O martyrio de Maiby, com a sua vida a escoar-se nas tigelinhas do seringueiro, seria ainda assim bem menor que o do Amazonas, offerecendo-se em pasto de uma industria que o exgota. A vingança do seringueiro, com intenção diversa, esculpira a imagem imponente e flagrante de sua sacrificadora exploração. Havia uma aureola de obração n’esse cadaver, que dir-se-ia representar, em miniatura, um crime maior, não commetido pelo Amor, n’um coração desvairado, mas pela Ambição collectiva de milhares d’almas, endoudecidas na cobiça universal. (41)

O romance Coronel de barranco também apresenta um caso de negociação da mulher, sendo que, desta vez, ela é uma mercadoria trazida pelo regatão. Este é um dos poucos romances da borracha em que o seringalista é solteiro e leva a vida a divertir-se com prostitutas estrangeiras nas viagens que faz a Manaus. As obras, em geral, apresentam seringalistas casados que aproveitam as viagens para aventuras extraconjugais. Cipriano, a personagem do seringalista, em Coronel de barranco, permanece sem mulher no barracão, até que recebe do regatão uma mercadoria que lhe custa um punhado de notas de quinhentos réis. A chegada dessa mercadoria é assim descrita pela personagem Matias: “[...] de braço dado com Cipriano vi a ‘encomenda’ chegando ao barracão, com chapéu de plumas, deixando pelo caminho forte odor de perfume francês, falando com um sotaque que me deu a impressão de ser eslavo”. (42)