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A fase áurea do ciclo foi caracterizada pela presença do capital internacional, notadamente inglês, nas capitais amazônicas. A comprovação de que os ingleses faziam a linha de frente na comercialização da borracha ostentava-se na instalação de uma agência do London Bank of South America em Manaus.

Alguns acontecimentos ocorridos a partir de 1850, como a criação da Província do Amazonas (1850), a introdução da navegação a vapor (1852) e o decreto imperial que abriu a navegação do rio Amazonas ao comércio estrangeiro (1871) já prenunciavam os anos de riqueza promovidos pela exploração da borracha. Segundo Daou, “[...] entre 1898 e 1900, a borracha foi responsável por 25,7% dos valores das exportações brasileiras, sendo superada apenas pelo café (52,7%) ”[1]

O ciclo ocasionou um processo de transformação urbana durante a segunda metade do século XIX nas capitais dos estados do Pará e do Amazonas. Esse processo configurou-se a partir do modelo de modernidade européia. No tocante à capital paraense, Sarges comenta:

 

Guardadas as devidas diferenças em relação às cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, a cidade de Belém do Pará, apresentaria, assim, a partir da segunda metade do século XIX, tentativas de adaptação aos modernos costumes europeus, num profundo contraste com a realidade amazônica, além das tensões sociais geradas por uma nova ordem social capitalista emergente.[2] 

 

            Sarges pondera que a iniciativa de modernização ocorrida na cidade de Belém decorria de uma exigência dos grupos que enriqueciam em função do comércio da borracha representados por seringalistas e comerciantes.



[1] Ana Maria DAOU, A belle époque amazônica,  p. 23.

[2] Maria de Nazaré SARGES, Belém: riquezas produzindo a belle-époque (1870-1912), p. 21.