis.html)], da língua nativa falada pelos índios Dkhw’Duw’Absh (Duwamish) [http://en.wikipedia.org/wiki/Chief_Seattle]
31.1.2010 - A Equipe de Floresta Brasil traduziu duas versões da famosa carta do Cacique Seatlle e ainda nos apresentou, também pela Internet, o resultado de uma pesquisa sobre o pronunciamento daquele eminente elder da América do Norte, como a seguir você, neste domingo - pelo menos em Brasília - ensolarado, lerá.
A Carta do Cacique Seattle, em 1855
Em 1855, o cacique Seattle, da tribo Suquamish, do Estado de Washington, enviou esta carta ao presidente dos Estados Unidos (Francis Pierce), depois de o Governo haver dado a entender que pretendia comprar o território ocupado por aqueles índios. Faz mais de um século e meio. Mas o desabafo do cacique tem uma incrível atualidade. A carta:
"O grande chefe de Washington mandou dizer que quer comprar a nossa terra. O grande chefe assegurou-nos também da sua amizade e benevolência. Isto é gentil de sua parte, pois sabemos que ele não necessita da nossa amizade. Nós vamos pensar na sua oferta, pois sabemos que se não o fizermos, o homem branco virá com armas e tomará a nossa terra. O grande chefe de Washington pode acreditar no que o chefe Seattle diz com a mesma certeza com que nossos irmãos brancos podem confiar na mudança das estações do ano. Minha palavra é como as estrelas, elas não empalidecem.
Como pode-se comprar ou vender o céu, o calor da terra? Tal idéia é estranha. Nós não somos donos da pureza do ar ou do brilho da água. Como pode então comprá-los de nós? Decidimos apenas sobre as coisas do nosso tempo. Toda esta terra é sagrada para o meu povo. Cada folha reluzente, todas as praias de areia, cada véu de neblina nas florestas escuras, cada clareira e todos os insetos a zumbir são sagrados nas tradições e na crença do meu povo.
Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de viver. Para ele um torrão de terra é igual ao outro. Porque ele é um estranho, que vem de noite e rouba da terra tudo quanto necessita. A terra não é sua irmã, nem sua amiga, e depois de exaurí-la ele vai embora. Deixa para trás o túmulo de seu pai sem remorsos. Rouba a terra de seus filhos, nada respeita. Esquece os antepassados e os direitos dos filhos. Sua ganância empobrece a terra e deixa atrás de si os desertos. Suas cidades são um tormento para os olhos do homem vermelho, mas talvez seja assim por ser o homem vermelho um selvagem que nada compreende.
Não se pode encontrar paz nas cidades do homem branco. Nem lugar onde se possa ouvir o desabrochar da folhagem na primavera ou o zunir das asas dos insetos. Talvez por ser um selvagem que nada entende, o barulho das cidades é terrível para os meus ouvidos. E que espécie de vida é aquela em que o homem não pode ouvir a voz do corvo noturno ou a conversa dos sapos no brejo à noite? Um índio prefere o suave sussurro do vento sobre o espelho d'água e o próprio cheiro do vento, purificado pela chuva do meio-dia e com aroma de pinho. O ar é precioso para o homem vermelho, porque todos os seres vivos respiram o mesmo ar, animais, árvores, homens. Não parece que o homem branco se importe com o ar que respira. Como um moribundo, ele é insensível ao mau cheiro.
Se eu me decidir a aceitar, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os animais como se fossem seus irmãos. Sou um selvagem e não compreendo que possa ser de outra forma. Vi milhares de bisões apodrecendo nas pradarias abandonados pelo homem branco que os abatia a tiros disparados do trem. Sou um selvagem e não compreendo como um fumegante cavalo de ferro possa ser mais valioso que um bisão, que nós, peles vermelhas matamos apenas para sustentar a nossa própria vida. O que é o homem sem os animais? Se todos os animais acabassem os homens morreriam de solidão espiritual, porque tudo quanto acontece aos animais pode também afetar os homens. Tudo quanto fere a terra, fere também os filhos da terra.
