O conto demonstra que uma mulher pode se tornar dispendiosa para um seringueiro. Sabino, a personagem que dá a mulher em pagamento da dívida, o faz porque apesar de querê-la em sua companhia para amenizar a solidão, tem a dívida em muito aumentada depois de se unir a ela. Uma vez que a dívida inviabiliza a sua liberdade, ele opta por se desfazer da mulher. “Maiby” atesta que no mundo do seringal, onde negociar mercadorias tem importância vital, a mulher torna-se também mercadoria. Quando não ocorre uma troca como a que é narrada no conto, a mulher é encomendada entre os itens dos aviamentos. (40)


O desfecho dado ao conto possibilita estabelecer a relação entre a mulher e a seringueira, uma vez que Maiby, a cabocla de propriedade do seringueiro Sabino e depois transferida ao seringueiro Sérgio, é unida à árvore num amplexo mortal. Sabino negocia a troca da mulher pelo débito, mas não consegue se resignar com a negociação e impulsionado pelo descontrole mental de não superar a perda da mulher, sacrifica-a, amarrando-a à árvore e extraindo seu sangue que é aparado em tigelinhas, tal como se apara o leite da seringueira. No conto, os significados da mulher e da seringueira para o seringueiro aproximam-se em vários pontos. Como a seringueira, a mulher não pertence ao seringueiro, é um bem do qual só pode usufruir quem sobre ele adquire direito. Maiby passa a ser propriedade de Sérgio porque ele possui condições de tê-la. A seringueira, por sua vez, pertence ao patrão que domina os meios de produção do seringal. Sabino tem a ilusão de que a seringueira lhe pertence porque é o extrator de sua riqueza, assim como ilude-se que a mulher lhe pertence quando de fato ela pertence a quem pode pagar por ela. As posses mal realizadas da seringueira e da mulher só podem ser compensadas com as mortes de ambas. Cortar a seringueira para extrair seu leite é uma forma de matá-la, sangrar a mulher até que se esvaia todo o seu sangue, também. A cena final expõe os dois seres mais explorados do seringal e é extensiva, como faz notar o narrador, do processo predatório da natureza como um todo.