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A CINZA DOS MORTOS NA VIDA 

  O vento da cidade de Madurai, no Sul da India, entrou no 
  Templo de Murunga, o Kartikeia, e dispersou as cinzas 
   Dos incensos. 

   Depois das fogueiras extintas, os corpos dos sacerdotes 
   E dos Mestres das Florestas, não eram mais que um monte 
   De cinzas. 
   Os sacerdotes dos Templos recolheram a poeira de seus 
    Corpos e levaram para os santuários de seus Templos. 

  Depois que cumprimentei Yanai (elefante), na varanda 
  Da entrada de Thiruparakundram, atravessei a nave que 
  Era eco do arrulhar dos pombos e dos guinchos dos morcegos: 
  Desci a escada de pedra quebrada e me vi diante do altar de 
  Ganesh.  O sacerdote me viu e sem atentar que eu nesta vida 
  Era uma ocidental, me apresentou a bandeja com as cinzas 
  Dos mortos: nela mergulhei os dedos de minha mão esquer- 
  Da e tracei na testa os tres traços simbolizando os tres mundos 
  De Shiva e ainda cortei sobre eles uma vertical como o Lingam 
  Sagrado - símbolo de Shiva. 
  Olhei admirada o sacerdote que fez um gesto quase impercep- 
  Tivel com a cabeça " de que estava bem" e voltou para o in- 
   Terior do Altar. 

  Sobre a pele viva da minha testa, eu calquei o corpo dos mor- 
  Tos e viví duas vezes a minha existencia - que no eco de um 
   Santuário é sempre um Eco dos que não sabem onde encon- 
  Trar o talo do Lotus Sagrado, simbolo do trono dos deuses.