Os nossos filhos viram os pais humilhados na derrota. Os nossos guerreiros sucumbem sob o peso da vergonha. E depois da derrota passam o tempo em ócio e envenenam seu corpo com alimentos adocicados e bebidas ardentes. Não tem grande importância onde passaremos os nossos últimos dias. Eles não são muitos. Mais algumas horas ou até mesmo alguns invernos e nenhum dos filhos das grandes tribos que viveram nestas terras ou que tem vagueado em pequenos bandos pelos bosques, sobrará para chorar, sobre os túmulos, um povo que um dia foi tão poderoso e cheio de confiança como o nosso.
De uma coisa sabemos, que o homem branco talvez venha a um dia descobrir: o nosso Deus é o mesmo Deus. Julga, talvez, que pode ser dono Dele da mesma maneira como deseja possuir a nossa terra. Mas não pode. Ele é Deus de todos. E quer bem da mesma maneira ao homem vermelho como ao branco. A terra é amada por Ele. Causar dano à terra é demonstrar desprezo pelo Criador. O homem branco também vai desaparecer, talvez mais depressa do que as outras raças. Continua sujando a sua própria cama e há de morrer, uma noite, sufocado nos seus próprios dejetos. Depois de abatido o último bisão e domados todos os cavalos selvagens, quando as matas misteriosas federem à gente, quando as colinas escarpadas se encherem de fios que falam, onde ficarão então os sertões? Terão acabado. E as águias? Terão ido embora. Restará dar adeus à andorinha da torre e à caça; o fim da vida e o começo pela luta pela sobrevivência.
Talvez compreendêssemos com que sonha o homem branco se soubéssemos quais as esperanças transmite a seus filhos nas longas noites de inverno, quais visões do futuro oferecem para que possam ser formados os desejos do dia de amanhã. Mas nós somos selvagens. Os sonhos do homem branco são ocultos para nós. E por serem ocultos temos que escolher o nosso próprio caminho. Se consentirmos na venda é para garantir as reservas que nos prometeste. Lá talvez possamos viver os nossos últimos dias como desejamos. Depois que o último homem vermelho tiver partido e a sua lembrança não passar da sombra de uma nuvem a pairar acima das pradarias, a alma do meu povo continuará a viver nestas florestas e praias, porque nós as amamos como um recém-nascido ama o bater do coração de sua mãe. Se te vendermos a nossa terra, ama-a como nós a amávamos. Protege-a como nós a protegíamos. Nunca esqueça como era a terra quando dela tomou posse. E com toda a sua força, o seu poder, e todo o seu coração, conserva-a para os seus filhos, e ama-a como Deus nos ama a todos. Uma coisa sabemos: o nosso Deus é o mesmo Deus. Esta terra é querida por Ele. Nem mesmo o homem branco pode evitar o nosso destino comum."
(http://www.culturabrasil.pro.br/cartaindio.htm)
===
OUTRA VERSÃO
===
A Carta do Índio |
Em 1855, o cacique Seattle, da tribo Suquamish, do Estado de Washington, enviou esta carta ao presidente dos Estados Unidos (Francis Pierce), depois de o Governo haver dado a entender que pretendia comprar o território ocupado por aqueles índios. Faz já mais de cento e cinquenta anos. Mas o desabafo do cacique tem uma incrível atualidade. A carta:
"Como podeis comprar ou vender o céu, a tepidez do chão? A idéia não tem sentido para nós.
Se não possuímos o frescor do ar ou o brilho da água, como podeis querer comprá-los? Qualquer parte desta terra é sagrada para meu povo. Qualquer folha de pinheiro, qualquer praia, a neblina dos bosques sombrios, o brilhante e zumbidor inseto, tudo é sagrado na memória e na experiência de meu povo. A seiva que percorre o interior das árvores leva em si as memórias do homem vermelho.
Os mortos do homem branco esquecem a terra de seu nascimento, quando vão pervagar entre as estrelas. Nossos mortos jamais esquecem esta terra maravilhosa, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela é parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs, os gamos, os cavalos a majestosa águia, todos nossos irmãos. Os picos rochosos, a fragrância dos bosques, a energia vital do pônei e do homem, tudo pertence a uma só família.
