ODOR DE FEMEA 


   A Tigresa, com seus olhos de ágata, agachou-se na moita
   de junco, ao lado do rio.
   Do outro lado, prestes a saltar sobre ela, o macho murchou
   as orelhas e soltou um hurro abafado.
   O vento trouxe uma nuvem escura e de repente, parecia que
   um tufão tivesse modificado o mundo.
   Um odor de fêmea, como a passagem da manga madura
   no verão, espalhou-se naquela tarde onde o vento quente
   transformava a vida.
   Agora, não eram mais os olhos incendiados do macho tigre,
   mas os olhos negros de falcão que por detrás de uma das
   colunas do templo, fixavam a baiadera em seus requebros
   sensuais - e num salto, tendo nas garras de dedos magros
   e morenos, um punhal, ele saltou, para misturar o odor de
   fêmea com sangue; os magos de detrás das nuvens,
   iriam aproveitar a cor vermelha para eternisar o fogo,
   na chama eterna que se alimenta do incenso da fêmea,
   para sempre a próxima paixão.