LUCILENE GOMES LIMA

A escassez da mulher no seringal possibilita aos ficcionistas enfoques em permutas, violências sexuais contra mulheres de idade avançada ou meninas impúberes e ainda violência contra os companheiros de mulheres que são atacados e mortos por outros seringueiros desejosos de as possuírem. A ausência da mulher possibilita enfocar a prática do bestialismo, através do qual o seringueiro procura satisfazer o instinto sexual com fêmeas animais, entre elas a fêmea do boto e a égua.
A transferência da mulher de um seringueiro devedor para outro seringueiro é assunto do conto “Maiby”, contido no livro Inferno verde, de Alberto Rangel. Ao se iniciar o conto, o narrador esclarece que o pagamento de dívida tendo como objeto de quitação a mulher era negócio como outro qualquer no seringal: “[...] O Sabino devia ao patrão sete contos e duzentos, que a tanto montava a addição das parcellas de dividas de quatro annos atraz, e cedia a mulher a um outro freguez do seringal, o Sérgio, que por sua vez assumia a responsabilidade de saldar essa divida. O mais comum dos arranjos commerciaes, essa transferencia de debito, com o assentimento do credor, por saldo de contas”. (39)