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O Companheiro de Peter                  


 Foto de Fernando Herraez

Foi há muito tempo, muito tempo - André que se revestia de Mago e com grande
dificuldade, reuniu a sua volta os amigos que pode escolher.

André não tinha muita certeza de esses amigos eram os certos para o que ele
pretendia...

Eram rapazes sérios, todos com tendência a serem escritores: não haviam na
verdade, produzido nada que os consagrasse como escritores - mas - sempre
existiam poemas novos, pequenos contos.  André achava que o que ele sabia,
podia classifica-lo como Mago - pois os pretensos magos que conhecera, não
ficavam muito aquém dele em cultura esotérica; assim, se intitulou Mago.

Mas, por estranha coincidência, os rapazes que André escolhera, foram aos
poucos desaparecendo por doença, afastamento para outros lugares, só
restando junto de si, Peter - que trabalhava numa Companhia, com
Informática.

E assim André, pode dar mais atenção a Peter e conhece-lo melhor.
Era mesmo uma criatura extraordinária!
Peter, era mais mago do que ele.

Mas, Peter não usava os seus conhecimentos de esoterismo ou magia - Peter,
ele mesmo, era o mistério e a magia.
Peter palpitava em uma energia múltipla que de repente, as vezes até com o
passar de algum tempo realizava algo que só aí dava para perceber que era
justamente o “algo"  que esperava há tempos.

Havia uma coisa que Peter só confidenciara à André:  uma fera, como um
felino respondia aos complexos e o que Peter não conseguia realizar.

Ora em abater com dificuldade um animal, ora em vencer um cerco que poderia
levar a fera à captura por humanos - aquela energia dominada pela fera
descarregava Peter e as vezes, vencia por circunstancias agravos que ele
sofria - as pessoas começaram a teme-lo - era mais que notório que quem
ofendia Peter ou lhe armava alguma cilada,   cedo ou tarde era surpreendido
por algo que o reabilitava.

Era como se Peter tivesse duas cabeças.

Quando Peter começou a prestar atenção ao fato e percebeu a existência da
fera, começou a querer colocar cada um em seu devido lugar - aí,
atrapalhou-se.

Peter não sabia o quanto tinha de si na fera e o quanto tinha dela em si.

Recorreu à André que recuou apavorado diante daquela terrivel manifestação
oculta nas dobras do Cosmos e da fera que ele não se atrevia a enfrentar.

E se a fera morresse?

A energia continuaria a se manifestar e realizar.

E se Peter conseguisse se livrar daquela manifestação da qual ele com várias
encarnações humanas nunca se livrara?

André pousou suas mãos nas palmas das mãos de Peter e orou - orou de várias
maneiras recorreu a várias percepções da Divindade - olhou Peter que parecia
que ia sumindo e perdendo o controle de seu corpo - fornecendo à fera mais
combustão para a sua vida animal - então, segurando com força as mãos de
Peter, como se estivesse dando sua vida `a fera para devora-lo, satisfez a
fera para num descuido dela, tornar Peter somente com sua característica
humana - e mais alguns traços que o definiriam em sua arte de escritor.