Assim, quando o grande chefe em Washington manda dizer que deseja comprar nossas terras, ele está pedindo muito de nós. O grande Chefe manda dizer que nos reservará um sítio onde possamos viver confortavelmente por nós mesmos. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Se é assim, vamos considerar a sua proposta sobre a compra de nossa terra. Mas tal compra não será fácil, já que esta terra é sagrada para nós.
A límpida água que percorre os regatos e rios não é apenas água, mas o sangue de nossos ancestrais. Se vos vendermos a terra, tereis de lembrar a nossos filhos que ela é sagrada, e que qualquer reflexo espectral sobre a superfície dos lagos evoca eventos e fases da vida do meu povo. O marulhar das águas é a voz dos nossos ancestrais.
Os rios são nossos irmãos, eles nos saciam a sede. Levam as nossas canoas e alimentam nossas crianças. Se vendermos nossa terra a vós, deveis vos lembrar e ensinar a nossas crianças que os rios são nossos irmãos, vossos irmãos também, e deveis a partir de então dispensar aos rios a mesma espécie de afeição que dispensais a um irmão.
Nós mesmos sabemos que o homem branco não entende nosso modo de ser. Para ele um pedaço de terra não se distingue de outro qualquer, pois é um estranho que vem de noite e rouba da terra tudo de que precisa. A terra não é sua irmã, mas sua inimiga, depois que a submete a si, que a conquista, ele vai embora, à procura de outro lugar. Deixa atrás de si a sepultura de seus pais e não se importa. A cova de seus pais é a herança de seus filhos, ele os esquece. Trata a sua mãe, a terra, e seus irmãos, o céu como coisas a serrem comprados ou roubados, como se fossem peles de carneiro ou brilhantes contas sem valor. Seu apetite vai exaurir a terra, deixando atrás de si só desertos. Isso eu não compreendo. Nosso modo de ser é completamente diferente do vosso. A visão de vossas cidades faz doer aos olhos do homem vermelho.
Talvez seja porque o homem vermelho é um selvagem e como tal, nada possa compreender.
Nas cidades do homem branco não há um só lugar onde haja silêncio, paz. Um só lugar onde ouvir o farfalhar das folhas na primavera, o zunir das asas de um inseto. Talvez seja porque sou um selvagem e não possa compreender.
O barulho serve apenas para insultar os ouvidos. E que vida é essa onde o homem não pode ouvir o pio solitário da coruja ou o coaxar das rãs à margem dos charcos à noite? O índio prefere o suave sussurrar do vento esfrolando a superfície das águas do lago, ou a fragrância da brisa, purificada pela chuva do meio-dia ou aromatizada pelo perfume dos pinhos.
O ar é precioso para o homem vermelho, pois dele todos se alimentam. Os animais, as árvores, o homem, todos respiram o mesmo ar. O homem branco parece não se importar com o ar que respira. Como um cadáver em decomposição, ele é insensível ao mau cheiro. Mas se vos vendermos nossa terra, deveis vos lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar insufla seu espírito em todas as coisas que dele vivem. O ar que vossos avós inspiraram ao primeiro vagido foi o mesmo que lhes recebeu o último suspiro.
Se vendermos nossa terra a vós, deveis conservá-la à parte, como sagrada, como um lugar onde mesmo um homem branco possa ir sorver a brisa aromatizada pelas flores dos bosques.
Assim consideraremos vossa proposta de comprar nossa terra. Se nos decidirmos a aceitá-la, farei uma condição: O homem branco terá que tratar os animais desta terra como se fossem seus irmãos.
Sou um selvagem e não compreendo de outro modo. Tenho visto milhares de búfalos a apodrecerem nas pradarias, deixados pelo homem branco que neles atira de um trem em movimento.
Sou um selvagem e não compreendo como o fumegante cavalo de ferro possa ser mais importante que o búfalo, que nós caçamos apenas para nos mantermos vivos.
Que será dos homens sem os animais? Se todos os animais desaparecem, o homem morreria de solidão espiritual. Porque tudo isso pode cada vez mais afetar os homens. Tudo está encaminhado.
