Ela era mestiça de chinês.

Era morena pálida, olhos ligeiramente rasgados, boca pequena.

Não era bonita – mas também não era feia: tinha uma

peculiaridade: quando se enfeitava de acordo com seu tipo,

fascinava.

Havia um trecho cimentado no jardim de sua casa que já fora

Uma ornamentação : agora, em desuso.

A mestiça, em noites de Luar, dançava ali descalça – danças

Inventadas por ela, numa lascivia que só ela sabia

existir na Lua.

Um dia, a moça conheceu um rapaz no mercado das flores.

Ela jurou a si mesma que o conquistaria, que o seduziria.
 

Começou então a treinar uma dança em que ele estaria no

Centro da Lua

E ela o contemplando de baixo para cima, com as mão

estendidas para ele, os dedos abertos como as flores

desabrochadas, oferecia primeiro o encanto e só depois, humil-

Demente, a cabeça curva, apresentava a entrega de si

Mesma.

E um dia voltou ao mercado das flores.

Ele a viu – e teve a sensação de que contemplava a mais bela

Das flores – que lhe provocou o desejo de colar no seu centro

Os lábios ansiosos pela doçura do mel pegajoso, que os

espasmos do útero faziam expandir no Universo o poderio do

Chackra Muladhara, a haste do Lotus Universal.