15. A PANTERA 

 

 

O mundo estava mudado quando chegamos ao Rio. Mesmo assim, tomei todos os cuidados para não chamar muita atenção sobre nós, e acabamos saindo novamente do país.

Fomos para Frankfurt.

Ao chegarmos, recebidos no Aeroporto por um amigo que trabalhava há muitos anos naquele país e morava na pequena cidade de Walldorf.

Depois de alguns dias em Walldorf passamos para Frankfurt, na Mendelson Strass, no apartamento de outro amigo.

Mas foi quando recebi um recado vindo do Brasil de meu tio Carlos.

A carta de meu tio Carlos demorou quase um mês para chegar.

Meu tio dizia que precisava urgentemente falar comigo, pois estava sozinho no sítio.

Tio Carlos vivia há muitos anos no meio do mato nos arredores do Rio recluso como um eremita, acompanhado por uma governanta e um piano.

Solteiro, retirou-se e eu não o via há muito tempo.

Na carta ele me mandava o número do seu telefone (antes não tinha) e dizia que a governanta Antonia tinha falecido e que ele estava só, necessitando de minha orientação como único parente vivo de que ele se lembrava.

Tio Carlos tinha sido um advogado comunista ligado às causas sociais, era muito culto, falava vários idiomas, tinha uma biblioteca preciosa, e principalmente tocava piano.

Enfim eu consegui falar com meu tio pelo telefone.