Deveis ensinar a vossos filhos que o chão onde pisam simboliza a as cinzas de nossos ancestrais. Para que eles respeitem a terra, ensinai a eles que ela é rica pela vida dos seres de todas as espécies. Ensinai a eles o que ensinamos aos nossos: Que a terra é a nossa mãe. Quando o homem cospe sobre a terra, está cuspindo sobre si mesmo. De uma coisa nós temos certeza: A terra não pertence ao homem branco; O homem branco é que pertence à terra. Disso nós temos certeza. Todas as coisas estão relacionadas como o sangue que une uma família. Tudo está associado. O que fere a terra fere também aos filhos da terra.
O homem não tece a teia da vida: É antes um dos seus fios. O que quer que faça a essa teia, faz a si próprio.
Mesmo o homem branco, a quem Deus acompanha e com quem conversa como um amigo, não pode fugir a esse destino comum. Talvez, apesar de tudo, sejamos todos irmãos.
Nós o veremos. De uma coisa sabemos, é que talvez o homem branco venha a descobrir um dia: Nosso Deus é o mesmo deus.
Podeis pensar hoje que somente vós o possuis, como desejais possuir a terra, mas não podeis. Ele é o Deus do homem e sua compaixão é igual tanto para o homem branco, quanto para o homem vermelho.
Esta terra é querida dele, e ofender a terra é insultar o seu criador. Os brancos também passarão talvez mais cedo do que todas as outras tribos. Contaminai a vossa cama, e vos sufocareis numa noite no meio de vossos próprios excrementos.
Mas no nosso parecer, brilhareis alto, iluminado pela força do Deus que vos trouxe a esta terra e por algum favor especial vos outorgou domínio sobre ela e sobre o homem vermelho. Este destino é um mistério para nós, pois não compreendemos como será no dia em que o último búfalo for dizimado, os cavalos selvagens domesticados, os secretos recantos das florestas invadidos pelo odor do suor de muitos homens e a visão das brilhantes colinas bloqueada por fios falantes.
Onde está o matagal? Desapareceu. Onde está a águia? Desapareceu. O fim do viver e o início do sobreviver." (http://www.culturabrasil.pro.br/cartaindio.htm)
===
Letter From Chief Seattle to President Pierce, 1885
In 1851 the Suquamish and other Indian tribes around Washington's Puget Sound were faced with a proposed treaty which in part persuaded them to sell two million acres of land for $150,000. Chief Seattle of the Suquamish tribe was a very spiritual and articulate man. If he gave a speech on that occasion, it might well have sounded like this:
How can you buy or sell the sky, the warmth of the land? The idea is strange to us. If we do not own the freshness of the air and sparkle of the water, how can you buy them?
Every part of this earth is sacred to my people.
Every shining pine needle, every sandy shore, every mist in the dark woods, every clearing and humming insect is holy in the memory and experience of my people. The sap which courses through the trees carries the memories of the red man.
The white man's dead forget the countryof their birth when they go to walk among the stars. Our dead never forget this beautiful earth, for it is the mother of the red man.
We are part of the earth and it is part of us.
The perfumed flowers are our sisters; the deer, the horse, the great eagle, these are our brothers.
The rocky crests, the juices in the meadows, the body heat of the pony, and man--all belong to the same family.
So, when the Great Chief in Washington sends word that he wishes to buy land, he asks much of us. The Great Chief sends word he will reserve us a place so that we can live comfortably to ourselves.
He will be our father and we will be his children. So we will consider your offer to buy our land.
But it will not be easy. For this land is sacred to us.
This shining water that moves in the streams and rivers is not just water but the blood of our ancestors.
If we sell you land, you must remember that it is sacred, and you must teach your children that it is sacred and that each ghostly reflection in the clear water of the lakes tells of events and memories in the life of my people.
The water's murmur is the voice of my father's father.
The rivers are our brothers, they quench our thirst. The rivers carry our canoes, and feed our children. If we sell you our land, you must remember, and teach your children, that the rivers are our brothers, and yours, and you must henceforth give the rivers the kindness you would give any brother.
We know that the white man does not understand our ways. One portion of land is the same to him as the next, for he is a stranger who comes in the night and takes from the land whatever he needs.
The earth is not his brother, but his enemy, and when he has conquered it, he moves on.
