A BESTA NÃO DESISTE
Por Jose Ribamar Garcia Em: 12/11/2016, às 15H02
A BESTA NÃO DESISTE
Tudo começou em março de 2014. Agentes da Polícia Federal e do Ministério Publico Federal de Curitiba descobriram que doleiros dessa cidade usavam uma rede de postos de combustíveis, inclusive um de Brasília para encobrir e lavar o dinheiro roubado da Petrobrás. Daí o nome da operação ser Lava Jato. A roubalheira ultrapassou a casa de bilhões de reais. E aconteceu com aval e cumplicidade dos governos petistas. Não fossem a dedicação e competência desses agentes a roubalheira, que se transformou no maior escândalo de corrupção da história do País, não teria vindo à tona. Escândalo que envolveu, os grandes empreiteiros, agentes públicos, deputados federais, senadores, ministros e o último ex-presidente da República.
Os processos criminais oriundos dessas investigações foram distribuídos para a 13ª Vara Federal de Curitiba, conduzida pelo juiz federal Sérgio Moro, porque os doleiros investigados residiam e cometeram o crime nessa cidade.
Quanto aos políticos envolvidos ( deputados federais, senadores e ministros), por gozarem dessa excrescência e antidemocrática figura chamada de "foro privilegiado", tiveram seus nomes enviados para o Supremo Tribunal Federal (STF) para investigações e as devidas ações penais. Que, até agora, após dois anos e meses, não produziu qualquer resultado efetivo. Ou seja: ninguém foi julgado. E nesse sentido, os precedentes não são alvissareiros.
Pois, segundo levantamento feito pelo jornal "Folha de São Paulo", edição de 6/11/16, constam naquela Corte 84 ações penais que "tramitam, em média, há sete anos e oito meses sem conclusão." Dentre elas uma contra o deputado Paulo Maluf, que, pasmem, corre secretamente há quase dez anos. (Acusado de desvio de quase um bilhão de reais da prefeitura de São Paulo). Injustificável essa demora. A propósito, no famigerado caso do Mensalão, o ministro Ricardo Levandowski reteve o processo por sete anos para proferir um parecer. SETE ANOS! Na ação penal contra o senador Renan Calheiros (acusado de usar um lobista da empreiteira Mendes Júnior para pagar suas despesas pessoais e as da jornalista Mônica Veloso, com quem teve uma filha), o mesmo ministro Levandowski "ficou dois anos e cinco meses com o processo na gaveta", segundo a revista "Veja", edição 2502. DOIS ANOS E CINCO MESES! Fato inadmissível. Algo surreal. A morosidade, como se sabe, só beneficia o bandido, que acaba contemplado pela prescrição. Nesse processo, Renan já conseguiu livrar-se da acusação de dois crimes, atingidos pela prescrição, e o terceiro está a caminho de ser prescrito.
Enquanto isso, o doutor Sérgio Moro, de março de 2014 até a presente data, isto é, em dois anos e meses, já prolatou 118 sentenças e condenou 74 assaltantes do dinheiro da Petrobrás, mandando para a cadeia os empreiteiros mais ricos do País e políticos poderosos da República. Afora, os quatro bilhões de reais que ele recuperou para os cofres da empresa - esta que os petistas chamavam de "nossa." Ainda chamam? É possível que sim, porque o cretinismo reside na mente deturpada desses elementos. Logo depois das primeiras prisões, o ex presidente Lula, no seu estilo cínico e demagógico, foi abraçar o prédio da sede da Petrobrás, na Av. Chile, no Rio de Janeiro, acompanhado de alguns bandoleiros, dizendo que a estava defendendo. Até quando esse moço continuará debochando da nação e surrupiando o País?
Fato é que o doutor Sérgio Moro, com inteligência, serenidade e equilíbrio, quebrou a secular tradição brasileira de que rico não vai para a cadeia. Provou que a lei é igual para todos. E mostrou que a Justiça pode ser célere e eficiente, desde que o magistrado atue com operosidade e eficácia.
Já tentaram de tudo para acabarem com a Lava Jato. Depois das ameaças físicas , procuraram desqualificar os agentes da Polícia federal, os representantes do Ministério Público Federal e o Juiz Sérgio Moro. Em vão. Agora, tentam boicotá-la através da criação de leis. No Congresso Nacional, uma organização criminosa formou uma bancada pluripartidária para aprovação de projeto de lei que, sob o pretexto, de coibir "abusos de autoridade", pretende limitar a atuação e independência do magistrado, dos procuradores e agentes policiais. Outro, que, sob o manto de criminalizar o Caixa Dois, visa anistiar os congressistas , que se utilizaram dessa bandalheira.
A Besta de sete cabeças não desiste.
Por isso, é preciso que o povo fique atento contra essas armadilhas. Que exija dos deputados e senadores do seu estado posicionamento contrário a esses projetos. E que vá às ruas denunciar essas falcatruas. É com vigília que se mantém a democracia.
José Ribamar Garcia , escritor - Email: Jrg@jrgadvogados. com. br.