A cápsula do tempo

 Jornais e moedas do século XIX encontrados em maio durante escavações para as obras na zona portuária, dentro de uma caixa no porto do Rio de Janeiro foram restaurados pela Biblioteca Nacional (BN) e o material estará exposto em um novo espaço cultural. A caixa de madeira revestida internamente de chumbo foi apelidada de “cápsula do tempo” e teria sido colocada dentro da pedra fundamental das Docas de D. Pedro II, com jornais e moedas da época da obra, precisamente, do dia 15 de setembro de 1871. 

Segundo Fernando Amaro, chefe do Laboratório de Restauração da BN, o conteúdo estava bastante prejudicado quando foi encontrado. “Tinha uma maçaroca de papel dentro”, conta ele completando que, por causa de uma vedação inadequada, entrou muita água na caixa, danificando os papéis, que ficaram duas semanas em processo de secagem, depois enviado para São Paulo, no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), para ser esterilizado por radiação e só então retornou à BN, para o trabalho de identificação e recuperação dos materiais.

 

Amaro acredita que muitos outros artefatos ainda serão encontrados na região, pois as obras no porto devem se estender por mais dez anos, mas ele diz que não crê que existam outros objetos tão importantes quanto a pedra fundamental e a “cápsula do tempo”.

Quebra Cabeças – Os restauradores descobriram que os papéis eram jornais do dia do lançamento da pedra fundamental: edições do Diário Oficial do Império do Brasil, Jornal do Commercio e A Reforma e a reorganização foi possível, porque a Biblioteca tinha as três edições em seu acervo. Infelizmente, boa parte do material se perdeu devido aos danos. “Foi um trabalho de montar quebra-cabeça. E também tivemos uma surpresa. Dentro dos jornais havia nove moedas, de bronze, prata, cobre e ouro. Somente a de ouro estava em bom estado”, lembra Amaro.

 

Segundo Washington Fajardo, subsecretário municipal de Patrimônio Cultural, a prefeitura do Rio de Janeiro pretende expor este e outros achados arqueológicos em um novo espaço público a ser instalado na zona portuária, provavelmente localizado em um dos galpões da Gamboa. “Não será um museu comum, mas um laboratório aberto de arqueologia. Um local de guarda, manejo e exibição de achados arqueológicos”, conta.

 

Segundo Fajardo, falta definir o local para abrigar o acervo, que inclui desde obras de arte a canhões. “A quantidade de objetos é impressionante. Precisamos de um local grande. Imagino que tenhamos essa definição até o final do ano, e que até o meio de 2013 já esteja funcionando”, afirma. “Essas descobertas têm sido feitas só com as obras nas ruas. Imagina quando começarem a construir os prédios”, completa animado.

 

(Com informações da Revista de História da BN)