He leaves his father's graves behind, and he does not care.
He kidnaps the earth from his children, and he does not care.
His father's grave, and his children's birthright, are forgotten. He treats his mother, the earth, and his brother, the sky, as things to be bought, plundered, sold like sheep or bright beads.
His appetite will devour the earth and leave behind only a desert.
I do not know. Our ways are different from your ways.
The sight of your cities pains the eyes of the red man. But perhaps it is because the red man is a savage and does not understand.
There is no quiet place in the white man's cities. No place to hear the unfurling of leaves in spring, or the rustle of an insect's wings.
But perhaps it isbecause I am a savage and do not understand.
The clatter onlyseems to insult the ears. And what is there to life if a man cannot hear the lonely cry of the whippoorwill or the arguments of the frogs around a pond at night? I am a red man and do not understand.
The Indian prefers the soft sound of the wind darting over the face of a pond, and the smell of the wind itself, cleaned by a midday rain, or scented with the pinion pine.
The air is precious to the red man, for all things share the same breath--the beast, the tree, the man, they all share the same breath.
The white man does not seem to notice the air he breathes.
Like a man dying for many days, he is numb to the stench.
But if we sell you our land, you must remember that the air is precious to us, that the air shares its spirit with all the life it supports. The wind that gave our grandfather his first breath also receives his last sigh.
And if we sell you our land, you must keep it apart and sacred, as a place where even the white man can go to taste the wind that is sweetened by the meadow's flowers.
So we will consider your offer to buy our land. If we decide to accept, I will make one condition: The white man must treat the beasts of this land as his brothers.
I am a savage and I do not understand any other way.
I've seen a thousand rotting buffaloes on the prairie, left by the white man who shot them from a passing train.
I am a savage and I do not understand how the smoking iron horse can be more important than the buffalo that we kill only to stay alive.
What is man without the beasts? If all the beasts were gone, man would die from a great loneliness of spirit.
For whatever happens to the beasts, soon happens to man. All things are connected.
You must teach your children that the ground beneath their feet is the ashes of your grandfathers. So that they will respect the land, tell your children that the earth is rich with the lives of our kin.
Teach your children what we have taught our children, that the earth is our mother.
Whatever befalls the earth befalls the sons of the earth. If men spit upon the ground, they spit upon themselves.
This we know: The earth does not belong to man; man belongs to the earth. This we know.
All things are connected like the blood which unites one family. All things are connected.
Whatever befalls the earth befalls the sons of the earth.
Man did not weave the web of life: he is merely a strand in it.
Whatever he does to the web, he does to himself.
Even the white man, whose God walks and talks with him as friend to friend, cannot be exempt from the common destiny.
We may be brothers after all.
We shall see.
One thing we know, which the white man may one day discover, our God is the same God. You may think now that you own Him as you wish to own our land; but you cannot. He is the God of man, and His compassion is equal for the red man and the white.
This earth is precious to Him, and to harm the earth is to heap contempt on its Creator.
The whites too shall pass; perhaps sooner than all other tribes. Contaminate your bed, and you will one night suffocate in your own waste.
But in your perishing you will shine brightly, fired by the strength of God who brought you to this land and for some special purpose gave you dominion over this land and over the red man.
That destiny is a mystery to us, for we do not understand when the buffalo are all slaughtered, the wild horses are tamed, the secret corners of the forest heavy with scent of many men, and the view of the ripe hills blotted by talking wires.
(http://www.culturabrasil.pro.br/seattle.htm
===
ANÚNCIO DE REPRODUÇÕES DE FOTOGRAFIAS DE AUTORIA DE EDWARD S. CURTIS
COLOCADAS À VENDA PARA QUE BEM POSSAMOS DECORAR NOSSOS INTERIORES
RESIDENCIAIS, HOTELEIROS, OS DE NOSSAS LOJAS COMERCIAIS, OS DAS SEDES
DE NOSSOS CLUBES CAMPESTRES/RECREATIVOS/DESPORTIVOS, AS PAREDES DE NOSSOS
SINDICATOS PROFISSIONAIS E CENTRAIS SINDICAIS, DAS SALAS DE ESPERA DE CONSULTÓRIOS
MÉDICOS E ODONTÓLOGICOS, DAS BIBLIOTECAS PÚBLICAS E ASSIM POR DIANTE
"North American Indian photographs
by Edward S. Curtis
Edward S. Curtis. From The North American Indian. Portfolio accompanying Volume 9. Seattle, 1913. Photogravures. Photographs copyrighted 1912, except as noted. Printed on Japanese Vellum; full sheets with deckle edges, ca. 22 x 18. Excellent condition.
