Ela era mestiça de chinês
Por: Clarisse de Oliveira Em: 22/05/2009, às 10H54
Ela era mestiça de chinês.
Era morena pálida, olhos ligeiramente rasgados, boca pequena.
Não era bonita – mas também não era feia: tinha uma
peculiaridade: quando se enfeitava de acordo com seu tipo,
fascinava.
Havia um trecho cimentado no jardim de sua casa que já fora
Uma ornamentação : agora, em desuso.
A mestiça, em noites de Luar, dançava ali descalça – danças
Inventadas por ela, numa lascivia que só ela sabia
existir na Lua.
Um dia, a moça conheceu um rapaz no mercado das flores.
Ela jurou a si mesma que o conquistaria, que o seduziria.
Começou então a treinar uma dança em que ele estaria no
Centro da Lua
E ela o contemplando de baixo para cima, com as mão
estendidas para ele, os dedos abertos como as flores
desabrochadas, oferecia primeiro o encanto e só depois, humil-
Demente, a cabeça curva, apresentava a entrega de si
Mesma.
E um dia voltou ao mercado das flores.
Ele a viu – e teve a sensação de que contemplava a mais bela
Das flores – que lhe provocou o desejo de colar no seu centro
Os lábios ansiosos pela doçura do mel pegajoso, que os
espasmos do útero faziam expandir no Universo o poderio do
Chackra Muladhara, a haste do Lotus Universal.