TERNURA



A passagem do Tempo não modificou a paisagem.

Se as aparencias são outras, a atmosfera não se dissolveu.

As dançarinas chegavam à porta estreita do pequeno templo:
- vestidas com o sarong das baiaderas e algumas poucas joias.
Elas vinham, para ver a chegada do Rajá em seu magnifico Elefante.
E também com a esperança de serem escolhidas pelo principe.
Afinal, eram as Prostitutas Sagradas, as mulheres responsaveis por
todos os gozos dos homens

O Elefante, ricamente ajaezado, movia a tromba ao sentir o cheiro
vindo do Templo.
Um dia, numa hora, duzentos anos depois, ele, o Elefante, voltaria
ao templo.
Seus arreios de ouro, prata e vermelho, se transformaram em pinturas
pelo corpo.
Ele não veio buscar uma Prostituta Sagrada... veio ganhar a vida para o
seu dono, tirando moedas das cabeças dos turistas.
Uma das Prostitutas, também não vestia sarong nem tinha joias - ela
apenas, revestida de saudade, estendeu a mão para o Elefante e o
animal carinhosamente encostou a tromba em seu corpo e aspirou as
névoas da alma, que têm odor de ternura e saudade.