Edward Sheriff Curtis began his career as a photographer at age seventeen in St. Paul Minnesota, moving two years later to Seattle, where he continued his profession. In 1895, he met and photographed Princess Angeline (Kikisoblu), a daughter of Chief Sealth or Seattle (Ts'ial-la-kum), after whom the city was named. This got Curtis interested in photographing Native Americans and he began to travel to record different tribal cultures. He soon developed the idea of documenting in a comprehensive publication North American tribes and began to seek funding. He received a letter of recommendation from Theodore Roosevelt, which led to his introduction to railroad magnate John Pierpoint Morgan, who committed to support the project. Curtis took to this project with enthusiasm, taking tens of thousands of photographs of 80 tribes. His intent was to document traditional Indian cultures, so he also recorded information on the languages, customs, and dress of the tribes and wrote biographical sketches of many of the tribal leaders.
The resulting publication, The North American Indian, was published between 1907 and 1930 and it consisted of 20 volumes with accompanying portfolios containing over 2,200 photogravures after his photographs. Each plate was hand inked and run through a press. Most sets were printed on a high grade "Holland" paper, though a few sets were printed on Japanese-made vellum and some on thin Japanese tissue-paper. A complete set of the portfolio eventually had 2,234 photogravures. The series was very expensive and did not sell that well, with only 272 of the proposed 500 sets issued.
The following prints come from the portfolio accompanying Volume 9, The Salishan tribes of the coast. The Chimakum and the Quilliute. The Willapa. These feature Indian tribes from the Northwest and Puget Sound. These are from the rare edition printed on Japanese vellum.
- 294. "Quinault Female Type." 15 1/2 x 11 7/8. $950
- 295. "Quinault Female Profile." 15 3/4 x 10 1/4. $950
- 298. "Hleástûnûh-Skokomish." 15 1/2 x 10 1/4. $950
- 299. "Tsátsalatsa-Skokomish." 15 1/2 x 10 1/4. $950
- 300. "A Chief's Daughter-Skokomish." 15 1/4 x 11 3/4. $1,300
- 301. "A Mat House-Skokomish." 11 7/8 x 15 1/2. $1,400
- 303. "Qulcene Boy." 15 3/8 x 11 3/4. $900
- 304. Lélehalt-Quilcene." 15 1/4 x 10 1/4. $1,200
- 306. "Suquamish Girl." 15 3/8 x 8 3/4. $950
- 309. "Puget Sound Baskets." 11 3/4 x 15 3/8. $1,200
- 310. "Basket Maker." (Puget Sound) 11 1/2 x 15 1/4. $1,400
- 312. "Evening on Puget Sound." 11 3/4 x 15 3/8. Copyright, 1899. $1,600
- 315. "The Tule Gather." 11 3/4 x 15 1/4. Copyright, 1910. $1,400
- 318. "Homeward." 11 1/2 x 15 1/4. Copyright, 1899. $1,600
- 319. "Snoqualmu Type." 15 1/8 x 8 3/4. Copyright, 1901. $950
- 320. "Lummi Type." 14 3/4 x 10 3/8. Copyright, 1899. $950
- 321. "Lummi Woman." 15 3/8 x 8 3/4. Copyright, 1899. $950
- 324. "Spearing Salmon-Cowichan." 15 1/4 x 11. $1,800
- 326. "Masked Dancer-Cowichan." 15 1/4 x 10 3/4. $2,600
- 327. "Cowichan River." 15 x 11 1/2. $950"
(http://www.philaprintshop.com/ecurtis.html)
COMPRE FOTOS DE DIGNOS INDÍGENAS DA AMÉRICA DO NORTE E DE OUTROS
CONTINENTES, PARA A MELHOR DECORAÇÃO DE INTERIORES DE SUA CASA URBANA,
CAMPESTRE, FLORESTAL - OU ATÉ MESMO FLUTUANTE-FLUVIAL!
===
SINOPSE DA PELÍCULA DE FICÇÃO (BASEADA EM FATOS VERDADEIRAMENTE
ACONTECIDOS NO MUNDO DA EXPERIÊNCIA) EM LONGA-METRAGEM A MISSÃO
"Filmes
A MISSÃO
TÍTULO DO FILME: A MISSÃO (The Mission, ING 1986)
DIREÇÃO: Roland Joffé
ELENCO: Robert de Niro, Jeremy Irons, Lian Neeson, 121 min., Flashstar
RESUMO
No século XVIII, na América do Sul, um violento mercador de escravos indígenas, arrependido pelo assassinato de seu irmão, realiza uma auto-penitência e acaba se convertendo como missionário jesuíta em Sete Povos das Missões, região da América do Sul reivindicada por portugueses e espanhóis, e que será palco das "Guerras Guaraníticas.
Palma de Ouro em Cannes e Oscar de fotografia.
CONTEXTO HISTÓRICO
Ao longo dos séculos XVI e XVII várias missões católicas foram criadas pelos jesuítas na América do Sul. Surgidas no século XIII, com as ordens mendicantes, esse trabalho de evangelização e catequese, desenvolveu-se principalmente nos séculos XV e XVI, no contexto da expansão marítima européia.
Embora tivessem como objetivo a difusão da fé e a conversão dos nativos, as missões acabaram como mais um instrumento do colonialismo, onde em troca do apoio político da Igreja, o Estado se responsabilizava pelo envio e manutenção dos missionários, pela construção de igrejas, além da proteção aos cristãos. Na análise de Darcy Ribeiro em "As Américas e a Civilização", as missões caracterizaram-se como "a tentativa mais bem sucedida da Igreja Católica para cristianizar e assegurar um refúgio às populações indígenas, ameaçadas de absorção ou escravização pelos diversos núcleos de descendentes de povoadores europeus, para organizá-las em novas bases, capazes de garantir sua subsistência e seu progresso".
Durante o século XVIII o movimento missionário enfrentou problemas na América do Sul, em áreas de litígio entre o colonialismo espanhol e português. No sul do Brasil, a população indígena dos Sete Povos das Missões, foi submetida pelo Tratado de Madrid (1750), um dos principais "tratados de limites" assinados por Portugal e Espanha para definir as áreas colonizadas.
Pelo Tratado de Madrid, ficava estabelecida a transferência dos nativos para margem ocidental do rio Uruguai, o que representaria para os guaranis a destruição do trabalho de muitas gerações e a deportação de mais de 30 mil pessoas. A decisão foi tomada em comum acordo entre Portugal, Espanha e a própria Igreja Católica, que enviou emissários para impor a obediência aos nativos. Os jesuítas ficaram numa situação delicadíssima, pois se apoiassem os indígenas seriam considerados rebeldes, e se contrário, perderiam a confiança deles. Alguns permaneceram ao lado da coroa, mas outros, como o padre Lourenço Balda da missão de São Miguel, deram todo apoio aos nativos, organizando a resistência desses índios à ocupação de suas terras e à escravização. Dá-se o nome de "Guerras Guaraníticas" para esse verdadeiro massacre dos nativos e seus amigos jesuítas por soldados de Portugal e Espanha. Apesar da absurda inferioridade militar, a resistência indígena estendeu-se até 1767, graças as táticas desenvolvidas e as lideranças de Sépé Tirayu [SEPÉ TIARAJU] e Nicolau Languiru [NICOLAU NEENGUIRU].
No final do século XVIII, os índios já tinham sido dispersados, escravizados, ou ainda estavam refugiados, na tentativa de restabelecer a vida tribal, que os caracterizava antes das missões".
(http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=107)
VEJA AS FOTOS, POR Germano Schüür,
DAS RUÍNAS DA ANTIGA REDUÇÃO
JESUÍTICO-GUARANI DE SÃO MIGUEL
ARCANJO, no atualmente Município de
São Miguel das Missões, Rio Grande
do Sul (Brasil), onde a cada noite é
apresentado grandioso espetáculo de som e
luz, que vem encantando os turistas que têm
a sorte de poder pisar no solo sobre o qual
o pensador francês Voltaire considerou
que aconteceu O TRIUNFO DA CIVILIZAÇÃO,
triunfo esse enterrado pelo Tratado de Madri,
de 1750:
http://www.panoramio.com/photo/19184153
VISITE SÃO MIGUEL DAS MISSÕES-RS [não
se esqueça de visitar também a fonte
missioneira, que fica na mesma cidade,
mas não no no mesmo sítio arqueológico onde
estão as ruínas de grande catedral missioneira
e o seu impressonante museu!], COMO TAMBÉM
AS OUTRAS CIDADES GAÚCHAS CUJAS RUÍNAS SÃO
PROTEGIDAS PELO IPHAN (INSTITUTO DO PATRIMÔNIO
HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL, do Ministério da
Cultura do Brasil) E, SE PUDER, CONHEÇA TAMBÉM
A REGIÃO MISSIONEIRA DA ARGENTINA E DO PARAGUAI!
===
Enquanto isso, no Extremo Norte do Brasil...
A REVOLTA DE AJURICABA ACONTECEU ANTES
DO PERÍODO DENOMINADO POMBALINO
COMO SE SABE, COLABOROU NO SENTIDO DE QUE
FOSSE ASSINADO O ABOMINÁVEL TRATADO DE MADRI O
MARQUÊS DE POMBAL, QUE ERA FIGURA MUITO INFLUENTE
NA CORTE LISBOA EM MEADOS DO SÉCULO XVIII. OCORRE QUE -
já que, acima, foi citado o líder guerreiro AJURICABA - A REVOLTA
DE AJURICABA FOI ANTERIOR À ÉPOCA POMBALINA. ISSO SIGNIFICA
QUE A UM PERÍODO TREMENDAMENTE LESIVO AOS INTERESSES
DOS POVOS AUTÓCTONES DA AMAZÔNIA ANTECEDEU UMA POLÍTICA
LUSA NÃO MENOS GENOCIDA, COMO SE PROCURARÁ MOSTRAR A SEGUIR.
JOÃO MEIRELLES FILHO (João Carlos de Souza Meirelles Filho), EM SEU
O Livro de Ouro da Amazônia – Mitos e verdades sobre a região mais
cobiçada do planeta – que, aliás, está disponível, na Internet, em BOOKS-
GOOGLE-PONTO-COM, mas nem todas as páginas da obra ali podem ser lidas
FAZ MENÇÃO AO FATO DE A MATANÇA DE MAIS DE VINTE MIL ÍNDIOS LIDERADOS
POR AJURICABA TER ACONTECIDO ANTERIORMENTE AO PERÍODO POMBALINO,
COMO SE PODE LER NO TRECHO DE J. MEIRELLES FILHO A SEGUIR TRANSCRITO
AOS AMÁVEIS LEITORES DA COLUNA "Recontando...":
"(...) O período Pombal
O período Pombal significa mudanças radicais na Amazônia. Apressam-se o povoamento e a demarcação de fronteiras para garantir a efetiva posse do território conquistado pelos portugueses nos tratados e aumenta a intolerância portuguesa perante as nações indívena. Uma das principais consequências da novas medidas, com a inexistência dos missionários para barrar a cobiça por mão-de-obra indígena pelos agricultores portugueses, é o significativo crescimento da escravização.
Entre os momentos críticos, anteriores à era pombalina, está, em 1727, a revolta do tuxaua Ajuricaba, em Rio Negro, que reúne diversas nações para resistir aos portugueses. O confronto resulta no massacre de mais de 20 mil índios de forma violenta.
As antigas missões são transformadas em vilas e emancipadas. A língua portuguesa é imposta, em substituição ao nhengatu, ou língua geral (composta principalmente do tupi), elo entre as dezenas de línguas dos povos indígenas e o colonizador português. A ordem é clara: todos os nomes indigenas de aldeias devem ser mudados para nomes de vilas portugueses! (...)" (pp.120 - 121).